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Economia

Superávit e investimentos colocam Sanesul entre 100 grandes empresas

Marco Antonio Brito | 01/09/2011 21:27

Revista Exame reconhece potencial da estatal que fechou 2010 com lucro de US$ 37 mi

José Carlos Barbosa mostra o quadro das obras em andamento e dos municípios onde a Sanesul está investindo em novos projetos. (Foto: João Garrigó)
José Carlos Barbosa mostra o quadro das obras em andamento e dos municípios onde a Sanesul está investindo em novos projetos. (Foto: João Garrigó)

A edição especial da Revista Exame, com as maiores e melhores empresas de 2011, traz entre os destaques deste ano a Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul). A estatal, que já amargou períodos de grandes déficits e falta de recursos para investimentos em obras e pagamento de funcionários, comemora uma verdadeira "reviravolta" financeira e estrutural. Apontada pela Exame como a 3ª maior e melhor empresa de Mato Grosso do Sul - atrás apenas da Enersul e da Copasul (empresa de tecelagem) - e 74ª empresa do Centro Oeste, a Sanesul fechou o ano de 2010 com um superávit financeiro da ordem de US$ 37 mi líquidos.

O resultado, segundo o presidente da empresa José Carlos Barbosa, surpreendeu. Mas o crescimento da Sanesul nos últimos 4 anos não é nenhuma novidade. Atuando em 68 municípíos e 55 distritos do Estado, a Sanesul chegou a ter prejuízos de até R$ 113 milhões, registrados em 1999. Entre o final deste ano até o final de 2006, o balanço financeiro da estatal oscilou entre déficits e pequenos lucros. Em 2004, por exemplo, o superátiv da empresa ficou em R$ 607 mil, para no ano seguinte cair drasticamente fechando 2005 com um déficit da ordem de R$ 5 milhões 552 mil.

"Comparado com as gestões anteriores tivemos um crescimento da ordem de 1.000%", comemora José Carlos Barbosa. O lucro da empresa, ressalta ele, subiu mais de 980% nos últimos quatros anos. "Viemos numa curva ascedente, que se consolidou a partir de 2008", destaca.

Classificação "Nivel A" - Todo esse bom desempenho teve reflexos mais do que positivos. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, classificou a empresa como "Nível A" entre seus principais tomadores de financiamento. A manutenção e o crescente superávit também possibilitaram à estatal manter em caixa recursos suficientes para investimentos próprios em obras de saneamento, além da disponibilidade de recursos para fazer contrapartida aos investimentos federais.

"Outro ponto que merece destaque", ressalta José Carlos Barbosa, "é a capacidade de endividamento". Empresas com capacidade de endividamento como a Sanesul, ou seja, com recursos para assumir financiamentos, têm maiores condições de contratar empréstimos para obras junto às instituições financeiras. "Quando não se tem superávit, é muito difícil conseguir investimentos", enfatiza o presidente da estatal.

O crescimento da empresa nos últimos 4 anos, também repercutiu junto às prefeituras dos municípios onde a Sanesul atua. Em mais de 30 cidades, onde os contratos de serviço já estavam vencidos ou próximos de vencer, as concessões foram renovadas e nos demais, as concessões estão em negociação. "No início, muitos prefeitos se mostraram resistentes, mas os resultados apresentados pela empresa ajudaram a reverter este quadro", destaca José Carlos Barbosa.

da primeira estação de tratamento de esgoto de Corumbá (ETE Olaria). Na cidade, onde a coleta e o tratamento de esgoto era 0% em 2007, até 2014 vai chegar a 85%. (Foto: Divulgação
da primeira estação de tratamento de esgoto de Corumbá (ETE Olaria). Na cidade, onde a coleta e o tratamento de esgoto era 0% em 2007, até 2014 vai chegar a 85%. (Foto: Divulgação

De todos os municípios do Estado, a Sanesul não tem concessão para exploração dos serviços de água e esgoto em apenas uma pequena parte deles: Campo Grande, Jaraguari, Rochedo, São Gabriel D’Oeste, Corguinho, Costa Rica e Bela Vista, onde a concessionária é outra, como a Águas Guariroba, na capital. Apesar disto e como reflexo do desempenho da empresa nos últimos anos, a Sanesul está executando serviços de instalação e ampliação da rede de esgoto em Bela Vista, a partir de uma parceria do Governo do Estado com a Prefeitura do Município.

