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Artes

Chico Neller, uma marca na dança de Mato Grosso do Sul

Ângela Kempfer e Anny Malagolini | 23/11/2012 09:09
Chico vive para a dança há 32 anos. (Foto: Divulgação)
Chico vive para a dança há 32 anos. (Foto: Divulgação)

Uma escolha e, a partir de então, 32 anos dedicados à dança. Chico Neller é praticamente marca cultural, uma daquelas pessoas que ninguém imagina longe da arte, no caso dele, do movimento.

Aos 48 anos, o currículo é suficiente para o reconhecimento público em alto e bom som. Começando pela criação de umas companhias de dança mais importantes do Estado, o Ginga.

“Como não há senhor do bom começo, só do Bonfim”, o inicio da carreira foi complicado. A família do rapaz não aceitava a vocação. “Arte não tem futuro”, repetiam em casa.

O apoio veio de onde a maioria menos espera. O pai dava passe de ônibus escondido para o filho ir ensaiar.

Dentre tantos tombos, um ele lembra como incentivo. No Rio de Janeiro, durante congresso nacional de dança, o ministrante o escolheu e na frente de toda a turma de 400 alunos, Chico foi o exemplo de como não se deve dançar.

Envergonhado, já que ele praticava dança há cinco anos, ele voltou a Campo Grande e decidiu estudar mais. “Fazia aulas em diferentes escolas, de balé clássico a jazz”, diz.

O menino cresceu e passou a ganhar títulos, como melhor coreógrafo do festival de dança de Joinville, o mais respeitado do País.

“Já tentei parar. Até tive uma pausa de 6 meses, era época de cursinho e queria prestar vestibular para Odontologia, mas não aguentei e voltei a dançar”, lembra o bailarino.

Passado tanto tempo, nada ainda é fácil. A técnica e a dedicação são incontestáveis. Mas a falta de patrocínio ainda emperra o trabalho.

Está aí mais um mérito do homem que ainda insiste em viver de dança em Mato Grosso do Sul. “Aqui tem muita gente boa, mas que acabou desistindo por falta de recursos”, lembra.

Espetáculo Superfície do Homem, de 2006, coreografia de Chico.
Espetáculo Superfície do Homem, de 2006, coreografia de Chico.

O bailarino já não acredita nas escolas de dança, acha que o olhar é sempre muito comercial. “Não vê a dança, não vem como material humano. Aqui as pessoas ainda pagam para dançar”, lamenta Chico.

A Ginga Cia de Dança surgiu no da 1° de maio de 1986, formado por Renata Leoni, Romano Vargas, Miriam Jimenez, Luciane Mamoré, Roberta Siqueira, Gisele e Janine Freire. “Procuramos nossa identidade, e nos encontramos. Um dos principais trabalhos foi a “Conceição de Todos os Bugres”, de Conceição ferreira.

No ano passado, o grupo comemorou 25 ano. Para comemorar, montaram o primeiro trabalho todo concebido pelos bailarinos e agora capta recursos para poder circular com o projeto.

Com coreografias do jazz a dança contemporânea, desde a primeira formação as transformações são desafio constante, apesar das dificuldades. Mas foi assim que o grupo se tornou um dos mais importantes e atuantes companhias do País.

Inquieto, quando o Ginga andava em passos mais lentos, Chico se envolveu em projeto em parceria com a prefeitura de Campo Grande. O Ginga abriu as portas para ensinar alunos de escolas municipais. “O sucesso foi tanto que o grupo chegou a receber 400 alunos por ano, e com isso decidiram abranger toda a comunidade, e qualquer pessoa a partir dos 6 anos de idade”, conta.

Bom para a alma e para a dança de Mato Grosso do Sul. “Temos bons profissionais que saíram daqui e hoje são destaques por todo o Brasil”.

Para Chico, o Ginga é a melhor parte da vida. “São 32 anos dedicados ao Ginga, é uma vida inteira”.

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