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Artes

Atores campo-grandenses superam as dificuldades e apostam nos grandes centros

Leandro Marques | 19/06/2015 06:45
Lu Camy, em cena da Novela Sangue Bom. (Foto: Divulgação)
Lu Camy, em cena da Novela Sangue Bom. (Foto: Divulgação)

Quantos neste mundo não sonham em ser ator, brilhar em uma grande tela, na televisão ou nos palcos? A carreira de ator é sedutora, parece glamourosa, fácil e cheia de regalias. Para um artista conquistar seu lugar ao sol, ter reconhecimento, fama e segurança financeira, é preciso muita luta e foco, não é fácil. Estudos, testes, "nãos", desilusões, mais "nãos", competição, carência... são apenas alguns dos perrengues que um ator em início de carreira precisa passar para receber aquele "sim" tão esperado.

A capital do MS ainda está longe de ser o ambiente ideal para aqueles que querem alçar voos maiores. Quem quer ser visto, parte para uma jornada incrível e, algumas vezes, inóspita nos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Em São Paulo, vivem os atores Leandro Grance, 30 anos, e Roberta Dourado, 23. Em Campo Grande, Grance era publicitário, escolheu a profissão pois considerava a mais "criativa" das opções que tinha. Filho e neto de artistas, ele diz encontrar na arte da interpretação uma forma de 'alimentar seu espírito', mesmo conhecendo a instabilidade e forte concorrência neste meio. "Cresci em uma família que, apesar de muito artística, sempre viu a arte como um estigma. Acho que a maioria dos pais sempre deseja que o filho tenha 'sucesso financeiro' e optam por estimulá-los em áreas profissionais mais 'seguras' e não foi diferente comigo", revela.

Roberta Dourado em cena. (Foto: Divulgação)
Roberta Dourado em cena. (Foto: Divulgação)

O ator mudou-se para São Paulo há sete anos. Foi com a cara e a coragem e contava apenas com três meses de seguro-desemprego e muitos sonhos na bagagem. Se virou como pôde e matriculou-se na Escola de Atores Wolf Maya, formou-se, mas as oportunidades não chegaram da noite para o dia. "Um aspirante a ator faz de tudo menos atuar, a principio faz figuração, eventos, desfile, trabalha em shopping, é garçom, recepcionista, de tudo um pouco, o ator vive na corda bamba", conta.

Roberta Dourado diz sempre ter paixão pela atuação, fazia teatro na escola e, depois, no 'Aracy Balabanian'. Por influência do pai, estudou arquitetura por um ano e três meses, mas se viu aprendendo algo que não tinha a ver com ela.

Em um exercício de autoconhecimento, percebeu que não estava seguindo aquilo que queria, foi aí que estalou a decisão de buscar o que realmente queria. Mudou-se para São Paulo há cinco anos, também estudou e se formou na Escola de Atores Wolf Maya, fez diversas oficinas na cidade e, hoje, segue em busca de trabalhos e novas oportunidades.

"No início, por não conhecer o mercado direito, você imagina que se formando vai conseguir algo na área logo, mas não é bem assim. Os professores sempre falavam sobre as dificuldades do meio e, com o tempo, você vai percebendo como as coisas funcionam e colocando os pés no chão", conta Roberta.

No Rio de Janeiro, cidade forte em produções televisivas, terra da 'toda poderosa' Rede Globo e onde a Rede Record também tem investido muito em teledramaturgia, a atriz campo-grandense Lu Camy foi atrás de se realizar profissionalmente. Há onze anos vivendo em terras cariocas, nesse tempo todo ela formou-se na a Escola Técnica de Teatro Martins Penna, fez universidade e sempre trabalhou em grupos teatrais. Ela já participou de algumas novelas, como sua mais recente "Sangue Bom", da Rede Globo.

Os caminhos para ela também não foram fáceis, buscar a atuação como profissão está próximo de um teste de resistência. "Penso em desistir o tempo todo. Está ocorrendo uma grande inversão de valores na nossa sociedade. O artista é obrigado a repensar sua forma de comunicar com o outro ou sua arte fica muito pobre de ideias, beleza... O ator está se tornando um produto que não pensa mais", desabafa.

Lu Camy não deixou a cultura do MS longe, mesmo morando em um lugar muito diferente. Ela esteve em cartaz por um bom tempo com a peça "A Moça da Cidade", do autor sul-mato-grossense, Anderson Bosh. Sucesso de público e crítica, a nossa cultura foi representada!

Mas é claro que assim como tudo na vida, ir em busca do que se quer tem suas recompensas. Apesar da luta ser árdua, nada paga o sentimento de dar vida a um personagem, sentir a energia do palco, o aplauso do público, a felicidade de mostrar seu trabalho na tv pra sua família e amigos... "Minha felicidade é vencer um leão por dia e dormir em paz... o olho entreaberto sabendo que amanhã o leão me aguarda novamente", diz Leandro Grance.

Sempre estar envolto em algum projeto ou estudo também é muito importante para quem leva a sério a carreira de ator. Roberta Dourado, por exemplo, tem um canal no Youtube, o Sessão de TeraPIRA, onde ela faz esquetes bem humoradas e divertidas.

Leandro Grance entra em cartaz semana que vem com as peças "Máquina Paranoica" e "Hamlet", ambas no Club Noir (Augusta, 331 - SP). Lu Camy está preparando novidades. Ela está produzindo a realização do espetáculo "A Moça da Cidade" em CG.

Como se diz no teatro, "Merda", meus amigos... sempre!

*Leandro Marques é Jornalista, ator e assina o Blog do Balaio de Gato.

Leandro Grance (de chapéu) (Foto: Divulgação)
Leandro Grance (de chapéu) (Foto: Divulgação)
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