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Arquitetura

O que o projeto arquitetônico de uma casa revela sobre uma cidade?

Mariana Lopes | 05/03/2013 09:34
Projeto gráfico da casa em Luanda (Foto: Ilustração)
Projeto gráfico da casa em Luanda (Foto: Ilustração)

O que você diria de uma casa com 4 quartos de empregada, reservatórios de combustível e de água, gerador de energia e com 750 m² de área construída? No Brasil, isso seria uma mansão, com luxos desnecessários. Mas em Luanda, capital de Angola, os itens extras que compõem o projeto arquitetônico não são meras frescuras.

“Por aí dá para perceber que é um país que precisa de maior investimento em infra-estruturar, falta água, energia e tem uma grande desigualdade social”, destaca Gil Carlos de Camillo. O arquiteto sul-mato-grossense, com sobrenome famoso no ramo, é responsável pelo projeto lá no outro continente e em diversos locais do Brasil.

Na Africa, a residência, que será construída no topo de uma colina, a 150 metros do Oceano Atlântico, é para uma família com o casal e três filhos.

A casa também terá duas cozinhas, o que, segundo o arquiteto, é outro ponto que atende a cultura do país. “Uma das cozinhas fica do lado de fora, pois os angolanos gostam de comidas condimentadas, com cheiro forte”, explica Gil.

A obra contemporânea terá quatro andares. No subsolo ficarão a garagem para os carros, os reservatórios e dois quartos de empregadas. No térreo será a área social, incluindo as salas. No 1º andar serão os quartos. Por fim, no o 2º andar, ou cobertura, será localizada a área de lazer, com bar, varanda e academia. Por incrível que pareça, pelo menos no ponto de vista de qualquer brasileiro, a casa não tem piscina.

Projeto gráfico da casa na Península de Maraú, na Bahia  (Foto: Ilustração)
Projeto gráfico da casa na Península de Maraú, na Bahia (Foto: Ilustração)

Outro exemplo citado pelo arquiteto fala muito sobre o Brasil. É o de uma casinha bem charmosa que Gil Carlos de Camillo fez para um amigo em uma área bem reservada na Península de Maraú, na Bahia. Em um espaço de terra de 100 mestros, a residência será construída de frente para o mar e de costas para a Lagoa do Cassange.

A 15 quilômetros de Barra Grande, na ponta norte de Maraú, o arquiteto campo-grandense define a casa: "totalmente praieira, não é para morar". E é exatamente essa a intenção dos proprietários. O projeto foi solicitado por dois casais, que construirão a casa para passear em dias de folga.

Por conta disso, Gil destaca que um dos principais aspectos da residência é a integração dos cômodos. "É um ponto social, todo mundo se vê dentro e fora da casa", diz. A sala, por exemplo, será feita toda de vidro, para ter vista tanto para o mar quanto para a lagoa.

Por aqui - E se os projetos arquitetônicos fossem desenvolvidos para Campo Grande, o que mudaria?

Segundo Gil Carlos de Camillo, há duas coisas que não podem faltar nas casas dos campo-grandenses, considerando uma obra para uma família com algum dinheiro para gastar: varanda e cozinha próxima à churrasqueira. O arquiteto também destaca a preferência do contemporâneo que caiu no gosto do povo. "Houve tempo que a moda era a madeira", explica.

No Brasil, muitos projetos de casas trazem itens de sustentabilidade, mas isso não é algo intrínseco ao estilo contemporâneo. "É uma tendência só, está mais relacionada com necessidade, com preservação ao meio ambiente, problema no qual as pessoas estão atentas e sensibilizadas", justifica.

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