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Arquitetura

Galpão dá lugar a sonho de artista plástica e agora é espaço para receber amigos

Thailla Torres | 18/01/2017 07:02
Galpão pré moldado virou ateliê com artes plásticas, dança, yoga e gastronomia. (Thailla Torres)
Galpão pré moldado virou ateliê com artes plásticas, dança, yoga e gastronomia. (Thailla Torres)

Aos 57 anos, Lúcia Martins Coelho Barbosa largou o convencional e tomou coragem para novas experiências. Pintora e desenhista, a artista plástica sul-mato-grossense inaugurou há alguns meses o Múltiplo Ateliê, espaço dedicado as artes, dança, yoga e gastronomia com encontros e oficinas ministrados por ela e os filhos.

Há 5 anos, a artista, vinha sonhando com o projeto que durou cerca de dois para ficar pronto.

Lúcia tem um ateliê no mesmo lugar onde funciona o escritório dos irmãos. Mas acredita que chegou o momento de ampliar os sonhos e colocar em prática novos projetos. Entre eles, de um espaço maior que pudesse reunir arte, felicidade, cultura e os filhos.

Na entrada, a mesa de jantar com mais de 70 anos, que foi de dona Lúcia Martins Coelho. (Foto: Thailla Torres)
Na entrada, a mesa de jantar com mais de 70 anos, que foi de dona Lúcia Martins Coelho. (Foto: Thailla Torres)
Decoração composta por obras de arte e mobília que Lúcia se identifica. (Foto: Thailla Torres)
Decoração composta por obras de arte e mobília que Lúcia se identifica. (Foto: Thailla Torres)
Com mesa e sofás ao centro do galpão, espaço vira ateliê e sala de cinema em dias de encontro. (Foto: Thailla Torres)
Com mesa e sofás ao centro do galpão, espaço vira ateliê e sala de cinema em dias de encontro. (Foto: Thailla Torres)

“Artista pinta até debaixo das árvores, onde ele quiser, na verdade. Mas o espaço é importante, as vezes pensava em fazer grandes telas, mas não cabiam”, justifica sobre a escolha de mudar.

Para que tudo que estivesse no coração coubesse em um espaço físico, Lúcia fugiu da construção convencional e optou por uma casa gigante, que lembrasse um galpão, com estruturas semelhantes a de uma oficina. “Foi meu irmão quem deu a ideia de fazer nos mesmos moldes de um galpão de fazenda, daqueles utilizados para guardar trator”, conta.

Projetada pelo arquiteto carioca Eldoro Berlinck, a obra pré-moldada tem 7,5m de altura. Feita com estrutura metálica e blocos de concreto, o imóvel ganhou tratamento térmico no teto e no depósito de obras de arte.

Também é do tipo ecologicamente correta. No telhado há placas solares utilizadas para o funcionamento de 8 ares-condicionados e caixas d’água para captação de água da chuva, usada na limpeza e irrigação das plantas.

A construção ganhou um tom moderno, no chão o acabamento é de cimento queimado e paredes receberam tintura branca por todos os lados. “Isso foi proposital, tive que fazer uma opção para não haver confusão entre obras e paredes coloridas. Eu sabia que iria trazer coisas do meu ateliê antigo e iria preenchendo o espaço de cores”, justifica Lúcia.

Lúcia ao lado da primeira tela que pintou dentro do Multiplo Ateliê. (Foto: Thailla Torres)
Lúcia ao lado da primeira tela que pintou dentro do Multiplo Ateliê. (Foto: Thailla Torres)
Detalhe para o colorido que faz parte da vida de Lúcia. (Foto: Thailla Torres)
Detalhe para o colorido que faz parte da vida de Lúcia. (Foto: Thailla Torres)
Grafismos e fotografias estão por toda parte. (Foto: Thailla Torres)
Grafismos e fotografias estão por toda parte. (Foto: Thailla Torres)

Lá dentro, a decoração divide os ambientes com painéis e mobília moderna. No térreo, tem espaço para cozinha, sala de jantar, sala de TV, ateliê, depósito e banheiro. Na parte superior, apenas as extremidades do galpão foram utilizadas na construção de um quarto e uma espaço para dança e yoga, que recebeu piso de madeira.

O lugar arejado, ganha com a iluminação natural que entra por janelas de vidro em toda parte. De um dos ambientes, dá para ver painéis feitos com azulejos no corredor de fora, arte pensada por Lúcia para resgatar a história da família. “Era da casa dos meus avôs na Avenida Afonso Pena. Antes dela ser demolida, fui lá e resgatei essas peças. São azulejos que ficavam próximos a piscina e cerâmica que estava em uma das salas. Achava lindo, precisava trazer”, conta.

Cada cantinho tem uma história contada por Lúcia e por pessoas importantes na vida, a começar pelas suas obras que compõe a maior parte da decoração. Na entrada é a mesa histórica que era de sua avó Lúcia Martins Coelho, que ficou de presente e agora faz parte do ateliê.

Mesas, cadeiras e até o colorido do tecido acrobático chama atenção e é usado em uma das vigas para apresentação de dança.

O que é mais interessante, é a possibilidade de ampliação do lugar, sem muito transtorno. Os móveis e as divisórias, receberam rodinhas, que facilita a remoção da estrutura interna. “Então ficou tudo fácil, agora tem três ambientes, mas basta arrastar e a gente ganha um espaço maior para qualquer evento ou espetáculo”, explica Lúcia.

