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Artes

Emocionada ao lado de amigos, Delinha vai para hospital após gravar DVD

Naiane Mesquita | 16/06/2015 23:45
Dupla João Bosco e Vinícius brincaram com a artista antes de cantar "Prazer de Fazendeiro" (foto: Fernando Antunes)
Dupla João Bosco e Vinícius brincaram com a artista antes de cantar "Prazer de Fazendeiro" (foto: Fernando Antunes)

“Trago sempre ao presente a recordação do passado. E penso, eu era feliz, feliz e não sabia”. Os versos de A Velha Casinha não abrem a gravação do “DVD Sinfônico”, da cantora Delinha à toa. Autobiográfica, a canção é uma obra prima da época de ouro da música sul-mato-grossense, onde a artista ao lado do ex-marido Délio construíram os alicerces da nossa identidade cultural.

Na noite de hoje, quando Delinha subiu ao palco do auditório do Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, ela sabia que estava entrando mais uma vez para a história. Apesar de toda a emoção do show, infelizmente a cantora precisou sair do Centro de Convenções para um hospital de Campo Grande. A reportagem não foi informada sobre o que estaria causando e quais os sintomas do mal estar. A família pediu privacidade.

Antes, com sua saia rodada, perfeita para dançar um rasqueado, a artista brilhou não só pela pedraria da sua roupa. Visivelmente emocionada, Delinha mostrou que até mesmo a maior “onça do Mato Grosso” pode ter seu dia de glória, lembrança e também de dificuldades. “Quero pedir desculpas porque hoje não estou bem. Coisa de velho”, afirmou a cantora, no início e inúmeras vezes durante o show.

Banda e orquestra municipal com 35 integrantes apresentaram novos arranjos para canções já conhecidas
Banda e orquestra municipal com 35 integrantes apresentaram novos arranjos para canções já conhecidas

Os problemas na voz eram notados por quem conhecia o poder daquela mulher. Mesmo assim, com 78 anos de idade, ela não se deixou abater. As linhas de expressão no rosto, que por vezes parecia querer desmoronar, se refaziam a menção de mais um sucesso, de mais uma participação especial, de outro acorde. “Meu coração está batendo tão forte hoje. Acho que ele não vai aguentar, estou com medo”, dizia.

Filho de Délio e Delinha, João Paulo foi quem acompanhou a mãe na maioria das canções. O cantor que fez sucesso ao lado da mulher na década de 50 e faleceu em 2010, foi lembrado também no cenário, onde estrelas representavam o “sol” e a “lua”, além de guardarem fotos de momentos importantes da carreira dos dois.

“Isso é um legado que a gente vai deixar para outras gerações da música, do rasqueado. Quando Délio e Delinha saíram daqui, do estado ainda uno de Mato Grosso em 1957 eles não tinham a dimensão de como eles se tornariam a inspiração de vários cantores como João Bosco, Vinícius e Michel Teló”, acredita João Paulo.

Talvez agora, Delinha imagine um pouco o quanto a música dos dois é importante para a história de Mato Grosso do Sul. Um dos momentos mais marcantes do show que ocorreu na noite de ontem foi à participação da dupla conterrânea João Bosco e Vinícius.

Neto da cantora Delinha entrou com um buquê de rosas para homenageá-la
Neto da cantora Delinha entrou com um buquê de rosas para homenageá-la
João Paulo, filho da cantora com Délio, acompanhou a mãe durante a apresentação
João Paulo, filho da cantora com Délio, acompanhou a mãe durante a apresentação

Carismáticos, os dois cantaram ao lado de Delinha, a canção “Prazer de Fazendeiro” e não deixaram de transmitir no palco o quanto estavam gratos pelo convite. “Estamos realizando dois sonhos hoje, o primeiro de cantar ao lado de você Delinha, de participar de um dos momentos mais especiais da história de Mato Grosso do Sul, e o segundo que é tocar aqui no teatro do Centro de Convenções, que desde a época dos barzinhos nós sonhávamos”, afirmou João Bosco.

Para Vinícius, o nervosismo e a emoção de Delinha são normais. “Devo confessar que eu e João Bosco não dormimos direito faz três dias”, confessa.

Além de João Bosco e Vinícius, é importante ressaltar a participação de Marcos Roker, que cantou Entre Lágrimas com Delinha. A música seria gravada por Milionário e José Rico, mas este último acabou falecendo no início do ano.

Cada canção também recebeu um arranjo diferente e foi executada com precisão pela banda e a orquestra de 35 integrantes sob a regência do maestro Eduardo Martinelli. "Esse projeto teve seis meses de ensaio, mas nós pensamos e planejamos ele há dois anos. Ela ficou visivelmente emocionada quando viu a primeira vez todos os músicos que a acompanhariam e para nós foi muito emocionante também e um desafio enorme como orquestra, de adaptar com colorido as canções sem descaracterizá-las", explica Martinelli

Delinha foi levada do teatro direto para um hospital após o show
Delinha foi levada do teatro direto para um hospital após o show

Na plateia, praticamente lotada, muitas palmas e gritos, não para os cantores famosos, mas sim para a música de Delinha. Nem mesmo as duas horas de atraso, o show estava marcado para às 19h30 e começou às 21h, desanimou o público. Eram assovios, declarações de amor e um lindo bater de palmas em pé que mostrou o quando a comunidade reverencia a cultura de raiz de Mato Grosso do Sul.

Um dos mais emocionados no final do show, o cantor Paulo Simões, controlou as lágrimas ao falar sobre a apresentação.

“Delinha subiu ao palco superando dificuldades, talvez até um certo nervosismo e totalmente justificado. Soube fazer das tripas coração, entregar-se como intérprete, como mentora de várias gerações de artistas, como João Bosco e Vinícius comentaram, falando inclusive o que muitos gostariam de dizer”, acredita.

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