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Economia

Usina de Naviraí suspende pagamentos a fornecedores

Redação | 18/11/2008 07:04

O grupo Infinity Bio Energy suspendeu os pagamentos aos produtores de cana, aos fornecedores e prestadores de serviço da Usina Navirai (Usinav). Uma carta comunicou a decisão aos interessados, com a previsão de não haver qualquer pagamento ou renegociação dos débitos, antes de abril de 2009. Eles não querem falar para a imprensa, temendo possível represália, mas confirmaram o recebimento das cartas. O valor total das dívidas é um mistério, mas pode estar entre R$ 10 milhões a R$ 100 milhões.

A medida tomada pelo grupo Infinity deixou apreensão entre os comerciantes da cidade. Embora a justificativa seja a crise de mercado mundial, alguns prejudicados, disseram que em abril deste ano, também tinha havido problemas semelhantes, que foram contornados.

Somente entre os dias 30 de outubro e cinco de novembro, mais de 100 títulos foram protestados. O montante dos títulos protestados representaria valores estimados por analistas financeiros, entre R$ 1 milhão a R$ 2,5 milhões. No início do ano, as dívidas foram saldadas, o que evitou que algum credor pudesse questionar as intenções do grupo multinacional ou até mesmo ingressasse na justiça com pedido de falência.

Não há entre os fornecedores e prestadores de serviços a dúvida quanto a capacidade de pagamento do grupo Infinity, mas eles não conseguem entender porque está havendo a suspensão dos pagamentos. Há credores locais que tem títulos protestados com valores que variam de R$ 1 mil a R$ 25 mil, alguns títulos referentes a aquisição de volumes pequenos (como algumas roupas e objetos de uso pessoal) e outros maiores, como o de uma montadora, que em um único título, quer o pagamento de R$ 114,6 mil, o de uma empresa que trabalha com tubos, que só em uma nota teria R$ 86 mil e uma de materiais elétricos que teria R$ 124 mil a receber.

Os fornecedores teriam a receber o pagamento por toneladas de cana, que em média daria algo próximo a R$ 32 a tonelada. Ainda não se tem o montante a ser pago, mas é bom lembrar que em Naviraí e Itaquiraí são 23 mil hectares de plantio de cana-de-açúcar, com rendimento médio estimado em 80 toneladas por hectare.

Entre os produtores com dinheiro a receber estariam antigos cooperados da antiga Coopernavi, como Batista Moretto (agora um os acionistas), o atual prefeito Zelmo de Brida e Antonito Pires de Souza, entre outros. Se houver a multiplicação dos números, o giro de dinheiro, só com os pagamentos pela cana, durante a safra, poderia chegar ao teto aproximado de R$ 5,9 milhões.

Algumas dezenas de empresas que ratearam os serviços de empreitas da expansão da planta industrial também têm muito dinheiro a receber, mas ainda não teriam ido ao Cartório de Protestos. O Correio do Estado apurou que o investimento teria sido superior a R$ 90 milhões e que só uma montadora de usina, cujo dono nem quis conversar com a reportagem, teria um saldo a receber superior a R$ 5 milhões.

Se os possíveis reclamantes de dívidas a receber não querem falar sobre o assunto, imagina então os que deveriam pagar. Foi o que aconteceu com a diretoria do grupo Infinity e da assessoria de imprensa, que desde sexta-feira, não deram retorno ao e-mail aos questionamentos do Correio do Estado e do Sulnews, quanto a valores, pagamentos e intenção futura do grupo investidor multinacional em relação à Usinav.

Foi apurado em cartórios e na Junta Comercial que a Usinav adquiriu a antiga usina da Coopernavi por R$ 240 milhões. Atualmente há o plantio de 25 mil hectares de cana. Esta quantia permite a produção de 80 milhões de litros de álcool e três milhões de sacas de 50 quilos de açúcar por safra. Na safra 2005/2006 a Coopernavi moeu 1,8 milhão de toneladas. Com mix de produção de 50% para açúcar e 50% para álcool. No pico da safra são empregados mais de 2,5 mil empregados.

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