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Artes

Comparado com vampiros, grupo usa cemitério para contemplar arte sombria

Paula Maciulevicius | 13/07/2016 06:15
Maggie, uma das góticas mais antigas da cidade, topou o ensaio. (Foto: Vitor Mareco)
Maggie, uma das góticas mais antigas da cidade, topou o ensaio. (Foto: Vitor Mareco)
Dimijan, gótico há um ano, enquanto se arrumava ainda em casa. (Foto: Adriana Freitas)
Dimijan, gótico há um ano, enquanto se arrumava ainda em casa. (Foto: Adriana Freitas)

Em duas horas e meia, no Cemitério Santo Antônio, um ensaio mostra que de vampiros, os góticos não têm nada. O que era para ser um trabalho da disciplina de Simbólico e Real do curso de Fotografia do Senac, virou o demonstrativo do que eles fazem entre os túmulos: contemplação da arte sombria. A sugestão de tema veio de um dos alunos, Dimijan Cocques, de 25 anos, que faz parte da cultura gótica e punk de Campo Grande. 

"Não deixa de ser simbólico e real, porque isso que os góticos vivem. A fotografia simbólica é aquela que não te diz nada diretamente, mas você olha para ela e absorve as coisas de forma subjetiva. Já o real, é o que representa a realidade", explica Dimijan. 

Era para ser um grupo de amigos, mas no final, os personagens foram um dos casais góticos mais antigos na cena, Maggie e Vasco e como Dimijan não tem câmera ainda, também se colocou à disposição para as fotos. Dos fotógrafos são: Vitor Mareco, Aline Balúgoli e Adriana Freitas.

Casal Vasco e Maggie. Ao fundo, uma das paixões dos góticos, escultura sombria. (Foto: Aline Balúgoli)
Casal Vasco e Maggie. Ao fundo, uma das paixões dos góticos, escultura sombria. (Foto: Aline Balúgoli)
De longe (Foto: Aline Balúgoli)
De longe (Foto: Aline Balúgoli)
Aos pés da cruz. (Foto: Aline Balúgoli)
Aos pés da cruz. (Foto: Aline Balúgoli)
Entre mãos. (Foto: Aline Balúgoli)
Entre mãos. (Foto: Aline Balúgoli)

O movimento sempre é questionado sobre a relação dos góticos com o cemitério. "Enquanto para algumas pessoas ele é algo repugnante, cheio de fantasma e espíritos, para os verdadeiros adeptos desta subcultura, a atração pelo local se dá justamente por ser sinônimo de paz e sossego", descreve o estudante Dimijan.

O objetivo de quem vai até lá está além dos corpos enterrados. Dimijan explica que o local proporciona tranquilidade e inspiração. E por terem uma espécie de afinidade com a morte, a ida ao cemitério os fazem lembrar constantemente, pelas estátuas, que ela está sempre à espreita. "É como se fosse uma exposição de artes macabras", resume Dimijan.

Foi ainda criança que Dimijan conheceu esse mundo, primeiro pela banda hardrock Kiss. O aprimoramento veio com a idade. Mais velho, Dimijan percebeu que se encaixava mais no estilo gótico.

"Com o passar do tempo e depois de alguns problemas devido à minha sexualidade e identidade de gênero, comecei a ficar depressivo e ouvir mais música sombria. Aí comecei a me identificar com o goticismo e a partir desse momento, a ficar mais dark, gótico e sombrio", descreve sobre o último ano.

Ressurgimento? (Foto: Aline Balúgoli)
Ressurgimento? (Foto: Aline Balúgoli)

E apesar de ter muito mais tempo com o rock, punk e hardcore, o gótico significa e simboliza muito mais na vida dele. "Ser gótico é uma coisa muito particular na verdade, para cada um representa uma coisa e às vezes é despertado de uma forma diferente. Eu já conhecia, mas não me intitulava gótico ainda", completa.

Às idas ao cemitério se dá em grupo ou sozinho, para trocar umas ideias, apreciar as esculturas, realizar saraus e até encontros literários. "A gente aprecia muito a arte obscura e geralmente expressamos na música, nas fotos. Por isso que eu, inclusive, optei pela fotografia", explica.

A ideia dele é expressar o lado sombrio de forma saudável pela arte de fotografar. E em Campo Grande, apesar da cena underground ser considerada por Dimijan "invisível", são muitos os góticos em número e representatividade. Nas fotos, fica nítida a produção e a forma de se vestir.

"É expressar o que você é por dentro. A obscuridade, a sensação de que você não se encaixa e está ali de passagem. O que a gente quis passar é que góticos não são vampiros, nem pessoas malignas que só saem à noite. Fizemos de dia, para mostrar que a gente vai lá só apreciar a arte e relaxar", finaliza.

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O lado sombrio à luz do dia. (Foto: Aline Balúgoli)
O lado sombrio à luz do dia. (Foto: Aline Balúgoli)
Acessórios que fazem parte. (Foto: Aline Balúgoli)
Acessórios que fazem parte. (Foto: Aline Balúgoli)
E a produção no visual. (Foto: Aline Balúgoli)
E a produção no visual. (Foto: Aline Balúgoli)
Obscuridade à luz do dia. (Foto: Vitor Mareco)
Obscuridade à luz do dia. (Foto: Vitor Mareco)
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