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Economia

Salários baixos e falta de qualificação dificultam contratações no comércio

Liana Feitosa | 14/11/2014 17:23
Empresários reclamam da dificuldade para contratar temporários para final de ano. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Empresários reclamam da dificuldade para contratar temporários para final de ano. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Comerciantes de Campo Grande não conseguem contratar mão de obra para vendas. A constatação é do presidente do SEC/CG (Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande), Idelmar da Mota Lima. Para ele, os baixos salários oferecidos pelos empresários do setor gera recusa dos trabalhadores. O problema é que a baixa contratação, na visão dele, prejudica o principal período de vendas do ano, que são os dias que antecedem as festas de final de ano.

“Os empresários precisam se conscientizar de que os valores que estabelecemos na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) são pisos salariais, ou seja, o mínimo que o empregado deve ganhar. Eles (empresários) estabelecem esses valores como se fossem grandes atrativos e não são. Se não pagarem melhor, terão sempre dificuldade para suprir seus quadros de funcionários”, alega o sindicalista.

Muito trabalho x remuneração - A situação fica ainda pior quando considerada a reta final do ano, quando o aumento do movimento no comércio gera a necessidade de contratação de trabalhadores temporários. O setor de supermercados, de acordo com Idelmar, é o que mais enfrenta dificuldade para conseguir mão de obra.

“Esse negócio de trabalhar sábados, domingos e feriados sem uma boa remuneração não funciona mais. Os tempos são outros”, garante Idelmar. “Como um supermercado ou uma loja espera atrair e segurar funcionário para trabalhar 8 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados, pagando um piso de pouco mais de R$ 800? Se não pagarem bem, um piso e meio, dois ou mais, não terão como encontrar pessoal capacitado para o trabalho”, resume.

O problema é outro - Por outro lado, para o presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), João Carlos Polidoro, a questão salarial é o fator menos determinante na hora de contratar um profissional. "O salário é acordado na CCT, sem contar que, no caso do comércio, ele é variável porque existe comissão e alguns outros benefícios. O problema maior é a qualificação", argumenta.

"Temos percebido que as pessoas que vão em busca das vagas não estão realmente preparadas, qualificadas, e elas precisam estar prontas para a função que vão desempenhar", completa Polidoro. Segundo ele, salários baixos são minoria no mercado. "Se a pessoa não está trabalhando é porque ela realmente não está qualificada", reforça.

Impostos - Além disso, os encargos cobrados dos empregadores pesam no bolso dos empresários, conforme Polidoro. "O salário pode ser baixo para o empregado que recebe, mas não é baixo para o empregador. Quando você paga mil reais em um salário, você paga mais R$ 1.060 em encargos, dependendo do regime tributário da empresa. Isso muitas vezes impede o empregador de oferecer salário maior", amplia.

"A gente também percebe uma falta de comprometimento do funcionário. A pessoa leva essa característica dela para o mercado profissional, aí não consegue ficar no emprego. Ela falta sem motivos, não se compromete, desiste", pontua.

Por isso, Polidoro classifica a qualificação profissional e o comprometimento como fatores fundamentais para a contratação de mão de obra. "O mercado precisa de pessoas qualificadas para atender, senão o cliente vai para outra loja. E se pessoa está qualificada, ela vai conseguir um trabalho melhor. Então, se o empregador não souber valorizar o profissional qualificado pagando bem, acaba perdendo o funcionário", finaliza.

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