“Dinossauros” completam 9 anos de amizade sobre duas ou três rodas
Uma terça-feira fria e mesmo assim as motos e triciclos lotam um trecho da avenida Manoel da Costa Lima, em Campo Grande. Toda semana é assim, entre 200 e até 400 pessoas se reúnem e o assunto é basicamente o mesmo sempre: liberdade.
No Dinossauros Triciclo Clube até quem não tem moto veste jaqueta de couro, uma forma de entrar no clima, de ir de carona nas aventuras que anos de estrada renderam.
No domingo, o grupo vai comemorar 9 anos em uma festa na Chácara da Antártica. A entrada será dois brinquedos que depois serão entregues à entidade filantrópica. Também sempre foi assim. O motivo do encontro é a paixão pelo motociclismo, mas as doações foram o início de tudo.
O comerciante Washington Luis Teles de Mattos, 44 anos, é o presidente do Clube. Em uma viagem de moto, é claro, ao litoral sul, ele e mais dois amigos decidiram criar o “Dinossauros”, não apenas para reunir amigos, mas também voltado para questões sociais.
Há dois anos, a ideia foi reconhecida pela Prefeitura com título de Utilidade Pública pelos serviços prestados à sociedade, e por conta disso o Clube ganhou um terreno para enfim ter a própria sede.
Hoje o espaço também responde por associação, com 17 famílias associadas. Mas cerca de 60 grupos participam das reuniões, a partir das 19h30, regada a rock ao vivo.
No grupo há todo tipo de gente. João Luis Cardoso, 52 anos, é quem customiza as motos, personaliza, dá identidade “Faço tudo, só não construo o motor”.
Zuleica tem 59 anos e ao lado do marido Sebastião de Souza Silva, 64 anos, frequenta o clube há três anos. "Depois da aposentadoria não tínhamos o que fazer e como já gostávamos de moto pegamos um voo para o Rio de Janeiro, lá compramos um triciclo, e voltamos para Campo Grande nele", lembra.
Sidnei Scotton, 43 anos, é suinocultor e Paulo Fioravante, 39 anos, pecuarista. Os dois vieram de São Gabriel do Oeste, só para o encontro com os Dinossauros. Paulo faz ao menos uma grande viagem por ano de moto. “O que eu busco é conhecer novos lugares”
Entre motociclista a amizade que existe é de irmão. Com mais um amigo, os dois começara uma aventura de duas rodas há 20 dias. Saíram de São Gabriel com o objetivo de passar por todos os países da América do Sul, mas o plano teve que ser interrompido no Equador. Sidnei sofreu um acidente e fraturou 3 costelas.
A viagem teve que ser adiada temporariamente. Mas em breve os amigos devem retornar para os 22 dias restantes da aventura. Para Sidnei tudo vale sobre 2 rodas, “A recompensa vem no conhecimento adquirido”.
O professor Celso Cordeiro, 58 anos, gosta mesmo é do programa de terça-feira “Onde há rock eu vou. É difícil ter em Campo Grande numa terça-feira a possibilidade de curtir uma boa música e encontrar os amigos. Aqui é um lugar tranquilo”, justifica.
Quem pensa que moto de alta cilindrada é coisa para homem, está enganado, A administradora Ellen Jaqueline da Silva, 27 anos, é a prova disso. A moça ganhou o apelido de “Tudão” entre os amigos motociclistas. “A moto para mim é um hobby, é um prazer”. Ellen não participa de nenhum moto clube para não pagar mensalidade, mas também diz que não quer “compromisso”.
Teresinha Amaral, 52 anos, é bancária, e diz que só no motociclismo consegue ser ela mesma, “Na estrada eu sinto que eu estou viva, é uma sensação de liberdade. É uma forma de descarregar o estresse”.
Nas festas, sempre há amigos de outros moto clubes. É o caso da agente de aeroporto Kamila Jacob e da universitária Marcia Santiago. As duas costumam ir sempre que podem e dão crédito à boa música e à boa recepção. Mas também há lições que Márcia gosta de reforçar. “Apesar da fama de mal, e os constantes acidente com motos em Campo Grande, a gente tenta mudar. Eles são conscientes no trânsito, gostam de adrenalina, mas são mais educados, prezam por isso”.
