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Economia

Preço da carne pode cair se produto for vendido à vista

Redação | 09/06/2009 14:54

O preço da carne ao consumidor final pode cair em Mato Grosso do Sul se os pecuaristas conseguirem vender a arroba à vista aos frigoríficos do Estado.

Campanha para conscientizar os produtores a vender o rebanho bovino somente à vista está sendo lançada pela Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), com o apoio de outras entidades, como Acrissul (Associação dos Criadores) e Sindicato Rural.

"A carne para o consumir final deve cair, estamos falando de deságio. Se o pecuarista consegue vender à vista, vende a arroba mais barata ao frigorífico e se isso for repassado, teremos carne mais barata", avaliou o presidente da Famasul, Ademar da Silva Júnior.

O presidente da Acrissul, Chico Maia, observou que o produtor rural perde cinco anos de trabalho quando mata o boi gordo, vende ao frigorífico a prazo, sem garantias, e não recebe o pagamento pelo produto.

"Quando um produtor mata um boi gordo, e não recebe, sofre um prejuízo de cinco anos de atividade. Aliás, a quebra de um dos maiores frigoríficos do Estado, serve de alerta para a situação de crise no setor", afirmou.

Na prática, desde o fim de outubro do ano passado, quando os reflexos da crise mundial começaram a abalar os setores econômicos nacionais, os pecuaristas foram envolvidos pelos problemas de recessão. O gado fornecido pelo produtor à indústria para abate não foi pago e uma série de pedidos de recuperação judicial de grupos frigoríficos começou a se espalhar pelo País.

Funcionários foram demitidos com a paralisação das atividades frigoríficas e credores não foram pagos. Para se ter uma idéia, só nos estados da região Centro-Oeste são mais de 40 indústrias paradas, com atividades encerradas ou em recuperação judicial.

Os pecuaristas do Estado reclamam que estão vendendo o gado a prazo, pagando juros altos e ainda por cima servindo de avalistas.

"Quem tem que financiar o frigorífico é o banco e não os pecuaristas. Queremos que os frigoríficos entendam que este tipo de relação comercial não pode continuar como sempre foi, até porque, em um outro momento, isso pode afetar o consumidor, então precisa haver esse respeito com o pecuarista", declarou Chico Maia, presidente da Acrissul.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande e presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Famasul, José Lemos Monteiro, de setembro/outubro de 2008 até o Carnaval de 2009, mais de 91 mil animais foram comercializados, e não foram pagos aos produtores. Um prejuízo estimado em mais de R$ 91 milhões.

Segundo Ademar da Silva Júnior, presidente da Famasul, a idéia é quebrar o paradigma de que o produtor rural é que precisa financiar o mercado.

"Todo pecuarista deve boicotar essas empresas que estão em recuperação judicial e não pagam os produtores, que eles vendam para quem está capitalizado e hora seus compromissos", disparou o presidente da entidade.

De acordo com ele, a decisão do lançamento da campanha foi tomada após reunião em Goiânia, no último dia 25 de maio. Os produtores começaram a restringir a oferta de animais e a indústria sentiu os reflexos do movimento em suas escalas de abate.

A campanha "Pecuarista, venda seu rebanho só à vista" é feita em parceria com a Faeg (Goiás) e Famato (Mato Grosso).

Outra proposta, defendida pelas três federações é a criação de um fundo garantidor da pecuária de corte.A viabilidade da proposta ainda vem sendo estudada, mas consiste na criação de um fundo que permita o pagamento de credores em casos de problemas com as indústrias, como vem ocorrendo atualmente.

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