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Esportes

Em entrevista, sul-mato-grossense Keirrison revela incômodo pelo momento da carreira

Vinícius Squinelo | 04/09/2011 12:52

Agora no Cruzeiro, atacante afirma que pretende colocar a vida profissional de volta no caminho certo

O atacante corre para retomar a boa forma (Foto: Washington Alves / VIPCOMM)
O atacante corre para retomar a boa forma (Foto: Washington Alves / VIPCOMM)

Os últimos dois anos não foram bons para o sul-mato-grossense Keirrison. O atacante, que estourou no Coritiba e Palmeiras, encara um péssimo momento na carreira desde que foi vendido para o Barcelona.

No clube espanhol, Keirrison não se firmou e acabou rodando por outros times, da Europa, como o Fiorentina (ITA), e do Brasil, no Santos. Agora, o sul-mato-grossense tem mais uma chance de colocar a carreira nos trilhos, jogando pelo Cruzeiro nesta segunda parte do Campeonato Brasileiro 2011.

Em entrevista ao site Globoesporte.com Keirrison se disse incomodado e, de certa forma, frustrado pelo rumo que a carreira tomou recentemente. Em 2007, o atacante foi o artilheiro do Coxa no Campeonato Paranaense com nove gols e fez 12 na conquista do título da Série B. No ano seguinte, foi artilheiro do estadual com 18 gols e do Brasileirão com 21, o mais jovem goleador da competição, aos 20 anos. Naquela temporada, ninguém fez mais gols do que ele no país: 41.

Do Alto da Glória, rumou para o Palestra Itália. Em 2009, chegou ao Palmeiras pronto para explodir. Em grande fase, num grande clube, com talento de sobra. Foram 24 gols em 35 jogos até transferir-se para o Barcelona. Uma saída polêmica, que custou o emprego a Vanderlei Luxemburgo, técnico do Alviverde na época. No clube catalão, nada além de uma apresentação modesta e alguns poucos treinos. Emprestado ao Benfica, de Portugal, não se firmou. Na Fiorentina, da Itália, idem. De volta ao Brasil no ano passado, fez dez gols em 32 jogos pelo Santos. Mas nem a companhia de Neymar e Ganso o fez brilhar.

Há menos de duas semanas no clube celeste, ele se prepara para estrear neste domingo, contra o Palmeiras, no Pacaembu (foi relacionado para a partida). Entre os treinos com o grupo e a preparação física desgastante e solitária, o jogador concedeu a entrevista ao Globoesporte.com, confira as principais partes:

Como você encara esse novo recomeço?

Keirrison: Muito importante, até porque a vida tem que ter recomeços. Acho que a cada ano você projeta várias coisas, minha vida sempre foi assim. Eu projeto objetivos para buscar. Estou tendo essa oportunidade novamente no Cruzeiro. Mais importante foi o interesse do Cruzeiro, eu também queria vir para cá. Isso ajuda. Está sendo muito bom, estou muito feliz mesmo. Desde a tia da cozinha, o pessoal da lavanderia, ao pessoal do elenco, são pessoas muito boas.

O que fez você optar pelo Cruzeiro?

Pela estrutura, o clube que o Cruzeiro é, pelo elenco que tem. Joguei com o Ramires no Benfica (hoje no Chelsea-ING), ele sempre falou muito bem daqui. São coisas que você vai ouvindo, acaba escolhendo. Conversei com o presidente (Zezé Perrella), com os diretores. São pessoas que têm objetivos, que pensam nos altetas. Isso é um fator importante.

Dá para dizer que você é um privilegiado por ter uma nova chance em um grande clube?

Isso acontece pelo que sempre fiz no meu trabalho. Não tenho jogado muito, mas sempre fui profissional. Acho que por isso os clubes grandes têm interesse por mim. Aqui no Cruzeiro foram buscar com outros treinadores como eu sou. Muitos clubes não querem um atleta que crie problemas. Sempre trabalhei honestamente, procurei fazer o máximo. Isso me faz chegar a grandes clubes.

Você está com 22 anos e logo no início da conversa falou das metas traçadas. Imaginava algo diferente do que está vivendo hoje?

Não imaginei que seria tão rápido. Desde pequeno, aos cinco anos, estou no meio do futebol. Minha família vem me preparando porque sabia que as coisas poderiam acontecer de maneira muito rápida. Tem gente que demora um pouco a estourar. Estou desde os 16 anos nos profissionais. Não imaginava estar tão novo, sendo ídolo de um clube como o Coritiba. Minha família sempre me orientou. Tenho 22 anos, mas pareço tão velho (risos)... Trabalhei para conseguir o meu espaço, quero continuar nessa linha, caminhando, trabalhando, buscando novos objetivos.