Obras e investimentos - A Sanesul está presente em 10 regionais, em todo Estado, e em todas essas regionais vem executando obras de saneamento e dando início a projetos já aprovados. Nessas regionais, a implantação e ampliação da rede de esgoto e o principal objetivo. O Mato Grosso do Sul, segundo José Carlos Barbosa, possui "universalidade" no que se refere à implantação da rede de água, ou seja, a maioria da população é abastecida com água tratada e potável. O mesmo não ocorre em relação a rede esgoto.

"Esta é uma de nossas metas", garante José Carlos Barbosa. Em 2007, por exemplo, 10% da população do Estado, nas regiões atendidas pela Sanesul, contava com rede de esgoto. Em 2011, este índice subiu para mais de 33% da popualação e a meta é chegar em 2014 a 60%. "Para isto contamos muito com o apoio do Governo do Estado. Todo investimento e execução dos trabalhos depende muito da gestão do governo e também de um gestão interna séria, transparente e focada para resultados”, ressalta. Para José Carlos Barbosa, a gestão pública deve ter a mesma visão da gestão privada, focada em resultados, no desempenho e no lucro da empresa.

Ao todo, desde 2007, estão sendo investidos pela Sanesul, nos municípios atendidos pela empresa, R$ 420 milhões em recursos, sendo este o maior investimento em saneamento na história do Estado. Deste total, 61% são recursos próprios e do Governo do Estado, 69% estão sendo aplicados na implantação e ampliação das redes de esgoto e 31% vão para a rede de água (abastecimento).

Outros R$ 626 milhões, oriundos do PAC Funasa, já estão pré-aprovados. Mato Grosso do Sul teve 53 cidades pré-qualificadas para receber os investimentos, mas ainda falta a aprovação dos projetos - que já estão sendo concluídos pela Sanesul - para que os recursos sejam efetivamente liberados. "Neste momento, o apoio da bancada federal do Estado é muito importante para dar sustentabilidade e garantir a liberação desses recursos para o MS", destaca José Carlos Barbosa.

Ampliação da rede de esgoto - Parte da meta de ampliar a rede de esgoto no Estado - especificamente nas regionais atendidas pela estatal - está em quatro grandes cidades: Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas e Corumbá. Nessas localidades, segundo o presidente da Sanesul, a rede deverá atingir 85% da população. Em Porto Murtinho, o índice já é maior (quase 90%).

R$ 142 milhões estão sendo investidos nas obras, parte oriundos de recursos próprios da Sanesul e parte proveniente do PAC2 do Governo Federal. Em Corumbá, por exemplo, onde o saneamento ainda é considerado uma "situação problemática", devido ao crescimento populacional e expansão da cidade nos últimos anos, estão sendo investidos R$ 40 milhões apenas no sistema de água. Metade desses recursos (R$ 20 mi) são da Sanesul, através de financiamento junto a Caixa Econômica Federal, e a outra metade, do PAC.

A cidade está ganhando novos reservatórios, duplicação da adutora, ampliação do sistema de tratamento de água e esgoto e da rede de distribuição do abastecimento.

A preocupação com o tratamento do esgoto, para não poluir córregos, rios e nascentes nos municípios, é outra preocupação destacada pelo presidente da Sanesul. Em Corumbá, por exemplo, a empresa construiu duas grandes Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Só na atual gestão, foram 10 estações implantadas.

"Todo esgoto que passa pelos dutos implantados pela Sanesul é tratado. Não fazemos rede de esgoto sem ter a estação de tratamento", garante José Carlos Barbosa. O tratamento tem 90% de eficácia, permitindo que a água despejada nos rios chegue mais limpa.

Em mais de 30 municípios a Sanesul renovou as concessões de serviços. (Foto: João Garrigó)
Em mais de 30 municípios a Sanesul renovou as concessões de serviços. (Foto: João Garrigó)
"Um bom presidente deve deixar a empresa fluir", garante José Carlos Barbosa. (Foto: João Garrigó)
"Um bom presidente deve deixar a empresa fluir", garante José Carlos Barbosa. (Foto: João Garrigó)

Números da atual gestão - Além do superávit financeiro e do crescimento no volume de investimentos e de obras, outros números reforçam o bom desempenho da Sanesul nos últimos 4 anos. Um deles é o total de rede (de água e esgoto) instalada. Foram 1.821 quilômetros de rede em todos os municípios. O número de reservatórios também aumentou, com a construção de 49, além da reforma de 126 já existentes.

