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Economia

Valorização do dólar vai afetar da agricultura e pecuária à ceia de Natal

Marta Ferreira | 23/09/2011 15:54

No setor rural, alta da moeda veio em boa época para os produtores de soja, que começam cultivo em outubro

Compras de produtos importados vão pesar mais no bolso por causa da alta do dólar. (Foto: Divulgação)
Compras de produtos importados vão pesar mais no bolso por causa da alta do dólar. (Foto: Divulgação)

Para os produtores de soja de Mato Grosso do Sul, vai ser bom. Para quem quer ter uma ceia com frutas, castanhas e vinhos importados, vai ser ruim. O reflexo da alta do dólar nos últimos vai afetar vários setores, cada um de uma forma, já que ela é a moeda que baliza o comportamento da economia mundial.

“Quem exporta terá melhores condições de rentabilidade. Quem depende da importação, vai sofrer um pouco”, resume economista

Tiago Queiroz. A conta é simples, com o dólar valorizado, os produtos vendidos para fora remuneram mais na moeda brasileira. No sentido oposto, produtos vindos de fora ou com componentes importados ficarão mais caros.

É o que vão sentir na chegada das faturas os consumidores que cruzam a fronteira para fazer compras no Paraguai, por exemplo. “As faturas fechadas depois da alta virão com valores maiores, porque o que conta é o preço desse dia e não o da compra”. Ou seja, a economia da viagem à fronteira não vai ser tão grande.

O que é vai significar gasto maior para alguns, para os produtores de soja veio em uma boa época. Eles começam a cultivar a safra de Verão em outubro e, como o produto tem a exportação como destino principal, estão otimistas com uma maior rentabilidade, após um ano ruim, por causa das questões climáticas.

O assessor técnico da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Lucas Galvan, comenta que os insumos usados na lavoura, que ficam mais caros quando o dólar sobe, já foram comprados, com preço menor, outro fator que torna a valorização do dólar ainda mais vantajosa.

A cotação do grão já aumentou. Hoje, está entre R$ 44 e R$ 45 por casa. Antes, não passava de R$ 40,00.

Por causa dessa alta, Galvan afirma que muitos produtores vão acelerar o fechamento de contratos antecipados de comercialização da produção, travando preços em alta. O assessor técnico alerta que é bom fazer isso, mas não negociar toda a produção, para ter condições de aproveitar preços ainda melhores, e ainda se proteger de uma eventual quebra de produção. Isso porque, caso o produtor não tenha todo o produto para entregar, pode pagar multa ou até ter de adquirir de outros agricultores, levando prejuízo.

Dois lados- Na pecuária, a previsão da assessora da Famasul Adriana Mascarenhas é de que pode haver impacto negativo nos custos de produção. “Como muitos insumos têm componentes importados ou vem de fora do País, o custo de produção tende a ficar mais alto”, afirma.

Isso pode acontecer com a campanha de vacinação do rebanho contra a aftosa, em novembro, caso a alta do dólar permaneça, uma vez que as doses são importadas.

Por outro lado, pode ser um aditivo para a exportação da carne sul-mato-grossense, que já bem valorizada lá fora, lembra Adriana.

Um outro setor que deve sentir claramente o reflexo do dólar mais caro é o turismo para o exterior, comenta o economista Lucas Galvan. “Muita gente fechou pacote para a Europa com preços equivalentes a viagem para o Nordeste. Isso vai diminuir”.

Ele prevê redução dos gastos no exterior, que só vinham crescendo. As compras no Paraguai entram nessa conta. O conselho de Galvan para os que não vivem sem sua esticadinha à fronteira é que neste momento não é recomendável, a menos que a pessoa seja do tipo que economiza para comprar um bem.

“Compensa avaliar se o mesmo produto não pode ser comprado aqui, por preço semelhante, com a vantagem do parcelamento".

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