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Artes

Exposição mostra força da fotografia contemporânea na análise do cotidiano

Thailla Torres | 23/06/2016 06:25
Ao longo de 9 anos Bruno retratou detalhes que representa o cotidiano das pessoas nas periferias. (Foto: Fernando Antunes)
Ao longo de 9 anos Bruno retratou detalhes que representa o cotidiano das pessoas nas periferias. (Foto: Fernando Antunes)

Cheia de sensibilidade, a exposição Subúrbio do fotógrafo carioca Bruno Veiga enche os olhos de saudade com lembrança de detalhes muito próximos do cotidiano das pessoas. Com foco na periferia do Rio de Janeiro, as imagens vão além do regional e na prática é possível sentir que os retratos são delicadezas que cabem na vida de muita gente.

São cores, traços, objetos, detalhes e formatos que falam muito da cultura brasileira. A interpretação leva à reflexão sobre o que é importante no dia a dia. “A gente percebe que o cotidiano pode ser um pouco entediante, mas faz parte da nossa vida. Eu estava trabalhando numa área específica na cidade e o interior da casa das pessoas foi me mobilizando”, comenta Bruno.

A paixão pela fotografia tem sentido nos cartões postais. Nascido no Rio de Janeiro e criado pelos avós, a saudade dos pais morria um pouco graças aos postais que vinham da Europa. Novo, Bruno já trabalhava para os principais diários nacionais, como O Globo e o Jornal do Brasil.

O fotojornalismo o permitiu circular por toda cidade carioca que levou Bruno a conhecer um produtor musical que tinha como projeto gravar discos solos com vozes do samba.

A exposição acontece até o dia 21 de agosto no Marco. (Foto: Fernando Antunes)
A exposição acontece até o dia 21 de agosto no Marco. (Foto: Fernando Antunes)

Fazendo amigos pela música, no ano 2000 foi chamado para uma coleção de retratos da velha guarda e quando entrou na casa de um deles, tudo mudou. “Eu olhei do teto ao chão e mudou tudo. A casa deles é que seria a fotografia do cotidiano, do banal do nosso dia a dia, mas que é muito importante”, pontua.

O trabalho absorve claramente os elementos cheios de humanidade. Nos retratos, não há rostos de pessoas, mas é possível ver que elas estão ali, no pé direito baixo da casa, nos objetos, nas paredes e nas composições das cores. “A cor como um elemento decorativo e o uso dela sem medo é impressionante”, destaca.

As fotografias também mostram a improvisação com azulejos para fazer arte, pela vontade de ter uma obra na parede. “Por mais que não tenham dinheiro para comprar uma obra de arte cara, são objetos e detalhes que reais da periferia carioca, assim como em outras regiões do País. Tem uma estética diferente e outra hierarquia de valor. Não quero avaliar se ela é melhor ou pior, mas acho que ela é muito importante”, ressalta.

A estética popular presente nos locais acabou criando uma fotografia de afeto. Longe de classe social, quem observa tem um sentimento de ternura, saudade ou lembrança de algo que fez parte da vida.

São 30 fotografias em exposição, feitas entre 2001 a 2009. Em cada uma é possível um sentimento diferente. “As pessoas acabam se identificando com a fotografia, lembrando do passado. Tem a mão de um, a perna de outro, o prendedor, o balde, o abridor de garrafa, o arranjo feito de tecido. Não há rosto de pessoas, mas não falta humanidade e nem sensibilidade”, destaca.

A exposição Subúrbios, com Carlos Bertão na curadoria e Alê Teixeira no design e iluminação, ocorre até o dia 21 de agosto, no Marco (Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul) na Rua Antônio Maria Coelho, 6000, Carandá Bosque. A entrada é gratuita.

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Vaso de flores como decoração. (Foto: Bruno Veiga)
Vaso de flores como decoração. (Foto: Bruno Veiga)
Composição de azulejos formam o painel. (Foto: Bruno Veiga)
Composição de azulejos formam o painel. (Foto: Bruno Veiga)
Cortina e o uso das cores sem medo. (Foto: Bruno Veiga)
Cortina e o uso das cores sem medo. (Foto: Bruno Veiga)
A estética do boteco e suas peculiaridades. (Foto: Bruno Veiga)
A estética do boteco e suas peculiaridades. (Foto: Bruno Veiga)
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