"No início da gestão me chocava a qualidade dos reservatórios em muitos municípios do Estado", conta José Carlos Barbosa. Na atual gestão, também foram perfurados 55 novos poços, melhorando o abastecimento nos municípios onde a interrupção nos serviços, por falta de água, era uma das maiores reclamações da população.

A atual gestão também reformou 20 de seus escritórios e construiu 6 novos. O número de hidrômetros instalados nas residências também aumentou. Foram 310 mil novos hidrômetros nos últimos 4 anos. “Isto possibilita não só um aumento na arrecadação como , principalmente, uma arrecadação mais justa”, destaca José Carlos.

A empresa também adquiriu novos softwares e equipamentos de apoio, com a modernização do sistema de leitura e emissão de contas. Hoje, os leitores (funcionários), utilizam palms para fazer a leitura nas residências. As informações colhidas, são transmitidas on-line e a conta é emitida no mesmo instante. “Isto reduz a possibilidade de fraudes e aumenta a segurança para o consumidor, que pode acompanhar a leitura, com rapidez e confiabilidade”, enfatiza o presidente.

Maquinários e novas moradias - Outros dois pontos destacados pelo presidente da Sanesual são os investimentos em novos maquinárioos e o atendimento às novas residências, entregues pelo Governo do Estado.

Ao longo dos últimos anos, o Estado construiu e entregou mais de 25 mil novas moradias para trabalhadores de baixa renda. Em todas elas, destaca José Carlos Barbosa, a Sanesul instalou rede de água, com recursos próprios da Empresa.

O número de máquinas (veículos) praticamente duplicou na atual gestão. 180 novos veículos, entre motocicletas, caminhões, utilitários e retroescavadeiras foram adquiridos nos últimos 4 anos. "Este número representa quase que a totalidade dos equipamentos que já existiam quando assumimos", diz José Carlos.

Investimentos no funcionalismo - Não foi sem só em bens móveis e imóveis que Sanesul expandiu ao longo da atual gestão. Os investimentos em funcionalismo também foram feitos. Um deles foi a implantação do Plano de Cargos e Carreiras, que permite melhores salários e a promoção de funcionários, a partir de critérios claros e objetivos. "Tudo é feito por meritocracia", destaca o presidente.

O pagamento dos salários também melhorou. Houve época, segundo José Carlos, em que os funcionários necessitavam fazem empréstimos para pagar suas contas e, muitas vezes, até negociar a redução dos salários para conseguir receber. Hoje, além do pagamento em dia, os funcionários ainda podem ganhar 110% do salário, como adicional, quando as regionais ou municípios onde eles trabalham atingem as metas estabelecidas pela Sanesul. O "prêmio" é pago em abril, para quem atinge a meta e nos últimos 4 anos, segundo José Carlos, muitas regionais têm se mantido acima dos 70%, do total estabelecido pela empresa.

A empresa também investiu em instrução e na motivação dos funcionários. “Era necessário agregar os funcionários. A participação deles no desempenho da empresa e no seu crescimento é fundamental”, destaca o presidente da Sanesul.

Muito por fazer - Apesar do bom desempenho nos últimos anos e dos resultados alcançados, os quais deram à empresa destaque entre a maiores e melhores da Revista Exame, José Carlos Barbosa acredita que ainda existe muito por fazer. "Precisamos atingir a universalidade da rede de esgoto, como já temos para a rede de água", destaca ele.

Além disto, enfatiza, “é preciso manter a continuidade de gestão. Não pode haver retrocesso”.

Para José Carlos Barbosa, que tem formação em Direito com Mestrado em Direito Constitucional, o resultado alcançado pela Sanesul não é um mérito pessoal. "É de toda a equipe", garante ele. Para o presidente, que já foi prefeito em Angélica aos 23 anos e professor em universidades, e que considerou difícil "no início" assumir um cargo técnico, a função de um bom presidente "não é atrapalhar, mas sim deixar a empresa fluir".

Estação de captação de água em Corumbá. (foto: Divulgação)
Estação de captação de água em Corumbá. (foto: Divulgação)
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