Você começou no Coritiba e explodiu. Foi para o Palmeiras e teve um início arrasador também. Mas lá o cenário começou a mudar, antes mesmo da saída para o Barcelona. O que aconteceu?

Tivemos a eliminação da Libertadores. Eu e Diego Souza éramos apontados como destaques do time, estávamos bem. Caiu tudo sobre nós. Não conseguimos a classificação para a semifinal, tudo mudou, virou uma bomba, ninguém valia mais nada. Futebol é isso. Estávamos bem no Brasileiro, saí daqui como artilheiro do campeonato. A negociação aconteceu, o Palmeiras aceitou a proposta. Primeiro foi um acordo entre os clubes, depois fiquei sabendo da proposta e aconteceu tudo aquilo. Muita coisa ficou mal explicada, não pude dar entrevistas porque Barcelona e Palmeiras não permitiram. Muita gente me ligando, perguntando sobre o Keirrison. No outro dia o Luxemburgo e outras pessoas meteram a bomba. Não deu para ir no clube me despedir, me pediram para ficar em silêncio, pois as negociações estavam terminando. Mas foi um momento muito bom no Palmeiras, um dos momentos mais importantes da minha vida, conheci muitos amigos, tive uma trajetória muito boa no clube. Queria ter conquistado títulos, passei perto.

O que você gostaria de ter falado se pudesse ter dado entrevistas? Você queria sair? Era a hora de sair?

Diria o que aconteceu, a verdade. O Barcelona fez contato com o Palmeiras, eles se acertaram. O Palmeiras naquela época precisava muito de uma venda. E era uma proposta muito boa, o Palmeiras aceitou e depois vieram falar comigo. Eu acabei aceitando porque era um sonho, um objetivo chegar a um grande clube como o Barcelona. Muita gente acha que fui por causa de dinheiro, mas eu nem tinha porcentagem. Eu somente era funcionário do Palmeiras. A Traffic e o Palmeiras tinham 100% em conjunto com meus empresários. Na verdade só ganhei um contrato me transferindo. O valor que foi estipulado (aproximadamente R$ 41 milhões) foi para o clube, Traffic e empresários. Fui por um sonho mesmo, estava feliz no Palmeiras. Foi uma época boa. Liguei para o Marcão (goleiro), agradeci. Ele já sabia que estava encaminhado, pedi para ele se despedir por mim. O time ia viajar e eu não encontraria com eles. Aquela polêmica que o Luxemburgo criou, dizer que eu saí sem me despedir, não foi da minha parte. Liguei depois. Sempre tive um ambiente bom com o grupo. Tive uma passagem boa. Só tenho a

Por que acha que o Vanderlei disse tudo aquilo? Ele disse que você não jogaria com ele se o negócio não vingasse. E isso custou a ele o emprego no clube.

Eu não sei o que aconteceu. Houve uma reunião entre o Luxemburgo e o pessoal do Palmeiras. Não sei se meu assunto foi o principal. E depois aconteceu a dispensa dele do Palmeiras. Não sei explicar direito. Não tenho nada contra o Luxemburgo, aprendi muito com ele. Lógico que fiquei chateado pelas palavras dele, talvez tenha falado aquilo porque o Palmeiras estava enfrentando dificuldades depois da saída da Libertadores. Talvez estivesse nervoso, estressado. Não guardo mágoa. Só fiquei chateado no momento porque ele não deveria ter feito aquilo, nunca fiz nada com ele, sempre respeitei, ouvi.

Qual foi a sensação ao chegar ao Barcelona?

A ficha não caía por um bom tempo. Era um sonho desde pequeno e com 20 anos estava lá. Não sabia o que fazer, estava sendo um sonho, uma oportunidade de estar num clube tão grande. Ao mesmo tempo teve a contratação do Ibra (Ibrahimovic) e estourou a cota de estrangeiros. Não poderia atuar e tinha de ser emprestado. Aceitei numa boa, até porque não tinha como jogar, ficar só treinando não seria uma boa. Vieram muitos clubes, o Benfica chegou, e o Barcelona aceitou a proposta. Se eu soubesse, não iria para o Benfica. Lá tinha muitos atacantes, seis ou sete. Eu não sabia disso. A gente aprende com a vida. O Benfica é um grande clube da Europa, mas não adianta ir para um lugar com muitos atacantes e não é à toa que eles estão lá. E você tem que se adaptar, estava indo pela primeira vez para a Europa. Cheguei lá, tive de me virar, outro estilo de jogo. Por essas dificuldades, por ter tantos atacantes que estavam há mais tempo e de qualidade, isso encurtou minha passagem por lá, não tive a sequência que estou buscando há muito tempo.

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