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Artes

Criticada por falar sobre o Xingu, Imperatriz avisa que não mudará desfile

Ricardo Campos Jr. | 14/01/2017 12:37
Fantasia de ala que causou polêmica, segundo carnavalesco (Foto: reprodução / O Globo)
Fantasia de ala que causou polêmica, segundo carnavalesco (Foto: reprodução / O Globo)

Em resposta às críticas de ruralistas contra o samba-enredo que fala sobre o Xingu, a Imperatriz Leopoldinense afirma que irá manter o desfile da forma como foi planejado. Em entrevista ao jornal O Globo, o carnavalesco da agremiação, Cahê Rodrigues, diz que a polêmica gira em torno de uma ala que condena o uso de agrotóxicos.

O protótipo das fantasias desse setor representava um trabalhador do campo ou produtor com bomba borrifadora nas mãos e uma caveira no peito.

Cahê afirma que a ala em questão “está inserida num setor do enredo que cita ainda as queimadas, os madeireiros e os danos ambientais causados pela Hidrelétrica de Belo Monte. Em momento algum foi intenção da escola agredir o agronegócio”, completa.

As críticas, porém, também se voltam à letra do samba enredo no trecho “o belo mostro [em alusão ao nome da usina] rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios”. Para o carnavalesco, entidades que representam os produtores rurais se incomodaram com essas palavras e atacaram a Imperatriz sem acioná-la para esclarecimentos.

“Fomos pegos de surpresa, inclusive com a onda de ataques nas redes sociais, de forma brutal e racista, alguns deles contra compositores, ferindo a história da escola e também a nossa liberdade de expressão”, disse Cahê ao Globo.

Repercussão negativa – Na quinta-feira (12), o senador Ronaldo Caiado propôs abertura de CPI para investigar as fontes de financiamento da escola de samba.

Já a Associação Brasileira de Criadores de Zebu, assim como diversas entidades, disseram que a agremiação mostrou total despreparo e desconhecimento quanto à história brasileira e à realidade econômica e social do país, uma vez que “o país do samba é sustentado pela pecuária e agricultura”.

Apesar de não citar nenhuma das etnias sul-mato-grossenses, o samba descreve um cenário presente em todo País, onde o avanço do agronegócio não olha ao seu redor, desmatando e poluindo com agrotóxicos córregos que são a única fonte de água de comunidades. Caso entrasse especificamente nos terena e guarani-kaiowá, o enredo traria ainda o genocídio e inúmeros conflitos armados que terminaram em mortos e feridos em Mato Grosso do Sul.

Em nome dos produtores rurais, a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) atribuiu à escola um "extremo desconhecimento da causa e da história" e diz que a letra manifesta em sua composição uma "versão odiosa, repugnante e preconceituosa, totalmente distorcida do setor agropecuário brasileiro, repassando uma imagem de destruidor de florestas e da natureza, invasor e monstro, num evento cultural de conotação internacional que é o Carnaval".

O texto ainda declara que os trabalhadores do agronegócio "perdoam aqueles ignorantes do samba" e que difamar o agronegócio é ignorar a realidade social, econômica e estatística brasileira, que vem desde o Plano Real servindo de âncora para a economia nacional.

Assinada pelo presidente da instituição, Jonatan Pereira Barbosa, a nota termina numa tentativa falha de brincar "quem não gosta do agro bom sujeito não é".

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