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Esportes

Superando barreiras e a tristeza, paratletas criam futebol adaptado

Helton Verão | 19/06/2014 08:34
Grupo nos treinamentos no Sesc (Foto: Kleber Clajus)
Grupo nos treinamentos no Sesc (Foto: Kleber Clajus)
André e o para-choque utilizado para jogar o Power Soccer (Foto: Kleber Clajus)
André e o para-choque utilizado para jogar o Power Soccer (Foto: Kleber Clajus)
No paradesporto  as diferenças não tem vez (Foto: Kleber Clajus)
No paradesporto as diferenças não tem vez (Foto: Kleber Clajus)

Uma nova modalidade do paradesporto está sendo inserida em Campo Grande. O futebol adaptado, ou “Power Soccer”, como o nome em português já explica, é um esporte homônimo do mais popular do mundo, mas com atletas com alguma deficiência, guiando suas cadeiras de rodas mecanizadas e os chutes ficam a cargo de uma espécie de para-choque, instalado na frente delas.

A maioria dos paratletas são crianças que fazem parte da Associação Driblando as Diferenças e já praticam outros esportes, como o basquete e a bocha adaptados.

O idealizador da inserção no Estado é o pai de um dos pequeninos, o militar André Luiz Goulart Matos, 39 anos, que sempre ouviu do filho que gostaria de ser jogador de futebol, e para isso colocou a mão na massa e ele mesmo produziu o para-choque da cadeira do filho. “Meu filho brincava de bola com os amigos na escola, mas não conseguia jogar como os demais. E toda vez víamos ele triste em casa. Comecei a pesquisar na internet sobre esportes adaptados, e descobri o futebol, que ainda não existia aqui”, conta Goulart.

O filho, Thiago Henrique Mendonça, de nove anos nasceu com distrofia muscular, e após o primeiro dia que jogou o Power Soccer, ficou em êxtase e não quis mais parar. “Ele não dormiu após a primeira vez que jogou. Sempre foi uma criança imperativa, não consegue parar quieto. Os primeiros jogos foram disputados com uma bola de basquete e uma de ginástica, pois não se comercializam no Brasil as bolas especificas para a modalidade”, conta o pai.

A federação do Rio de Janeiro prometeu presentear os primeiros praticantes da modalidade com uma bola. “Atualmente estamos com oito praticantes, todos que vieram da bocha adaptada”, comenta André.

Aos 15 anos, Igor Farias, também nasceu com distrofia muscular congênita, e já treinava bocha no Sesc. Em três anos na modalidade ganhou vários títulos, nacionais e regionais, mais de dez. “Agora o Igor está aprendendo o futebol, o projeto acabou de ser lançado, os treinos irão começar a acontecer no Guanandizão, o momento agora é de aprimorar técnica com os jogadores”, ressalta o pai, Pedro Farias, 51 anos.

A presidente da Associação Driblando as Diferenças, Marli Cassoli, conta que o momento é de convidar os pouco mais de 90 atletas cadastrados na entidade. “Vamos ver os interessados em praticar e abrir inscrição para outros. Estamos se programando para um grande lançamento nos próximos meses”, revela a presidente.

Durante a entrevista, Marli não se esquece de relembrar da falta de incentivo. “Nosso Estado é conhecido como exportador de talentos, descobrimos e acabamos perdendo para Rio de Janeiro e São Paulo e outros centros que investem mais no paradesporto”, lamenta.

A presidente pede mais políticas voltadas aos paratletas e sonha. “Assim que formei em Educação Física, decidi que gostaria de trabalhar com pessoa especial. É um prazer poder inserir essas crianças na sociedade. E meu maior sonho é que cada um dos meus atletas alcance o topo do paradesporto”, almeja.

O pai de Thiago Henrique segue trabalhando na produção dos para-choques para as cadeiras.

O Power Soccer pode ser disputado entre pessoas dos dois sexo, independente de idades.

Mais informações sobre a Associação Driblando as Diferenças pelo telefone (67) 9299-9822.

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