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Arquitetura

Versões modernas de casas feitas de terra tem o charme da cor natural à mostra

Elverson Cardozo | 24/06/2014 06:24
Construção da casa em Dourados. (Foto: Arquivo Pessoal)
Construção da casa em Dourados. (Foto: Arquivo Pessoal)

Você moraria em uma casa de terra? Isso mesmo. De terra. A arquiteta e urbanista de Campo Grande Ana Carolina Veraldo, de 35 anos, especialista em paisagismo, é uma das profissionais que desenvolve projetos assim. A técnica da casa de taipa de pilão não é nova. É milenar, mas, apesar disso, pouca gente se interessa e quem procura ainda tem muitas dúvidas.

Não desmancha? É resistente? Dura quanto tempo? Constrói rápido? Sai mais barato? “Todo mundo pergunta isso”, conta. Não. Não desmancha. “Tem casas na França com mais de 100 anos, as muralhas da China, castelos na Espanha... Tudo foi feito assim”, esclarece.

É resistente à chuva, sol e outras adversidades, dura anos, pode demorar ou sair rápido – depende da mão de obra disponível, dos materiais, que nem sempre barateiam o orçamento. “Às vezes fica até mais caro”, orienta.

Mas tudo só vai dar certo se desenvolvido por um profissional, que vai se preocupar, por exemplo, com a parte estrutural e qualidade térmica. Não é como antigamente quando muita gente, por necessidade, colocava a mão na massa porque só queria um canto para morar.

Na atualidade e no meio acadêmico, explica, a técnica recebe a denominação de painéis monolíticos de solo-cimento. “O trabalho alia técnicas antigas com tecnologias contemporâneas na produção de paredes maciças de terra compactada, com qualidades estruturais e potencialidades sustentáveis”.

Casa de Terra Bororo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Casa de Terra Bororo. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A gente faz uma mistura de terra com um pouco de cimento e água para dar liga. Jogamos essa mistura em formas e aí vamos compactando. Depois que seca vira uma pedra, um bloco mesmo”, conta, ao comentar que não é toda terra que vale.

As paredes são moldadas in loco e dispensam colunas. São encaixadas. A ideia é deixar a cor da terra à mostra. É o charme do trabalho, por isso, geralmente, recomenda-se passar uma proteção do lado de fora, silicone, por exemplo.

Mas, quem quiser, pode pintar com tinta a base de água ou com a própria tinta de terra, outra técnica pesquisada pela arquiteta. O produto, potencialmente mais sustentável, é feito basicamente com cola PVA e pode ser aplicado tando do lado de fora quanto de dentro. As tonalidades vão do bege ao preto, passando pelos cinzas, vermelhos, ocres e laranjas.

Primeira experiência - Ana Veraldo estuda o assunto desde 2009, ano em que concluiu a construção da casa dos pais, em uma fazenda na área rural de Jateí, a 50 quilômetros de Dourados, interior do Estado.

O imóvel de 260 metros quadrados custou R$ 65 mil, mas a própria arquiteta colocou a mão na massa e a família já tinha um pouco de madeira, janelas de demolição, areia e terra.

Trata-se de um projeto piloto. Uma obra, segundo ela, pioneira. A ideia era colocar em prática as pesquisas realizadas, os conhecimentos adquiridos e também demonstrar que, sim, é possível construir uma casa de terra que, nas palavras dela, “dialoga com desenhos e materiais contemporâneos, atendendo as necessidades de conforto, economia e saúde”.

Em Mato Grosso do Sul, a arquiteta já fez outras três casas: em Dourados, em Campo Grande e um protótipo dentro da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Solicitação de projetos, obras e consultorias podem ser feitos pelo telefone (67) 8119-5478.

Protótipo na UFMS. (Foto: Arquivo Pessoal)
Protótipo na UFMS. (Foto: Arquivo Pessoal)
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