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Arquitetura

Sem dinheiro, escola que ensina marcenaria a jovens de graça pode fechar

Thailla Torres | 05/11/2016 07:39
Projeto ensina marcenaria de graça a adolescentes da periferia. (Foto: Arquivo Gira Solidário)
Projeto ensina marcenaria de graça a adolescentes da periferia. (Foto: Arquivo Gira Solidário)

Há 15 anos formando marceneiros na periferia de Campo Grande, a Escola Pau Brasil, projeto da ONG Gira Solidário corre o risco de fechar as portas. O motivo? Falta de dinheiro para manter cursos que ensinam marcenaria de graça à adolescentes de baixa renda. Na busca por recuperar as forças, a instituição lançou uma campanha de doações e batalha para conquistar de novo os patrocinadores.

A ONG foi criada pelo publicitário e design suíço Stephan Hofmann, que veio ao Brasil lutar por uma vida mais digna para quem vive na pobreza em Mato Grosso do Sul. No projeto, com capacidade para ensinar 12 alunos, somente seis estão inseridos. A justificativa é a falta de recursos diante da queda de doações e a perda de patrocinadores internacionais desde 2014.

A principal causa, segundo Stephan, foi a queda de credibilidade do País no exterior. "Cenário político e escândalos tiraram a confiança dessas pessoas, empresas e fundações. Fizemos um orçamento para sete anos no início e em seguida começamos captar recursos. 80% dos gastos para manutenção da escola conta com esses apoiadores, mas a cada ano sai alguém que decide não investir mais no Brasil", diz.

Stephan mostra o móvel feito por alunos. Tudo é feito no encaixe, sem pregos.
Stephan mostra o móvel feito por alunos. Tudo é feito no encaixe, sem pregos.

A situação piora com a falta de apoio do lado brasileiro, já que não há nenhum patrocínio aqui. Todas as tentativas foram negadas por instituições, com discurso de que o projeto é irrelevante. "Eles falam de uma forma mais elegante, mas a crítica é quanto a quantidade de alunos em que formamos. Acham que é pouco e que o projeto é irrelevante", lamenta.

Mas o publicitário argumenta e ressalta a importância para o desenvolvimento dos alunos. "Tem que entender que não é só um curso técnico. Queremos formar grandes profissionais e que eles saiam daqui com oportunidade no mercado de trabalho. Não é quantidade, mas sim qualidade. Do que adianta ensinar um curso rápido a 50 alunos e depois jogá-los no mundo sem nenhum preparo? Por isso eu digo que não é só técnica, trabalhamos cidadania, educação, autoestima para que eles criem suas próprias posturas e culturas para o mercado", esclarece.

Sem incentivo e dinheiro para manter os gastos, Stephan teme o pior. "Quando decidi uma mudança drástica na minha vida e vir para Brasil ajudar estes jovens, decidi que ia trabalhar de forma real. Sou um otimista, mas não a ponto de ficar 'boiando' no vazio. Sei que sem recursos não tem continuidade", alerta.

Espaço onde alunos aprendem o manuseio de máquinas para o corte da madeira.
Espaço onde alunos aprendem o manuseio de máquinas para o corte da madeira.

A escola tem um gasto de R$ 12 a R$ 15 mil por mês, com investimento em material didático, alimentação, transporte e matéria prima para os alunos. Sem patrocinadores, o jeito será conquistar amigos indo até eles. 

Na semana que vem, Stephan embarca para Suíça para conversar com 22 empresários e colaboradores. "Quero trabalhar com empresas que querem investir em projetos sociais. Por isso vou em busca de pessoas que tenham a mesma visão. Falarei do índice de pobreza, as dificuldades e a importância desse projeto para cultura e a dignidade desses jovens", diz. 

No projeto, as peças produzidas pelos alunos durante o ano são de madeira de reflorestamento e nenhuma recebe pregos ou parafusos. Tudo é feito na base do encaixe e cola. Além de aprenderem as técnicas, alunos têm aula de português, matemática e geometria e ainda desenvolvem a criatividade e sensibilidade na produção de cada móvel. 

Por isso foi criada uma campanha para arrecadar fundos que possam manter as ações da Escola Pau-Brasil e da GIRA Solidário. Quem tiver interesse em apoiar fazendo uma doação em dinheiro pode acessar o site.

A ONG fica na Rua Miraí, 700, Bairro Pioneiros. O telefone para contato é (67) 3384-8400 e informações sobre cursos também estão no Facebook.

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