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Esportes

Proibições em estádios: torcedores frustrados e comerciantes no prejuízo

Thiago de Souza | 17/04/2016 10:47
Torcedores são revistados para não entrar com objetos proibidos. (Foto: Marcos Ermínio)
Torcedores são revistados para não entrar com objetos proibidos. (Foto: Marcos Ermínio)
Torcida organizada passa por fiscalização mais rigorosa. (Foto: Marcos Ermínio)
Torcida organizada passa por fiscalização mais rigorosa. (Foto: Marcos Ermínio)

A proibição da entrada de objetos, que vão desde capacetes até bombas de tereré, dentro do Estádio Jacques da Luz, em dias de jogos do Campeonato Estadual de Futebol, tem incomodado os poucos torcedores que vão ao evento esportivo. Além disso, comerciantes próximos ao local somam prejuízos sem as vendas de bebidas.

Proprietários de estabelecimentos localizados em torno do estádio são obrigados a fechar as portas durante o horário dos jogos. Em um dos casos, uma vendedora diz amargar prejuízo de até R$ 1 mil com a proibição.

O problema é que conforme o artigo 13-A, do Estatuto do Torcedor, aprovado em maio de 2003, os critérios de proibição de objetos são subjetivos. O inciso II diz que “o torcedor não deve portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”. 

Rádio de pilha teve a entrada liberada pela fiscalização no Jacques da Luz. (Foto: Marcos Ermínio).
Rádio de pilha teve a entrada liberada pela fiscalização no Jacques da Luz. (Foto: Marcos Ermínio).
Torcedor convenceu fiscalização para entrar com bomba para tomar tereré. (Foto: Marcos Ermínio)
Torcedor convenceu fiscalização para entrar com bomba para tomar tereré. (Foto: Marcos Ermínio)

A lei é mais clara no inciso V quando diz que “o torcedor não deve portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos''.

Em alguns jogos deste ano, a Polícia Militar proibiu a entrada de rádios de pilha, o que afetou torcedores, entre eles um deficiente visual conhecido como Baiano, que ouvia o jogo pelo aparelho. A situação também poderia prejudicar o trabalho do radialista Arthur Mário, que leva um rádio para usar como retorno em suas transmissões radiofônicas.

Segundo o radialista, que chegou a procurar o MPE (Ministério Público Estadual), para tratar do assunto, as restrições foram flexibilizadas. “Melhorou bastante, melhorou bem”, resumiu o profissional com 30 anos de carreira.

No jogo entre Operário e Ivinhema, dia 13, pelas quartas de final do Estadual, também no Jacques da Luz, o autônomo Alberto Azevedo, 50, ouvia o jogo pelo rádio. “Não teve problema nenhum. Eles [PM] viram mas não falaram nada”, relatou.

Queda de braço - Porém o impasse entre o que pode e o que não pode entrar no estádio prossegue. Na mesma partida, o técnico de segurança, Assis Martins,42, passou por embaraço ao entrar com uma guampa e a bomba de tereré. “Tive problemas, eles falaram que não era pra entrar, mas aí eu conversei, mostrei que estava com criança e eles deixaram”, contou.

Segundo um soldado da Polícia Militar, que não quis se identificar, todo e qualquer objeto que ele julgar que pode provocar um ato de violência será proibido. O militar disse ainda que não há uma lista sobre o que pode ou não pode, e que segue o que determina o Estatuto do Torcedor.

Ainda segundo a PM, geralmente os torcedores acatam a proibição e guardam os objetos não permitidos dentro dos carros. A fiscalização da polícia em membros de torcidas organizadas é mais rígida. Os instrumentos musicais como tambores e bandeirões são revistados minuciosamente, e o documento de identidade de um a um é conferido.

Quem leva a melhor quando o assunto é proibição de capacete é o Getúlio Corrêa, que controla a entrada e saída de veículos do complexo esportivo Jacques da Luz. Ele guarda o capacete dos motociclistas em cima das próprias motos, mas não revela quanto cobra. “Eu digo a eles pra me dar o apenas o que o coração sentir”. 

Comerciante deixa de vender R$ 1 mil em determinados jogos do Estadual. (Foto: Marcos Ermínio)
Comerciante deixa de vender R$ 1 mil em determinados jogos do Estadual. (Foto: Marcos Ermínio)
Bar nas imediações do Jacques da Luz não funciona na hora dos jogos. (Foto: Marcos Ermínio)
Bar nas imediações do Jacques da Luz não funciona na hora dos jogos. (Foto: Marcos Ermínio)

Outra questão - Uma outra restrição, mas que não diz respeito ao Estatuto do Torcedor, é que os estabelecimentos comerciais que ficam a pelo menos 300 metros da praças esportivas devem ficar fechados do início ao fim do jogo. A reportagem contou três bares em uma das saídas do Jacques da Luz, mas comerciantes revelam que no lado oposto vários outros ficam fechados.

Olinda Rosa possui um bar que fica a poucos metros da entrada do Jacques da Luz. A comerciante fica irritada e indignada ao falar sobre o assunto, e alega o prejuízo de R$ 1 mil que tem ao fechar o bar durante a partida. “Os torcedores passam aqui com sede e fome e eu não posso vender”.

Ela afirma ainda que a fiscalização tem sido rigorosa, e que nem mesmo a caixa de sorvete pode ficar pra fora. “Eles mandam fechar tudo e imediatamente. Não dá tempo nem de despedir das clientes”, contou. ''Tenho que ficar das 15 horas até às 18 horas fechada. É só aqui essa frescura, no interior não fazem isso”.

A fiscalização era feita bem na entrada do Jacques da Luz, por dois agentes da Semadur, amparados por um supervisor, que estava dentro do estádio. Segundo o agente Célio Queiroz, a determinação é da Secretaria de Segurança Pública, que pretende evitar casos de violência, promovida por torcedores embriagados.

Segundo a assessoria da Prefeitura Municipal de Campo Grande, a fiscalização no entorno do estádio foi um pedido do MPE (Ministério Público Estadual) e que a ação visa somente o fechamento dos bares que não possuem o alvará de funcionamento ou qualquer outra irregularidade. Os que estão regulares podem funcionar normalmente, inclusive no horário dos jogos, informou a assessoria.

Também informou que, como a equipe da Semadur não pode ficar no local permanentemente, os bares reabrem após o jogo, e na ocasião do próximo, voltam a fechar durante a partida.

Bar teve de permanecer fechado das 15h às 18 horas, conforme proprietária. (Foto: Marcos Ermínio)
Bar teve de permanecer fechado das 15h às 18 horas, conforme proprietária. (Foto: Marcos Ermínio)
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