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Arquitetura

Tendência na cidade é montar boteco ou empório, começando pela arquitetura

Ângela Kempfer | 11/09/2013 07:08
Boteco começa pelo nome do restaurante na Rua da Paz. (Foto: Cleber Gellio)
Boteco começa pelo nome do restaurante na Rua da Paz. (Foto: Cleber Gellio)

Antigamente, um boteco para ser chamado assim, tinha de ter um dono de cabelo engordurado, sempre do lado de lá do balcão de fórmica de pintura arranhada, atrás de grandes vidros de salsichas, tudo emoldurado por um monte de engradados de cerveja. Eram tempos de copo americano, camisetas de times nas paredes e um vira-latas, ou dois, parados na porta do estabelecimento.

É claro que os botecos tradicionais ainda existem pela periferia de Campo Grande, não com todas, mas com muitas dessas características. Mas as versões moderninhas não tem nada de parecido, apesar do aconchego.

Hoje, a maioria dos negócios abertos em Campo Grande busca a marca do boteco como estilo. Alguns começando até pelo nome. Os empórios, antigas mercearias do tempo do epa, também são moda, porque resgatam uma atmosfera que por anos se perdeu em construções sem muita bossa.

Pela cidade, há muitos desses exemplos. O restaurante, a antiga cantiga, a casa de produtos árabes, o bar em região nobre... Quase todos, utilizam na fachada e no interior os mesmos elementos, o que virou padrão de projeto arquitetônico nesse tipo de ambiente.

As lojas de materiais de construção vendem a rodo, por exemplo, tijolos de demolição, são milheiros depois de milheiros do revestimento, um pedido recorrente de arquitetos que têm como objetivo transformar o empreendimento do cliente em um lugar com cara de tradicional.

Mil tijolinhos desses, do tamanho grande, custam aqui na cidade cerca de R$ 1.9 mil, do médio o valor cai para R$ 1.8 mil e do pequeno é R$ 1.3 mil. Com 26 peças do maior tijolo é possível cobrir um metro, o médio cobre o mesmo espaço com 36 peças e o pequeno cobre o metro com 42 peças.

Outro detalhe que não pode faltar é o ladrilho hidráulico, para dar um colorido peculiar e, ao mesmo tempo, deixar claro que aquele ponto valoriza o artesanal, o clássico.

No Empório Mansur, o "quadro negro" na fachada é outro elemento dos velhos tempos, mas repaginado. (Foto: Cleber Gellio)
No Empório Mansur, o "quadro negro" na fachada é outro elemento dos velhos tempos, mas repaginado. (Foto: Cleber Gellio)

No Empório Mansur, na rua Antôno Maria Coelho, os quadros negros das velhas mercearias ganharam uma versão moderna, pintados na fachada, para servir de anúncio das promoções do dia e das novidades. A plaquinha com o nome da loja também é algo que integra a lista de pontos a serem contemplados pelo arquiteto para garantir a atmosfera antiga. São sempre cópias do que se fazia antigamente, fórmula repetida na casa Mansur.

Na pizzaria São Paulo, na rua José Antônio, o grande portão de ferro é o que dá o clima dos velhos tempos, cumprindo assim mais um dos pontos do que parece ser regra hoje na arquitetura local sobre como construir um estabelecimento com cara de boteco ou empório.

Do outro lado da cidade, a leitura é mais moderninha. Há noventa dias, Julyann abriu o Boteco da Gula, na Rua da Paz. Para a arquiteta Julliane Brum, ele pediu um prédio que fosse suave, com aspectos rústicos e modernos ao mesmo tempo.

A fachada teve suma importância, é claro, para de cara mostrar a proposta do lugar. "Reflete um ambiente descontraído, moderno e aconchegante", avalia Julyann.

A feliz escolha da casa é a placa de metal na entrada, com um recorte rococó, que emoldura a logomarca, em uma cor chamativa que é como a alma do prédio. Uma peça que parece complicada de executar, mas que foi desenhada por uma empresa pequena de Campo Grande, de amigos do proprietário.

A arquiteta Juliane lembra que não inventou a roda, apenas seguiu o que já é certo em projetos do tipo. "Usamos elementos que fazem do lugar um local aconchegante, como o os tijolos e a madeira", explica. Na iluminação, algo indispensável são as luminárias pendentes, aos moldes passados, lembra.

Na fachada, um grande pergolado garante um clima fresquinho e também resolve um problema de legislação que não permite cadeiras na rua. As mesas do boteco moderno hoje não ficam mais na calçada. No Boteco da Gula, a solução foi construir um deck, para evitar problemas com a prefeitura, mas garantir a vista da rua.

Mas hoje, não há sinais do rádio de pilha no boteco moderno, só grandes televisores espalhados pelo ambiente, para a transmissão, principalmente, dos jogos de futebol.

Cantinho São Paulo tem um portão que também remete ao aconchego das antigas. (Foto: João Garrigó)
Cantinho São Paulo tem um portão que também remete ao aconchego das antigas. (Foto: João Garrigó)
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