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Arquitetura

Da década de 30, casarão é comprado por historiador para ser instituto cultural

Paula Maciulevicius | 26/03/2016 17:00
O número 83 da Rua. Dr. Temistocles foi erguido na década de 30, pela família portuguesa de sobrenome Ramalho. (Foto: Alan Nantes)
O número 83 da Rua. Dr. Temistocles foi erguido na década de 30, pela família portuguesa de sobrenome Ramalho. (Foto: Alan Nantes)

Há três anos que o plano do professor Gilberto Luiz Alves é de reformar um antigo hotel, na Vila dos Ferroviários, em Campo Grande, para dar lugar a cultura num meio tão carregado de história. Comprado em 2013, o atraso na documentação para a transferência de nome fez com que só agora o novo dono pudesse dar o primeiro passo no projeto de restauração: entrar com o pedido nos órgãos competentes por se tratar de um bem tombado como patrimônio histórico. 

O número 83 da Rua. Dr. Temistocles foi erguido na década de 30, pela família portuguesa de sobrenome Ramalho, como hospedagem aos viajantes que chegavam ou partiam da estação ferroviária. Como hotel, o casarão fechou as portas em meados de 2000 e por muito tempo ficou ao vento. Sujeito aos desgastes do tempo e também das mãos de quem o ocupou por vandalismo. 

"Entramos com o projeto agora na Prefeitura e também no Iphan para fazer a restauração", inicia o diálogo o professor, pós-doutor e apaixonado pela cultura e arte, Gilberto Luiz Alves. O prédio foi comprado por meio milhão de reais, toda verba vinda de recursos próprios.

O abandono em que se encontra o prédio está com os dias contados. (Foto: Alan Nantes)
O abandono em que se encontra o prédio está com os dias contados. (Foto: Alan Nantes)

O local foi escolhido a dedo por conta do passado, mas pensando no futuro. A região que passou por fases mais problemáticas, na visão de Gilberto, hoje vive uma retomada. "Ela é importante do seu ponto de vista histórico. Aquele trecho se expandiu a partir da estrada de ferro e eu queria realmente ter algo numa área que tivesse essa perspectiva em termos culturais".

O instituto que levará o seu nome já existe como fundação desde 2013. "A gente pretende fazer atuação na área cultural, inclusive com escolas e ter serviços de formação cultural que democratizem efetivamente a cultura", descreve. Em seu acervo pessoal, o professor tem as principais coleções de artes plásticas de Mato Grosso do Sul e quer também catalogá-los em site para ficar à disposição do público.

"A ideia é realmente ter um material muito expressivo, de crítica cultural, não somente pensando em artes plásticas, como também na música, no teatro e no cinema", relata.

O abandono em que se encontra o prédio está com os dias contados. O projeto de restauração da arquiteta Ana Cláudia Marques vai devolver ao prédio principal suas origens. "Puxadinhos" que foram feitos no decorrer do tempo, por exemplo, vão desaparecer.

"Vamos voltar às características originais do prédio e construir ao fundo uma galeria", detalha Gilberto. O orçamento previsto apenas na restauração está em R$ 200 mil.

do prédio. (Foto: Alan Nantes)
do prédio. (Foto: Alan Nantes)
Reforma vai devolver as características originais
Reforma vai devolver as características originais

A vontade de fazer pela arte tem a ver com a relação que o professor sempre teve com a história. Gilberto chegou ao Estado em 1970 e se recorda da região a partir de 1973. "Todo contato que se fazia por Campo Grande era pelo trem, nós, professores, ficávamos nos hoteis da região. Se pegava um trem noturno de Corumbá para cá e voltava e a gente sempre ficava naqueles hoteis", recorda.

Professor aposentado da UFMS, Gilberto relata que trabalhou durante muito tempo na história, educação e pesquisa. "Sou muito ligado à pesquisa na área cultural, tenho trabalho nas artes plásticas, no artesanato indígena", explica. Gilberto quer, de certa forma, passar adiante parte do seu conhecimento e acervo.

"Por outro lado, sou sozinho. Não tenho filhos, não quero que as coisas que eu reuni, em função da minha morte, sejam distribuídas entre pessoas que não têm sensibilidade cultural. Eu entendi que o ideal seria preservar como um serviço permanente aqui no Estado, através dessa instituição", ressalta.

A previsão é de que assim que for aprovado o projeto, as obras já comecem. A expectativa do dono do imóvel é abrir as portas do Instituto Gilberto Alves ainda este ano.

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