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Economia

Por tradição, renda ou marketing, venda de chipa movimenta economia

Mariana Rodrigues | 19/07/2015 10:44
No bairro Tiradentes, local virou referência e clientes fazem fila para comprar. (Foto: Vanessa Tamires)
No bairro Tiradentes, local virou referência e clientes fazem fila para comprar. (Foto: Vanessa Tamires)

A venda de chipas tem crescido a cada dia em Campo Grande, produto de fácil aceitação, se tornou uma alternativa para quem quer ganhar dinheiro. Seja por tradição, complemento de renda ou necessidade, as vendas do tradicional salgado de origem paraguaia tem sido a opção que muita gente encontra para ganhar dinheiro. Na Capital, não é difícil encontrar uma chiparia e os preços são os mais variados, podendo ser encontrados desde R$ 1 até R$ 3.

Edson Monte Serrate, 32, é proprietário da garaparia e chiparia "Parada Obrigatória", no bairro Tiradentes, em Campo Grande. Ele foi o pioneiro nas vendas de chipa ao preço de R$1. Tudo começou no ano de 1999, quando ele abriu um trailer e vendia caldo de cana, tudo ia bem até que em 2003, a contaminação por doença de chagas nas plantações de cana-de-açúcar, fez com que suas vendas caíssem 80%. A solução foi pensar em algo para vender que fizesse com que as vendas voltassem ao normal.

Quatro meses após a crise, Edson teve a ideia de vender chipa para recuperar as vendas do caldo de cana, porém muita gente achou que não daria certo e que a combinação gastronômica não cairia bem, pois os dois alimentos são considerados pesados. Mas ele foi persistente e abriu a chiparia. "No início, como a demanda era pouca, eu assava em casa e levava para o trailer. Nessa época eu vendia 50 unidades de chipa", lembra.

Edson conta que as vendas cresceram de forma demorada e gradativa. Com uma freguesia maior, ele trocou o trailer por uma construção de alvenaria no mesmo ponto, consequentemente aumentou a demanda, e  hoje vende mais de 2.300 unidades por dia, sempre pelo mesmo preço. Ele comenta que consegue manter o valor porque a produção é própria e além de patrão, já que emprega cinco funcionários, também trabalha no local. "Com a demanda que eu tenho hoje eu teria que ter no mínimo 10 funcionários, por isso eu 'coloco a mão na massa' para poder economizar nessa parte".

Deusdete Costa, 64 anos, largou a profissão para vender chipa no Centro. (Foto: Marcos Ermínio)
Deusdete Costa, 64 anos, largou a profissão para vender chipa no Centro. (Foto: Marcos Ermínio)

Outra economia que faz é com relação aos produtos que compra para fazer a chipa. "Eu ganho na hora da compra dos produtos para preparar a chipa. Como compro em grandes quantidades e há muito tempo, consigo ter descontos nos produtos", diz.

Ele diz que se fosse começar a vender hoje, não teria condições de vender a R$ 1, pois não teria como lucrar com os comerciantes, já que o começo é difícil, pois a quantidade de produtos seria menor. "Quando comecei tinha que ir atrás dos fornecedores, e hoje eles que me procuram", afirma.

Informalidade - Mas, há aqueles que vendem a chipa por um preço mais alto, mas que devido a qualidade do produto consegue fidelizar seus clientes. É o caso de Deusdete Costa, 64 anos, que largou a profissão de padeiro para vender chipa na esquina da Rua 13 de Maio e 15 de Novembro, há oito anos. Cada chipa custa R$ 3, e por dia são vendidas 300 unidades, ele conta que o segredo do sucesso para continuar vendendo a esse preço, mesmo com tantos locais vendendo mais barato, é a qualidade do produto e a persistência no trabalho.

Padeiro há 46 anos, ele chegou a ser dono de uma padaria, mas diz que não se arrepende de ter fechado o comércio para vender chipas na rua. "Quando tinha minha padaria, tinha muitas despesas, pouco capital e não tinha apoio", explica ele, que acrescenta ainda que seus clientes não compram por causa do preço. "Meus clientes não compram pelo preço e sim pela qualidade e pelo bom atendimento".

Carlos Joel Fernandes, 53 anos, vende chipas no bairro Parati. (Foto: Vanessa Tamires)
Carlos Joel Fernandes, 53 anos, vende chipas no bairro Parati. (Foto: Vanessa Tamires)

Carlos Joel Fernandes, 53 anos, mora no bairro Piratininga, mas todos os dias se desloca de moto até a rua da Divisão, no bairro Parati, para vender suas chipas.

Ele começou a vender para ter um dinheiro extra, devido a dificuldade de encontrar trabalho de pedreiro, que é a sua profissão. A chipa é vendida a R$ 1, e ele diz que vende de 80 a 100 unidades por dia, mas a cada R$ 100 vendidos, R$ 40 são para cobrir despesas.

Mesmo a via onde faz suas vendas ter um fluxo intenso, ele diz que as pessoas quase não param ali, e para conseguir atrair mais clientes, ele pretende aumentar o tamanho da chipa e vender no Centro à R$ 2.

Marketing - Há quem viu no preço atrativo e na boa aceitação da chipa, uma forma para atrair clientes, o empresário Roberto Haddad, proprietário da Frios e Cia, na Avenida Júlio de Castilho, disse que sempre vendeu a chipa por R$ 1,99 e até R$ 2,99, mas que há um mês resolveu baixar para R$ 1, para aumentar o fluxo de clientes para na loja. "O empresário precisa usar a criatividade para atrair o cliente", comenta.

O preço promocional deu certo e o preço fez com que as vendas aumentassem. Mesmo seu objetivo não sendo a lucratividade, mas sim chamar a atenção do cliente para entrar em seu comércio, ele diz que pretende manter o valor. "Vamos manter o valor da chipa a R$ 1, devido a quantidade que estamos vendendo", diz.

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