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Artes

Engessados e cegos, movimento crítica do consumo de carne a 5ª gospel

Paula Maciulevicius e Michel Faustino | 16/08/2014 17:53
Atores interpretaram a "Intervenção Urbana Cegos" na Capital. (Foto: Marcos Ermínio)
Atores interpretaram a "Intervenção Urbana Cegos" na Capital. (Foto: Marcos Ermínio)

Pelas ruas de Campo Grande, um grupo de 20 homens, talvez executivos pelo terno e as pastas nas mãos, chamou atenção ao provocar um olhar crítico através de encenações. Com o corpo coberto por argila, dando a impressão de estarem "engessados" e os olhos vendados, os atores interpretaram a "Intervenção Urbana Cegos" na Capital.

Vindos de São Paulo e ligados à USP (Universidade de São Paulo), eles se juntaram a artistas daqui para interver dentro das questões culturais e políticas da cidade. Do Mercadão até a prefeitura, por onde o Lado B acompanhou, eles encenaram desde a entrada no comércio com carne crua nos ombros, até a bíblia erguida em frente à prefeitura.

O grupo chegou a Campo Grande na semana passada em tempo hábil para estudar a cidade. (Foto: Marcos Ermínio)
O grupo chegou a Campo Grande na semana passada em tempo hábil para estudar a cidade. (Foto: Marcos Ermínio)

Segundo o organizador da intervenção, Marcos Bulhões, a ação no Mercadão representa o consumismo pela carne bovina no Estado, já na prefeitura, de praxe, eles carregam maletas e as jogam em frente ao órgão público em todas as cidades por onde passam. "Simboliza um protesto à corrupção", explicou Bulhões.

O grupo chegou a Campo Grande na semana passada em tempo hábil para estudar a cidade e vivenciaram justamente o período da polêmica "Quinta Gospel", que impediu a apresentação da cantora de Tecnomacumba, Rita Ribeiro.

O fato, claro, foi parar na intervenção e entrou como um conceito "novo", ou seja, pelas 26 cidades onde o grupo passou e ainda vai passar do Brasil, fora Estados Unidos e Europa, eles ainda não tinham no script representar uma crítica a isso.

Ato chamou atenção de pedestres e motoristas que paravam para fotografar. (Foto: Marcos Ermínio)
Ato chamou atenção de pedestres e motoristas que paravam para fotografar. (Foto: Marcos Ermínio)

Pelo fato de Campo Grande sediar uma discussão entre Câmara Municipal, Prefeitura, Fundação de Cultura e Ministério Público, sobre o uso de verba pública em eventos religiosos, eles levantaram uma bíblia em frente ao órgão. "É uma simbologia de que não se deve pagar com verba pública, seja qual for a crença. o Estado é laico", pontuou Bulhões.

Apesar de explicar os conceitos, a Intervenção é livre e cabe a cada um interpretar como preferir. O ato vem para provocar a percepção, despertar curiosidade e até mesmo autocrítica. Quem olha pode muito bem se ver no "engessamento" e na falta de visão, de quem não reage ao que ocorre à sua volta.

O movimento surpreendeu o pedestre Claudiomiro Costa, de 42 anos. "Eu estava passando e achei legal, questionei o que era e eles responderam: 'a gente representa o que você quiser'. Achei surpreendente".

Depois de Campo Grande o grupo "Intervenção Urbana Cegos" vai até Aracaju, no Estado do Sergipe, para daí seguir para fora do País. Os destinos são Nova Iorque, Paris, Barcelona, Amsterdam e cidades de Portugal.

O ato vem para provocar a percepção, despertar curiosidade e até mesmo autocrítica. (Foto: Marcos Ermínio)
O ato vem para provocar a percepção, despertar curiosidade e até mesmo autocrítica. (Foto: Marcos Ermínio)
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