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Arquitetura

Sem bancos no Centro, jeito é ficar pouco ou sentar quase no chão

Ângela Kempfer | 26/04/2012 13:32
Erika e Marlon sentados na fachada, no horário do almoço, dividem espaço com Joaquim e o filho de 4 anos.  (Fotos: Minamar Júnior)
Erika e Marlon sentados na fachada, no horário do almoço, dividem espaço com Joaquim e o filho de 4 anos. (Fotos: Minamar Júnior)

No vai e vem de pessoas pelo Centro de Campo Grande, o que se vê é gente cansada, escorada ou sentada nas fachadas das lojas. Não adianta rodar, não há bancos públicos nas ruas, em nenhuma delas.

No alto, sentado tranquilamente em um fio da rede elétrica, o pássaro Urutau chega a dar inveja ao aposentado Isidoro Faustino, de 72 anos. “Ele está muito melhor que nós. É o único que consegue descansar neste Centro”, reclama.

De olho na ave, o mototáxista Marcelo Moraes conta que o Urutau está ali há 2 dias. Ele observa o bicho também sentado no único lugar disponível na rua 14 de Julho, mas em um banco que tem dono. “Nós compramos, assim como a TV”, explica sobre o ponto de mototáxi instalado na esquina com a Barão do Rio Branco.

Mesmo assim, até quem tem seu próprio banco não pode usufruir do conforto o dia todo. “Não conseguimos colocar cobertura. Sentar aqui antes da uma da tarde é impossível, é muito calor”, explica.

Marcelo confortável, no banco que tem dono.
Marcelo confortável, no banco que tem dono.

Na loja de óculos, uma das atendentes é capaz de jurar que alguns entram só para aproveitar a cadeira. “Tem gente que diz que vai ver óculos, pede até água, mas depois de descansar um pouco, vaza”.

O comerciante Joaquim dos Santos veio de Água Clara para comprar um freezer em Campo Grande e depois de 3 horas rodando a cidade com a mulher e o filho de 4 anos acabou sentando na fachada de uma loja mesmo para o menino tomar sorvete. “Tem banco de ponto de ônibus, mas vive cheio. Centro é só para quem tem carro mesmo”, reclama.

Pode parecer coisa sem importância, assim como a falta de banheiros públicos (motivo de tantas reclamações já noticiadas). Mas quem conhece outras realidades sabe que o Centro poderia ser diferente se fosse preparado para acolher melhor, não só consumidor, mas quem trabalha por ali.

A sombra e água fresca, que poderiam vir dentro de um restaurante, não aparecem tão fácil. “A gente come e já vem um atendente pedir para levantar da mesa porque tem fila”, conta a vendedora Érika Militão.

As propostas para melhorar a região e deixar a cidade mais “bonitinha” é investir em bancos no projeto de revitalização do Centro.

As sugestões não são tantas, a maioria quer bancos nas calçadas, entre um parquímetro e outro já instalado pelas ruas. “Não ia atrapalhar o fluxo em nada”, diz a funcionária Amanda Peralta, que trabalha uma loja de produtos populares da Afonso Pena.

Urutau bem sentado na rede elétrica.
Urutau bem sentado na rede elétrica.

A praça - Na hora do almoço, quem trabalha pelo Centro também tem de fazer hora praticamente sentado no chão.

É o caso de Marlon, que ao lado da amiga costuma esperar o tempo passar na fachada da farmácia. “Antes eu ficava na praça, mas como fechou para reforma, agora não tem lugar para descansar, então fico aqui”.

Para a aposentada Aurora Machado, de 72 anos, a praça reaberta não significaria muita coisa. “Vou ter de andar até lá para sentar?”, questiona no cruzamento da 14 com a Barão.

Com a filha de um ano nos braços, Joseane Nunes adoraria ver um banco pela frente, mas sem uma parada confortável, o jeito é ficar pouco tempo, “dar uma olhadinha e pegar o ônibus de volta pra casa ou ir para o shopping”, recomenda.

Cansada, a mãe Joseane Nunes já vai voltar para casa com a filha.
Cansada, a mãe Joseane Nunes já vai voltar para casa com a filha.
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