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Arquitetura

Depois de mais de 30 donos, as 4 casinhas no Monte Líbano viraram relíquias

Adriano Fernandes | 08/03/2016 06:34
As casinhas da Rua Roberto Spengler foram construídas exclusivamente para serem alugadas e resistem ao tempo, mesmo inabitadas. (Foto: Marcos Ermínio)
As casinhas da Rua Roberto Spengler foram construídas exclusivamente para serem alugadas e resistem ao tempo, mesmo inabitadas. (Foto: Marcos Ermínio)

No cruzamento entre as ruas Senador Ponce e Roberto Spengler, no Jardim Monte Líbano, 4 casinhas de madeira, praticamente idênticas, resistem ao tempo. Elas foram construídas ainda no ano de 1970, com um único objetivo: serem alugadas.

Desde 2010 o progresso fez com que a procura de locatários diminuísse no local. (Foto: Marcos Ermínio)
Desde 2010 o progresso fez com que a procura de locatários diminuísse no local. (Foto: Marcos Ermínio)

Mas com o passar dos anos, os imóveis simples com dois quartos, sala, cozinha e um banheiro, perderam espaço para concorrência. Hoje em dia, praticamente vazias, elas são quatro relíquias de um tempo em que encontrar casas de madeira na cidade não era raridade.

O atual proprietário é o pastor Júnior Chacha, de 55 anos. Mas foi o pai dele, senhor Rastan Chacha, o responsável pelo projeto, feito para atender a demanda dos clientes da imobiliária da família.

“Elas foram construídas exclusivamente para o aluguel da extinta Imobiliária Chacha, que era do meu pai. Desde então, os únicos moradores nestes mais de 40 anos, foram os inquilinos”, comenta.

Junior lembra que onde ficam as casas, antes havia apenas dois terrenos baldios, que foram comprados pelo pai e divididos para receber as quatro casinhas. Cada uma delas tem aproximadamente 50 metros quadrados, seguindo o padrão de construção que era popular naquela época.

“Construir casas de madeira era normal naqueles tempos, diferente de construções grandes e feitas de concreto,que são comuns em qualquer cidade hoje em dia. Acho que nem asfalto existia na rua, quando elas foram feitas. São quatro sobreviventes do passar dos anos em Campo Grande", completa.

A casinha vermelha é a única que ainda é alugada, por apenas R$ 150,00. (Foto: Marcos Ermínio)
A casinha vermelha é a única que ainda é alugada, por apenas R$ 150,00. (Foto: Marcos Ermínio)
A casinha amarela fica na esquina, entre as ruas Senador Ponce e Roberto Spengler. (Foto: Marcos Ermínio)
A casinha amarela fica na esquina, entre as ruas Senador Ponce e Roberto Spengler. (Foto: Marcos Ermínio)

O pastor ficou responsável pelos imóveis depois do falecimento do senhor Rastan, há pouco mais de três anos. Mas desde que ele foi morar em São Paulo, elas são administradas por uma imobiliária local.

“Atualmente apenas uma delas é alugada, por uma senhora de uns 70 anos, mas que eu também não me recordo do nome. O valor é quase simbólico, apenas R$ 150,00. Mas desde 2010 que a procura de locatários diminuiu. O último morador a sair de lá, se mudou há pouco mais de um ano”, conta.

Quando ainda era o seu pai que administrava os aluguéis, Júlio comenta que a média de tempo em que cada morador permanecia nos imóveis era de pelo menos um ano. "Se for levar em conta essa média de tempo, desde que meu pai começou a alugá-las, foram mais de 30 inquilinos", observa.

Pela falta de contato com os vizinhos e até com os próprios locatários, ele admite que são poucas as lembranças das muitas famílias que passaram por lá.

Mas um dos mais curiosos moradores das casinhas, teve até um mágico que ia para as festas que animava de Kombi. “Se não me engano, o nome dele era Luís e deve ter morado em uma das casinhas por uns cinco anos. Foi um dos inquilinos mais curiosos e que, inclusive, contratei para uma festa de aniversário uma vez”, ri.

Atualmente o senhor Júlio vem a Campo Grande a cada dois meses, mas demolir as casinhas está fora de cogitação. “Em julho eu devo dar inicio ao processo de reforma, mas nada muito radical. A intenção é preservar tanto a estética dos terrenos, quanto das casas”, conclui.

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