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Esportes

Capital tem mais estrelas no esporte, mas apoio é "capenga" como sempre

Helton Verão e Edivaldo Bitencourt | 22/08/2013 07:16
Yeltsin Jacques é um dos casos raros, que superou as dificuldades, a falta de incentivo e subiu ao pódio na conquista dos 1.500 metros do mundial Paralímpico para baixa visão, disputado em Lyon, na França (Foto: Fotocom)
Yeltsin Jacques é um dos casos raros, que superou as dificuldades, a falta de incentivo e subiu ao pódio na conquista dos 1.500 metros do mundial Paralímpico para baixa visão, disputado em Lyon, na França (Foto: Fotocom)
Yeltsin no momento de festa no pódio em Lyon, na França (Foto: Reprodução/SporTV)
Yeltsin no momento de festa no pódio em Lyon, na França (Foto: Reprodução/SporTV)

Aos 114 anos, Campo Grande carrega ao longo de sua história a estigma de não obter resultados positivos nacionalmente e internacionalmente em quase nenhuma modalidade esportiva. Com exceção de clubes do futebol americano, nenhum clube ou esporte coletivo figura nas divisões de elite ou no topo.

A cidade passou muitos anos com apenas uma ou outra estrela "brilhando" sozinha nos esportes. Sempre foi o caso do futebol, que teve Muller entre os astros da elite nacional. 

Hoje, Campo Grande ganha destaque em outras modalidades, coletivas ou individuais, apesar da falta de apoio e estrutura continuar a mesma do século passado. 

Na raça e na paixão pelo esportes, os campo-grandenses se destacam e "brilham" no ranking nacional, como Leonardo de Deus, na natação; Aline Santana, no Boxe; o volante Jean e o lateral Bruno (Fluminense), no futebol, entre outros.

Leonardo de Deus tem se destacado no cenário internacional da natação com inúmeras conquistas
Leonardo de Deus tem se destacado no cenário internacional da natação com inúmeras conquistas
Ala Marcênio em ação pela seleção brasileira de Futsal (Foto: Divulgação)
Ala Marcênio em ação pela seleção brasileira de Futsal (Foto: Divulgação)

Outro caso de superação individual é do atleta paralímpico Yeltsin Jacques, que ficou com o segundo lugar nos 1.500 metros no mundial de atletismo da categoria de baixa visão em Lyon, na França, e faz o possível e o impossível para representar Campo Grande, mas tem começado a abrir mão de representar a Capital e o Estado.

“Não tenho apoio nenhuma autoridade aqui, para não dizer que nunca recebi nada, recentemente recebi R$ 2,3 mil do FAE (Fundo de Apoio ao Esporte), mas foi só e não é suficiente. Quero ser atleta de Campo Grande, representar a minha cidade, mas já tenho recebido propostas de outros Estados”, revela Jacques, de 21 anos.

Ele já competiu representando a cidade de Limeira, interior de São Paulo, e, agora, recebeu uma nova proposta para competir pela cidade de Assis, também no Estado paulista. “O local onde treinamos em Campo Grande, no bairro Tarumã é vergonhoso, uma pista de terra, longe do padrão nacional e de outros países. Quando fui competir na França, fiquei hospedado em uma pequena cidade próxima de Lyon, nela existia pista sintética oficial, de patinação, velódromo para ciclismo, pista de esqui, enfim estrutura que não se vê em Campo Grande”, compara Yeltsin.

O atleta lembra que por duas vezes foi liberada a verba para a construção de uma pista de borracha no Parque Ayrton Senna e em nenhuma das ocasiões as construções começaram. “Aonde está esse dinheiro?”.

Além de Jacques, outros atletas deverão seguir os mesmos caminhos. É o caso de Davi Wilker e Gabriela Ferreira. Os dois estão a caminho da Inglaterra competir nos próximos dias. Eles também já receberam propostas de outras cidades. “São duas baitas promessas no esporte e logo não poderão irão representar mais a terra onde nasceram e gostariam de defender”, avalia Yeltsin.

Saída? – O atleta paralímpico vê muita politicagem e pouco interesse de verdade no esporte, esse é o fator que mais atrapalha o cenário do esporte em todas as modalidades. “Aqui primeiro é o pensamento dos empresários, por isso o esporte é assim, não só no atletismo e nos esportes paralímpicos, mas como um todo”, ressalta.

Segundo o atleta, Mato Grosso do Sul não tem muitos atletas despontando nos esportes por precisarem de um apoio inicial e para se manter nele. “Ainda tenho apoio dos meus pais e gosto do que faço. Agora muitas pessoas param para buscar outro ramo de trabalho para levar a vida”, descreve.

Yeltsin Jacques também compete em provas convencionais que são disputadas a luz do dia, e tem vencido várias delas. Ele representa a Acorp (Associação dos Corredores de Rua e Pista de Campo Grande).

Projeto para o Parque Ayrton Senna
Projeto para o Parque Ayrton Senna

Agora vai? – Com tantos atletas, a tão sonhada pista de atletismo de qualidade pode virar realidade no Parque Airton Senna, no Conjunto Aero Rancho, na Capital. A Prefeitura conta com R$ 3,5 milhões do Ministério dos Esportes para viabilizar a pista de atletismo.

Os centros olimpicos foram anunciados, mas não saíram do papel. E a cidade segue sem locais para a prática de atividades esportivas ou para descobrir os talentos esportivos.

Coletivos - Mesmo sem apoio, Campo Grande chega aos 114 anos com um jogador na seleção brasileira de futebol. O jogador Jean, do Fluminense, foi um dos integrantes da equipe campeã na Copa das Confederações deste ano, disputada no Brasil. Ele ainda faz parte da equipe convocada pelo técnico Luiz Felipe Scolari e pode disputar a Copa do Mundo no Brasil, no próximo ano.

Mas a cidade ainda tem outro jogador no Fluminense, como é o caso do lateral direita Bruno. No futsal, o ala campo-grandense Marcênio também faz parte da Seleção Brasileira.

No entanto, a falta de investimentos ainda é a marca da secular Cidade Morena, que segue sem um centro olímpico, parque aquático e pista de atletismo. O único orgulho ainda segue o Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, classificado como o maior estádio universitário do País. 

Jean durante a festa de 27 anos na seleção brasileira em junho deste ano (Foto: CBF)
Jean durante a festa de 27 anos na seleção brasileira em junho deste ano (Foto: CBF)
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