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Artes

Diretor conhecido por espetáculos polêmicos apresenta peça na Orla

Lucas Arruda | 27/10/2015 11:10
Breno morou por três anos em Mato Grosso do Sul. Durante sua carreira foi detido e preso algumas vezes, até em outros países por conta de seu trabalho com cunho político e social (Foto: Mara Rojas)
Breno morou por três anos em Mato Grosso do Sul. Durante sua carreira foi detido e preso algumas vezes, até em outros países por conta de seu trabalho com cunho político e social (Foto: Mara Rojas)

O ator Breno Moroni é carioca, mas escolheu Mato Grosso do Sul para viver durante alguns anos, com contribuição para o teatro de Campo Grande. Nesta quinta-feira, ele volta à cidade com o espetáculo Dandys, do qual é diretor. Breno morou aqui por três anos, de 2011 a 2014, antes de voltar para o Rio de Janeiro, para ser secretário de cultura em Petrópolis.

A carreira está bem consolidada, com diversos trabalhos marcantes. O mais popular foi o “Mascarado” da novela global A Viagem, de 1994.

Antes da televisão, ele já tinha vários trabalhos no teatro e viajou por diversos países apresentando-os, principalmente espetáculos de rua. Por suas apresentações terem um cunho social, muitas vezes as estadias em algumas cidades não acabavam bem. Breno foi detido em pelo menos cinco países por onde passou com sua arte.

Breno (à esquerda) se apresentando na Escócia em 1978 (Foto: Arquivo Pessoal)
Breno (à esquerda) se apresentando na Escócia em 1978 (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 1979, fez uma viagem de três meses de Nova York a La Paz. Todo o caminho foi feito na base da carona e o ator conseguia dinheiro com suas apresentações de rua.

Já nos Estados Unidos foi detido. “Estava andando de monociclo na beira da estrada e três caras acabaram se engavetando por causa que os motoristas ficaram olhando para mim. Acabei na delegacia por algumas horas e me liberaram”, relata.

No segundo país que visitou nessa viagem, o México, também acabou na prisão. “Lá foi por pegar carona, era proibido fazer isso no país”, conta.

Já na América do Sul acabou preso durante suas apresentações. “Eles paravam meu espetáculo no meio, ás vezes me levavam para a delegacia ou mandavam circular. Em Cusco fui detido três vezes no mesmo dia e acabei sendo expulso da cidade. Eu tentava explicar que o que eu fazia era só arte e cultura, mas não entendiam, pois meu trabalho tinha um cunho social e político. Foram os resquícios da ditadura”, explica.

O personagem Mascarado da novela A Viagem (Foto: Reprodução/Youtube)
O personagem Mascarado da novela A Viagem (Foto: Reprodução/Youtube)

Perto da fronteira entre o Peru e a Bolívia, numa cidadezinha que não lembra o nome, Breno acabou encarcerado por alguns dias. “Foi perto do Natal, me prenderam por conta de uma peça lá também”, recorda.

Mas ele não acabou numa penitenciária. Ficou preso em uma casa sendo vigiado por dois homens e depois de um tempo conseguiu fugir de sua prisão. “Percebi que eles não trancavam a porta da sala que eu estava e um dia de madrugada a abri, peguei minhas coisas e saí correndo em direção à fronteira. Os dois ‘guardas’ estavam dormindo”, lembra.

Na Bolívia ele pediu asilo. O cônsul lhe deu o visto para ele ficar legal no país e algum dinheiro. De lá voltou para o Rio de Janeiro de avião, onde morava na época.

No início da década de 80 Breno foi à Europa e na Grécia teve problemas novamente. “Estava me apresentando e os policiais vieram com truculência mandando eu parar. Eles estavam falando grego e eu não entendia nada do que diziam, respondia em inglês. Não acreditaram que eu não era grego e me levaram para a delegacia. Em meia hora me liberaram”.

O ator (à esquerda) numa oficina de palhaço no início da década de 80)
O ator (à esquerda) numa oficina de palhaço no início da década de 80)

E não foi só em outros países que o ator teve problemas com a polícia. Aqui Breno teve momentos bem conturbados na ditadura, chegou até depor no Dops (Departamento de Ordem Temida e Social), órgão repressor e muito temido na época por artistas, políticos e ativistas. “Fiquei com medo de ser preso e acabei indo embora de São Paulo dessa vez”, argumenta.

E engana-se quem acha que Breno se arrepende em algum momento de ter sido impedido pela repressão policial em alguns momentos de sua carreira. “Quando se faz uma coisa mais ativa acaba se metendo em confusão porque você incomoda. Essa foi uma época muito boa na minha vida, tínhamos que fazer teatro com mais raça, hoje em dia está moleza”, finaliza.

Dandys – O Dandys é um espetáculo circense com dois personagens, um maitre e um garçom, ambos atrapalhados. Eles são interpretados por João Rocha e Michel Stevan. Os dois utilizam somente uma cadeira e uma mesa para compor o cenário e desenvolvem a história com acrobacias, malabarismo, equilibrismo, entre outros números.

A peça está circulando pelo Estado desde 2013 e já foi apresentada mais de 80 vezes. Ela foi premiada pelo programa “Arte Nas ruas” da Funarte, para circulação em dois estados, Mato Grosso do Sul e Amapá.

O espetáculo será apresentado nesta quinta-feira, às 19h, no Teatro de Arena da Orla Morena. A entrada é gratuita.

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