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Esportes

Observação como base e fonte da informação; Falcão não estava feliz

Paulo Nonato de Souza | 23/06/2015 09:14
O ex-jogador Paulo Roberto Falcão, o Rei de Roma, na chegada ao São Paulo em 1985 (Foto: Arquivo)
O ex-jogador Paulo Roberto Falcão, o Rei de Roma, na chegada ao São Paulo em 1985 (Foto: Arquivo)

Quem conhece o ex-jogador catarinense Paulo Roberto Falcão, revelado no Internacional de Porto Alegre, sabe que ele é referência em matéria de elegância. Não apenas pelos ternos e gravatas que faz questão de usar, mas também pelo seu comportamento educado e respeitoso, dentro e fora de campo. Em 1985, na sua volta ao futebol brasileiro depois de ser coroado o “Rei de Roma” pelo sucesso na Roma na Itália, tive a sorte de conviver com o craque. Ele já com 32 anos de idade como jogador do São Paulo e eu na cobertura diária das atividades do clube pela Rádio Record.

Apesar de todo o seu cartaz de estrela do futebol mundial, Falcão encontrou no São Paulo um treinador turrão, de nome Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, que não abria mão de sua preferência por novos valores, tanto que naquela temporada o tricolor tinha um time apelidado de “Menudos”, numa referência ao grupo de garotos cantores porto-riquenhos de muito sucesso no Brasil na época, e entre seus titulares absolutos reinava o atacante sul-mato-grossense Müller, então com 19 anos, surgido nas categorias de base do Operário de Campo Grande, que virou sensação no clube do Morumbi pelas suas mãos. Por conta dessa devoção pelos novos talentos, o técnico são-paulinho era resistente aos nomes consagrados, e na posição do “Rei de Roma” no setor de meio de campo ele preferia Márcio Araújo, outro jovem promovido da base tricolor.

Na fase decisiva do Campeonato Paulista de 1985, a escalação de Falcão foi o assunto da semana que antecedeu ao clássico com o Santos. Estava em todos os programas de rádio, tevês e nas páginas dos jornais. Toda a imprensa queria saber quem seria o titular como cabeça de área, se o experiente Falcão, com sua fama e salário milionário, ou a juventude de Márcio Araújo. Nas entrevistas, Cilinho sempre dava a mesma resposta: “No meu time são todos titulares e quem fica no banco não é reserva, é opção”.

No dia do jogo com o Santos o clima de suspense permanecia no ar. Logo que cheguei na concentração do São Paulo, no Hotel Transamérica, por volta de 9h da manhã, vejo o Falcão na restrita sala do café trajando calça jeans, tênis e camiseta. Não tive acesso ao setor, mas de longe estranhei, claro. Afinal, aquele não era seu estilo habitual. Então, peguei o microfone e entrei ao vivo na programação da Record com um boletim em tom bombástico: “Paulo Roberto Falcão está fora do jogo diante do Santos. O meio-campo titular do São Paulo hoje terá Márcio Araújo, Silas e Pita”.

Dei a notícia com total convicção, mas fiquei na expectativa do anúncio oficial da escalação, que só veio à tarde já no Estádio do Morumbi. Ufa! Minha observação estava correta. Falcão ficou mesmo fora do time titular. O São Paulo venceu o Santos por 3 a 0 e ele só entrou no segundo tempo no lugar de Silas.

Como eu tinha uma boa relação pessoal com Paulo Roberto Falcão, os colegas repórteres quiseram saber se ele havia me dado a informação em primeira mão. Mas não foi nada disso. Na verdade a dica foi o jeito como ele estava vestido no café da manhã no hotel: De calça jeans, tênis e camiseta, ou seja, absolutamente “largado” para o estilo Falcão de ser. Ele não estava feliz.

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