ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SÁBADO  20    CAMPO GRANDE 20º

Economia

Supermercado sofre com falta de mão de obra para cumprir "Lei dos Caixas"

Elverson Cardozo | 09/08/2013 16:30
Em dias de promoções, falta de caixas é problema na maioria dos supermercados. (Foto: Divulgação)
Em dias de promoções, falta de caixas é problema na maioria dos supermercados. (Foto: Divulgação)

A direção da Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados), juntamente com seus associados, vai realizar, nesta segunda-feira (12), uma reunião para discutir a legitimidade da Lei Estadual 4.395/2013, de autoria do deputado Marquinhos Trad (PMDB), que obriga proprietários de supermercados e hipermercados a manterem todos os caixas dos estabelecimentos funcionando em dias de promoção.

A presidência da entidade acredita que será difícil cumprir a determinação por falta efetivo e aumento dos custos. Sem apontar qual seria, então, a saída ideal para o problema, que gera constantes reclamações, a Amas surpreende ao anunciar que a alternativa, em curto prazo, pelo menos enquanto o ideal não acontece, seria o boicote por parte dos clientes. A outra opção é ingressar com ação na Justiça para derrubar a lei.

A sugestão é do atual presidente da Associação, Acelino de Souza Cristaldo, 48 anos, que declarou: “Os comerciantes tem que ser punidos pelos clientes dele. Tem fila? Não vai mais lá. Vai em outro lugar. O comerciante eficiente, preocupado com o cliente, não pode deixar fila. Agora, é certo fazer com que o comerciante, que tem uma loja funcionando 24 horas, tenha todos os caixas funcionando às 2h da manhã?

Ele alega que nem os supermercadistas, muito menos os responsáveis pela entidade, foram consultados para elaboração do projeto. A lei é inviável, segundo ele, porque as empresas “não tem como manter um efetivo de caixa funcionando”.

Se mantiver, explicou, a receita gerada pelo “benefício”, querendo ou não, será repassado aos consumidores, nos valores dos produtos, porque se trata de “custos a mais”. “Gostaríamos de manter, mas tem horas que a gente não tem clientes suficientes para isso. Vai gerar reflexo. Trabalhamos com custo”, disse, ao citar como exemplo os supermercados do interior, “que não tem 10 pessoas comprando”.

Acelino concorda que há problemas e que as reclamações não são por acaso, mas diz que uma lei como essa precisa ser discutida e analisada por quem, de fato, vivencia a situação, atua no mercado, literalmente.

“O que a gente questiona é o supermercado que abre às 10h e não precisa de 10 caixas funcionando nesse horário porque não tem clientes. Uma loja igual ao Comper, que funciona 24 horas, se tiver 50 caixas, vai ter de manter todos funcionando de madrugada? É um aumento do custo de mão de obra que, automaticamente, será repassado nos produtos. O comerciante é a ponta da cadeia”, ressaltou, mais uma vez.

Apesar das declarações, o presidente da Amas reconhece que o setor precisa melhorar. Ele diz que as filas não são boas para ninguém, mas a solução não poderia surgir assim, sem uma análise mais profunda. “Se tivéssemos sido consultados, se tivesse uma planilha de custos, se tivéssemos participado da elaboração, seria diferente, mas fogos pegos de surpresa. A Assembléia acertou isso, mas não chamou a gente para conversar”, argumentou.

Falta de mão de obra e rotatividade – O problema para o cumprimento da lei não é só pelo aumento de custos, disse o presidente, mas pela falta de mão de obra, apontada como principal fator de déficit pelos supermercadistas.

Levantamento da Associação releva que o setor, alvo do primeiro emprego, possui, atualmente, de 300 a 350 vagas abertas, mas não consegue preencher. As funções de operadores de caixa e atendentes de açougue registram as maiores carências.

Norma  prevê punição aos estabelecimentos que possuam seis ou mais caixas de pagamento, onde somente uma porcentagem atende aos clientes. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Norma prevê punição aos estabelecimentos que possuam seis ou mais caixas de pagamento, onde somente uma porcentagem atende aos clientes. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Estudo feito pelo Departamento de Pesquisa da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), em parceria com a consultoria Delloite, mostra que a demanda por trabalhadores tem gerado alto índice de rotatividade nos supermercados.

O índice chega a quase 50% para os cargos de operadores de caixa. Açougue e entregas aparecem com 25,5% e 13%. Na sequência estão os setores de frios/laticínios e padaria/confeitaria, ambos com 10,6%.

Hortifrúti tem margem de 9,3%; limpeza/manutenção aparece com 8,7%. Os demais setores somam, segundo a pesquisa, 9,3% de rotatividade. Segundo especialistas, quando o índice de uma empresa passa de 30%, o impacto desse problema é significativo e prejudicial.

Para o líder sindical da categoria, Adeilton Feliciano do Prado, o problema tende a se intensificar com os investimentos que estão sendo feitos neste segmento.

“Com a economia em expansão e a consequente multiplicidade de oportunidades de trabalho, o problema não é apenas de Campo Grande, mas é sentido em todo o Mato Grosso do Sul e em várias regiões do País. Os clientes reclamam das poucas pessoas para atender, as longas filas que se formam e também, por consequência, afetam as vendas. Hoje há um apagão da mão de obra no setor”, analisou.

Norma - A lei 4.395, que já está em vigor, prevê punição aos estabelecimentos que possuam seis ou mais caixas de pagamento, onde somente uma porcentagem atende aos clientes. O objetivo é evitar uma espera longa e desnecessária diante de caixas fechados e sem funcionários operando.

A norma também determina que supermercados e hipermercados afixem, em local e tamanho visíveis, cópia da lei, com o número 151 e a inscrição “disque-denúncia/Procon-MS”.

Nos siga no Google Notícias