ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 26º

Economia

Proprietários não abrem mão de lucro e casas à venda encalham na Capital

Caroline Maldonado | 08/02/2015 08:12
Placas de vende-se estão por todas as regiões da Capital (Foto: Marcelo Calazans)
Placas de vende-se estão por todas as regiões da Capital (Foto: Marcelo Calazans)

Demorou um ano, mas a autônoma Balbina Gonçalves Ferreira, 44 anos, conseguiu vender a casa no bairro Coophasul, abrindo mão de apenas R$ 2 mil do preço inicial. O vendedor não quer reduzir o preço, enquanto a oferta é grande e quem compra não deixa de pesquisar. É por isso que há placas de vende-se por todo lado, em bairros de todas as regiões da cidade, segundo o vice-presidente do Sindimóveis (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), Roberto Borgonha.

No caso da Balbina, a venda foi à vista, o que complicou ainda mais as negociações, pois o financiamento era a única opção da maioria dos interessados no imóvel, que saiu por R$ 168 mil. De acordo com Roberto, depois do superaquecimento no mercado, que os corretores chamam de “boom imobiliário”, os preços não voltaram ao normal, cada vez mais gente investiu em casas para vender e, agora, o que acontece é o desaquecimento do mercado e a tendência é que os preços voltem a baixar.

“Em 2013, teve o 'boom imobiliário', o mercado inflacionou e, hoje, os preços chegam a estar 20% acima do normal, por isso tem tantos imóveis. Além disso, o comprador está mais criterioso, porque ninguém sabe o dia de amanhã. Com essa crise, as pessoas não sabem se vão poder terminar de pagar”, comenta Roberto.

A situação, no entanto, tende a melhorar para quem está comprando, pois os preços devem baixar com tanta oferta e descontos de grandes imobiliárias, que investem em apartamentos, com financiamento pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

Canteirão de obras - Além do financiamento, que permite o pagamento em até 30 anos, a mobilidade é fator que motiva cada vez mais pessoas a investirem no setor, conforme o presidente do Secovi (Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul), Marcos Augusto Netto. “Campo Grande está um 'canteirão de obras' há sete anos, desde o 'boom imobiliário'. O comprador agora tem o poder por conta da oferta. Isso é sinônimo de que os preços estão equilibrados. Quem quer comprar, pode procurar com calma e achar melhores preços”, afirma o presidente da entidade.

Na avaliação de Marcos, o ano de 2010 foi o auge do “boom imobiliário”. “Foi o momento do vendedor”, destaca. De lá para cá, no entanto, o mercado vem desaquecendo, o que representa um cenário de normalidade e o momento é do comprador. A oferta, que parece em excesso, nada mais é do que um cenário equilibrado, segundo Marcos. Ele lembra que, em 2004, não havia financiamento como agora. Campo Grande não tinha comprador, então não tinha mercado.

“No mundo todo, ninguém compra à vista. Agora, com o Minha Casa, Minha Vida, dá para usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e os juros são de 4,5% ao ano, ou seja, embora o país esteja em situação difícil, os juros são bons. É bem inferior ao do cheque especial, por exemplo, que é de 4,5 ao mês e não ao ano. Além disso, a taxa de inadimplência no mercado imobiliário no Brasil é baixa, de 0,4% e Mato Grosso do Sul está nessa faixa também”, explica o corretor, citando o programa do governo, criado no governo Lula, que financia imóveis de até 170 mil, para pagamento em 30 anos e a taxa de desemprego, que está em 4,5%, no país, nível considerado bom.

As famílias, segundo Marcos, criaram confiança nos financiamentos imobiliários. Essa facilidade, aliada a certeza de poder pagar em parcelas suaves e a oferta que permite pesquisar e achar bons preços é tudo que o comprador precisa, na avaliação dele. “Hoje, fazemos simulação e a pessoa sabe a parcela que vai pagar do início ao fim do financiamento”, acrescenta o presidente do Secovi.

Nos siga no Google Notícias