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Arquitetura

Casas no Itanhangá têm quintal dos sonhos, com três nascentes e muito verde

Paula Maciulevicius | 04/06/2014 06:22
Da janela do quarto, toda a vista anuncia que a natureza está ali, batendo à porta de casa. (Foto: Marcos Ermínio)
Da janela do quarto, toda a vista anuncia que a natureza está ali, batendo à porta de casa. (Foto: Marcos Ermínio)

São três nascentes de água, um verde de encher os olhos, o aroma e o frescor das árvores praticamente dentro de casa. Se a correria do dia-a-dia nos permitir, é possível até ouvir o barulho dos galhos com o vento, dos pássaros a cantar ou quem sabe do solado gasto de quem ali escolheu para caminhar. Da janela do quarto, se olhos se voltarem para cima, a contemplação ganha vida por um tucano no alto, anunciando que a natureza está ali, batendo à porta de casa.

É assim para quem tem aos fundos a Praça Itanhangá, que na verdade leva o nome de Praça Lúdio Martins Coelho Filho, uma homenagem ao "Ludinho" desde 1985. Do banco da praça, uma portinha verde, seguida de outra e de outra. Fechaduras guardam moradores que têm como quintal uma das mais belas paisagens da Capital. Claro que a curiosidade desperta seguindo os passos de quem corre ou caminha pela pista. Afinal, quem seriam estes privilegiados que tem um muro os separando de uma natureza como esta, no meio da cidade?

Na primeira porta que se bate, nem o silêncio parece responder. De fora, a casa exuberante hoje exibe abandono. Parece ter moradores, mas ninguém aparece. Contradições de uma porta que não se abre nem para os ares de uma praça que é quase um parque.

Caminhando pela praça eis que surge uma portinha verde, seguida de outra e de outra. (Fotos: Cleber Gellio)
Caminhando pela praça eis que surge uma portinha verde, seguida de outra e de outra. (Fotos: Cleber Gellio)

Na segunda tentativa, a surpresa até assusta. O morador vem receber no muro. Do jardim de casa para o de fora. A hospitalidade entre as plantas e flores é tamanha tal qual como se ele nos tivesse convidado a entrar. A verdade é que do lado de cá, a casa fica muito mais encantada.

“Eu sou um apaixonado pela praça desde os anos 90”, conta – do alto – o estudante Marlon Campos, de 30 anos. Segundo ele, a família comprou o terreno em uma época que os valores não eram tão elevados. Se é que é possível dar preço àquela vista.

Há 14 anos eles construíram a casa, a última com portão de acesso para a praça. “E a que mais dá ênfase à casa, pode ver”, considera o morador. Do quintal da residência, a família almoça, quando dá, lá fora. Entre o verde do muro e os pés de Cajá-manga, fruta plantada por Marlon há 7 anos.

Facilidades até para entrevista: Marlon conversa do muro de casa, de um quintal para outro.
Facilidades até para entrevista: Marlon conversa do muro de casa, de um quintal para outro.

“Plantei porque a minha mãe gostava. Hoje vê arara pousando ali, fruta caindo. Coisa que não acha em nenhum lugar”, acrescenta.

A vida ali, ele compara como ter piscina em casa. “A gente convive muito tempo na praça, uma hora acaba que você acostuma. Mas eu sou um privilegiado, não tem nada a ver com status do bairro. Pode morar numa casa de madeira, simples, mas ter uma praça dessas é um privilégio”.

Mais adiante, três outras casas exibem portões, mas que de acesso, só para a vista de quem contempla do lado do parque. Moradora recente, quando a bióloga Carla Arruda, de 39 anos, chegou ao lugar, o encanto foi pelo conjunto. “Quando a gente comprou já tinha o portão, mas fica fechado. O que chamou atenção foi o lugar, aqui é praticamente uma vila e para lá, nunca vai ser prédio”, comenta.

No acaso, Nivaldo fez da praça extensão do fundo de casa.
No acaso, Nivaldo fez da praça extensão do fundo de casa.

Foi por acaso que o advogado Nivaldo Garcia da Luz fez da praça extensão do seu quintal. Há quatro anos como residente, ele primeiro alugou o imóvel para depois ouvir a proposta tentadora, a qual não se negou e nem poderia.

“O dono me ofereceu compra, compra, acabei comprando. Essa é a praça mais bonita da cidade. É o quintal da gente”. No caso dele, a porta pode ser aberta, mas até chegar lá se desce degraus. Branca, ela é discreta e de dentro, só se percebe para onde ela leva quem resolve destrancar.

Sem porta, mas nem por isso sem a vista. Há 15 anos, a jornalista Marisa Machado se mudou para a casa que já não tinha o acesso. “Ela teve porta, até tinha a marca no muro”, descreve. Em uma das reformas do antigo dono, o acesso foi fechado com concreto.

“Nunca vi ninguém saindo por aquelas portas, mas a vista da minha janela, é uma delícia”. E é mesmo.

Fechaduras pouco ou nada se abrem. As portas e muros altos são o limite entre casa e praça.
Fechaduras pouco ou nada se abrem. As portas e muros altos são o limite entre casa e praça.

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