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Artes

Centenário de Manoel de Barros tem homenagens lá fora, mas nada certo por aqui

Naiane Mesquita | 31/03/2016 06:56
Manoel de Barros em foto de Marcelo Buainain.
Manoel de Barros em foto de Marcelo Buainain.

Manoel de Barros completaria 100 anos de nascimento em 19 dezembro de 2016. Em homenagem ao legado, livros serão reeditados e lançados de novo em todo o País. Pouco, talvez, para tudo que o escritor deixou para trás durante sua caminhada em terras do Centro-Oeste, principalmente, em Campo Grande, onde escolheu morar até o fim da vida.

Aqui, ainda não há nada programado para homenagear o poeta. A Sectei (Secretaria de Cultura, Turismo e Empreendedorismo) por meio da assessoria informou que as celebrações devem ser realizadas no segundo semestre, mais próximo do aniversário de Manoel. Mas a secretaria não detalha nada planejado para a data. Já a Prefeitura Municipal admite que não tem nada no calendário oficial.

Nacionalmente, a editora Alfaguara prepara ao todo 18 livros de poesia, três de prosa poética e quatro infantis. O primeiro lote de lançamentos inclui Poemas concebidos sem pecado (1937) e Face imóvel (1942), ambos em um único volume, além de Arranjos para assobios (1982). Mas até isso vai demorar um pouco para sair, pelo menos, mais 2 anos.

A coordenação ficou nas mãos de Ítalo Moriconi, responsável pelo prefácio de Poemas concebidos sem pecado e Face imóvel. Luiz Ruffato escreve a introdução a Arranjos para assobio e O livro das Ignorãças será prefaciado pelo escritor português Valter Hugo Mae. A previsão é que tudo seja lançado até 2018.

Além dos textos, serão lançados materiais inéditos, como fotografias e cartas trocadas entre o poeta e seus amigos, Millôr Fernandes, Carlos Drummond de Andrade e Mario de Andrade.

Para os amigos, toda homenagem a Manoel de Barros é pouca.

O jornalista Pedro Spíndola, amigo pessoal do escritor no passado, preparava uma exposição nacional e itinerante sobre o poeta, mas acabou sem investimentos. “Era uma grande exposição. Eu sou a pessoa que possui a maior quantidade de material sobre ele. Mas, faz dez dias que eu recebi uma correspondência dos Correios afirmando que não seria mais possível fazer a exposição devido a contenção de gastos”, explica.

Pedro acredita que não há homenagem melhor do que levar a arte do escritor para todo o País. “Agora pretendo ver como viabilizar isso aqui mesmo. Ainda não sei”, diz.

Quem concorda com a opinião de Pedro, é o jornalista e diretor presidente da RTVE, Bosco Martins. “Acho que a melhor maneira de se homenagear Manoel de Barros é manter o poeta vivo, contemporâneo e atual”, acredita.
Bosco conhece a exposição que Pedro está organizando e ainda pretende na TVE convidar professores e alunos a participar de um projeto sobre o poeta.

“Recentemente na Escola Osvaldo Tonigni, os professores fizeram um trabalho com 48 alunos que eu achei um negócio emocionante, bordaram na memória poemas de Manoel de Barros. Havia dezenhos e os poemas. Foi realmente muito bonito, planejo convidá-los novamente para uma homenagem”, ressalta.

No entanto, para o jornalista, é sempre bom lembrar que Manoel precisa estar vivo independente do centenário. “A Martha, filha do Manoel concedeu os direitos autorais a essa nova editora, o que eu não concordo muito pelo respeito que o antigo curador tinha pela obra de Manoel, mas os livros dele serão lançados novamente. Independente do centenário, precisamos sempre lembrar do Manoel, desconfio de homenagens que são apenas pontuais. Deveria se todo dia o centenário de Manoel de Barros, que é um elixir, um alimento para a alma da gente”, frisa.

Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso em 19 de dezembro de 1916. Depois, mudou-se para Corumbá e terminou seus dias em Campo Grande, onde faleceu em 13 de novembro de 2014. A primeira obra publicada foi em 1937, intitulada “Poemas Concebidos sem Pecado”.

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