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Arquitetura

Com filmes não revelados da década de 1950, frei tenta criar museu em mosteiro

Thailla Torres | 09/12/2016 06:25
Há 6 anos Frei Wanderley coleta objetos antigos e que fizeram parte da história de frades da Missão Francisca.
Há 6 anos Frei Wanderley coleta objetos antigos e que fizeram parte da história de frades da Missão Francisca.

Em um sala pequena de reuniões no Convento São Francisco está um pedacinho da história de quem chegou e fez acontecer por ali. Antiguidades e tecnologias rudimentares para os dias de hoje, criadas na década de 1950, estão guardadas graças ao empenho do frei Wanderley, que há 6 anos vem coletando os objetos. O desejo é fundar um museu para que a população conheça um pouco da história de quem desembarcou no Brasil para se dedicar à fé e à solidariedade.

"Muitas dessas coisas vieram com o tempo, mas a maioria chegou com os primeiros frades na década de 1930", conta Wanderley Gomes Figueiredo, de 49 anos. Ele lembra que não é dono de nada, mas guarda um sentimento especial por cada peça resgatada.

Há quadros, máquinas de datilografia, vitrola, rádio, relógios, equipamentos de fotografia e cinema. Um deles é um Movector 16, projetor de filme 16 mm fabricado em 1935. Há também uma Splicers, conhecida como coladeira de filmes, fabricada em 1960. "Pode até não serem objetos centenários, mas são antigos e fazem parte da história. Acho que podem ajudar muito para quem está chegando nessa nova era de tecnologia e nem sabe que isso daqui existiu. Conheço jovens que nem sabem o que é uma máquina de datilografia", comenta.

Mais surpreendente pode ser o que os franciscanos registravam com tantos equipamentos. "Eles faziam filmagens, esses rolos antigos, por exemplo, não sabemos o que há neles. Seria importante que alguém recuperasse.", diz.

A ideia é cuidar, mas o tempo corre e muita coisa vai se perdendo. "Algumas coisas já estão bastante danificadas, então é preciso manter para que ainda possa restar", diz.

São mais de 80 objetos antigos guardados em uma das salas do convento. (Foto: Fernando Antunes)
São mais de 80 objetos antigos guardados em uma das salas do convento. (Foto: Fernando Antunes)
Sala de reunião acabou virando depósito.
Sala de reunião acabou virando depósito.

Os donos de cada relíquia também são passado desconhecido. Há exceções, como uma maleta de couro, desgastada pelo tempo, com objetos pessoais e da igreja que pertenciam ao frei Quirino, que desembarcou no País em 1949, recorda. Dele, também ficou um crucifixo que carregava no pescoço desde os primeiros passos no Brasil. "Esse eu guardo com todo cuidado, não se encontra mais", diz. 

O conhecimento de Wanderley é limitado quanto aos objetos, mas ele é curioso, não só sobre a origem, mas quanto as características. "Eu fico impressionado quando olho tudo isso que muitos trouxeram de navio. Era muita tecnologia para a época, os freis traziam esses objetos para oferecer o evangelho, mas também para contribuir com a educação e saúde em missão", explica.

Atualmente, ele é o único a se interessar pela história do Convento São Francisco. "Tudo começou por freis que vieram da Alemanha e trabalhavam muito. Por trás de cada objeto desse, há uma história de empenho, luta e perseverança para o bem das pessoas. Acho que isso é um tesouro que pode contribuir muito", acredita.

Máquinas fotográficas. (Foto: Fernando Antunes)
Máquinas fotográficas. (Foto: Fernando Antunes)
Máquinas de datilografia. (Foto: Fernando Antunes)
Máquinas de datilografia. (Foto: Fernando Antunes)

Psicólogo, professor e membro da Missão Franciscana há 30 anos, o frei comenta que guarda tudo com muito carinho, mas está aberto a parcerias para, quem sabe, conseguir fazer um museu aberto ao público. "Tem um espaço lá no térreo onde funcionava a antiga marcenaria. Eu tenho um projeto de fazer ali um local para visitação", conta.

O único receio do frei é que depois de começar, falte ajuda e profissionais para dar continuidade ao trabalho de identificação. "Temos coisas simples como as malas, objetos pessoais e telefones. Mas tem muita coisa que a gente não sabe o nome, como os projetores, aparelhos para fotografia e filmagens, são objetos que a gente nem sabe exatamente de quem foi, muito menos detalhes", diz.

Nas prateleiras são mais de 80 objetos antigos, calcula. Guardados durante viagens pelo interior do Estado e também de Mato Grosso. Alguns, ele chegou a encontrar em porões do convento.

Veja parte do que tem sido guardado pelo frei no convento do Bairro São Francisco:

Convento São Francisco foi construído em 1950 por freis que vieram da Alemanha em missão.
Convento São Francisco foi construído em 1950 por freis que vieram da Alemanha em missão.

Confira a galeria de imagens:

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