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Arquitetura

Em casas de mais de 60 anos, a imagem que parou no tempo

Ângela Kempfer | 09/11/2011 17:00
Casa na rua Barão do Melgaço, como há 60 anos. (Foto: João Garrigó)
Casa na rua Barão do Melgaço, como há 60 anos. (Foto: João Garrigó)

A cena é bem anos 60, não fosse a pintura desgastada das paredes azuis e a ferrugem no Aero Willys de mesma cor. Na rua Barão do Melgaço, em Campo Grande, no quarteirão que começa na rua Padre João Crippa, os imóveis antigos mostram a cidade que já se perdeu na maioria dos bairros antigos.

Dois imóveis eram do mesmo dono, um fazendeiro da região de Rio Verde que deixou os casarões de herança para o filho.

Na garagem da casa onde a família ainda vive, o Aero Willys azul ano 68 é o que mais chama a atenção para o tempo que passou, apesar da casa ser bem mais velha, da década de 40.

È como se tudo estivesse ali desde um dia depois do trabalho. O veículo é completamente original, “mas o motor não funciona há muitos anos. Precisa ser restaurado”, diz a dona da casa, nora do responsável pela construção.

A mulher, de poucas palavras, se identifica apenas como Creusa. Parece arredia depois de tantos interessados no carro que já bateram fazendo propostas de compra. “A gente não vende de jeito nenhum, é relíquia”.

O marido, identificado como João, compartilha a vontade de preservar o carro do pai na garagem e a vida da família na Barão de Melgaço, no número 445.

Aero Willys ano 68.
Aero Willys ano 68.
Armário azul ficará de herança para a filha de 30 anos.
Armário azul ficará de herança para a filha de 30 anos.

As propostas de compra do imóvel também perturbam os proprietários, donos também de um casarão amarelo ao lado, ainda mais imponente e original e agora alugado.

“Não tenho interesse nenhum em me mudar, ir para um apartamento. Minha vida é aqui”, lembra Creusa, durante pausa na tarefa de pendurar as roupas no quintal.

Na fachada da casa azul, a única modificação foi a troca das janelas originais de madeira pelo modelo de ferro, mas o tamanho dos quartos, por exemplo, continua sendo uma grande vantagem. "São 4X4, não se faz mais isso", comenta Creusa.

No casarão amarelo nada mudou. No interior dos dois, a dona jura que nunca foi preciso qualquer obra grande, apenas reparos. “É tudo de material muito bom”.

Na despedia, na porta da casa, outra relíquia, um armário azul em madeira, objeto de desejo de qualquer decorador, mas completamente indisponível. “É herança para minha filha, ninguém toca”, lembra Creusa.

Casarão amarelo tem fachada ainda mais preservada.
Casarão amarelo tem fachada ainda mais preservada.
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