Cozinha planejada para oficinas e eventos de gastronomia. (Foto: Thailla Torres)
Cozinha planejada para oficinas e eventos de gastronomia. (Foto: Thailla Torres)
Espaço para dança e yoga no segundo pavimento. (Foto: Thailla Torres)
Espaço para dança e yoga no segundo pavimento. (Foto: Thailla Torres)
Ateliê visto do segundo pavimento. (Foto: Thailla Torres)
Ateliê visto do segundo pavimento. (Foto: Thailla Torres)

Múltiplo – Fazendo jus ao nome, o lugar reúne todas as artes e a ideia é colocar em prática oficinas voltadas à gastronomia, administradas pelo chef de cozinha Paulo Machado, além de dança e yoga gerenciadas pela bailarina Maria Elvira Machado e sua irmã Inês Machado, todos filhos de Lúcia.

“Esse ateliê demonstra que nada está separado, toda arte tem uma ligação, são correntes e isso vai nascendo conforme a convivência. Temos a arte em comum e isso não fui eu que ensinei, eu fomentei na vida deles. Por isso esse espaço ficou maior para mim e para dar lugar a arte dos meus filhos”, comemora.

A primeira oficina foi realizada na semana passada, com a presença de amigos e convidados. Paulo Machado, trouxe conhecimento sobre especiarias e conta que além do da comida sul-mato-grossense, vai inserir a culinária de outras regiões.

"Como eu viajo bastante em busca de novos sabores, divulgando a cozinha brasileira e do mundo, a ideia é trazer conhecimento sobre a culinária de vários lugares. Sabores diferentes e com sentimentos diferentes", explica o chef.

Lúcia e o filho Paulo Machado, que é chef de cozinha. (Foto: Lucas Possiede)
Lúcia e o filho Paulo Machado, que é chef de cozinha. (Foto: Lucas Possiede)

Ao som de Ella Fitzgerald, Lúcia vai mostrando todos os cantos da casa. No depósito, algumas das obras que estão sendo catalogadas por ano e inspiração. No ateliê onde pinta, está o cavalete com mais de 14 anos, peça que, segundo ela, foi impossível deixar para trás. "Trouxe muita coisa que faz parte da minha história", conta. 

Quando Lúcia colocou os pés pela primeira vez assim que o lugar ficou pronto, a obra de arte feita no local ganhou conceito gestual, inspirada na realização e garra em ver um sonho construído. "Fiz ele com aquele grito de quem joga tênis", reproduz. "De ter o que eu sempre quis, então foi um quadro totalmente gestual e nem pensei o que teria por baixo", diz mostrando a obra feita com técnica acrílica.

Com 40 anos de carreira, agora, Lúcia diz que vive um momento de reflexão. "Com um espaço maior, agora vou fazer uma arte mais pensada sobre o que estou colocando na tela. Fiz tudo isso em primeiro lugar para mim e para os meu filhos, adoro aprender com eles. Mas também para os amigos e as pessoas que buscam inspiração. Isso daqui é um troca", diz. 

Otimismo é palavra certa para Lúcia, que não esconde a felicidade, mesmo que em algum momento os dias não sejam tão fáceis. "Procuro ser otimista, porque apesar de todos os problemas, uma tia diz que é mais fácil ser feliz. Não vou dizer que toda hora sou feliz, mas que prefiro absorver toda alegria e criatividade para ser feliz. Porque tem gente que investe em formação de pasto, eu invisto em formação de mentes", declara.

Lúcia e o filho, estão organizando oficinas e workshops para os próximos meses. Em breve informações serão divulgadas na página do Instituto Paulo Machado.

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Confira a galeria de imagens:

  • Casa vista de frente, um projeto do arquiteto carioca Eudoro Berlinck. (Foto: Thailla Torres)
  • Na entrada, objetos antigos, obras de arte e a mesa, uma relíquia de família. (Foto: Thailla Torres)
  • Do lado de fora, azulejos e cerâmicas recuperadas na casa dos avós de Lúcia. (Foto: Thailla Torres)
  • Cozinha planejada, para as oficinas e eventos que serão ministradas por Paulo Machado. (Foto: Thailla Torres)
  • Escadaria que dá acesso ao espaço para yoga e dança. (Foto: Thailla Torres)
  • Desenho feito por Lúcia quando comprou o terreno há 5 anos. (Foto: Thailla Torres)
  • Utensílios de cozinha escolhidos por Lúcia e o filho Paulo. (Foto: Thailla Torres)
  • Especiarias utilizadas no preparo do garam masala. (Foto: Thailla Torres)
  • Detalhes da cozinha cheia de objetos e obra de arte. (Foto: Thailla Torres)
  • Mais um ângulo do ateliê. (Foto: Thailla Torres)
  • Jardim em que Lúcia cultiva temperos e mudas de guavira. (Foto: Thailla Torres)
  • Parte do acervo de Lúcia que está sendo catalogado, com obras dos 40 anos de carreira. (Foto: Thailla Torres)
  • Lúcia não tem medo de sujar as mãos e nem o tanque com tinta. (Foto: Thailla Torres)
  • Detalhe para a primeira obra feita dentro do espaço dos sonhos. (Foto: Thailla Torres)
  • Registro no momento da produção. (Foto: Lucas Possiede)
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