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Artes

Menino de 10 anos aprendeu sozinho a fazer origami e hoje papel vira até dragão

Aline Araújo | 07/12/2014 07:12
Matheus Faz dobraduras complexas, tudo assistindo videos na internet. (Foto: Marcos Ermínio)
Matheus Faz dobraduras complexas, tudo assistindo videos na internet. (Foto: Marcos Ermínio)

Tímido, o menino Carlos Matheus Olmeto Romero, de 10 anos, de cabelos loiros e olhos verdes, está longe de ter alguma descendência japonesa. Mas há dois anos carrega na insistência e na agilidade das mãos a arte e a paixão pelo origami, um dom oriental que descobriu quase sem querer.

Ele tinha 8 anos, quando viu o vizinho fazendo dobraduras no papel. O amigo Henrique nem mora mais ali no conjunto habitacional da Vila Fernanda, próximo ao Santa Emília, mas deixou as primeiras orientações fundamentais para o menino.

O passa- tempo foi ganhando proporções maiores ao longo dos dois anos. (Foto: Marcos Ermínio)
O passa- tempo foi ganhando proporções maiores ao longo dos dois anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Assim que descobriu a possibilidade de transformar uma folha, Matheus correu para casa e disse: "Mãe deixa eu ver um negócio no computador?". Sem entender direito, Eva Márcia Olmeto, de 35 anos, abriu espaço e observou o que o filho iria pesquisar.

Desde pequeno ele já gostava de brincar com papel, mas depois de assistir um vídeo no Youtube, e gastar quase todas a folhas sulfites da impressora, Matheus chegou ao seu primeiro origami: a kusudama, uma esfera trabalhada com desenhos de flores, utilizada na decoração como móbile.

Ele não parou mais, pesquisava para estudar novos vídeos e fazer outros origamis com formatos de flores, animais, aves... A mãe achava que a empolgação passaria, mas não foi assim. “Achei que era coisa de criança, mas não, ele é muito aplicado, não parou mais”, comenta.

O garoto levou os trabalhos para a escola, para as professoras e os colegas verem, e todos adoraram o resultado do empenho do menino que mora com a mãe, o pai eletricista e mais dois irmãos. A arte fez sucesso e hoje tias, vizinhos e colegas de classe são fregueses. 

O preço depende do trabalho que o origami dá, mas vai de R$ 1,00 até R$ 10,00. Com o dinheiro que juntou das primeiras vendas, já comprou uma caixinha de som em formato de carrinho. Foi a recompensa depois de tanta dedicação. Mesmo assim, nada supera a alegria de conseguir fazer um origami díficil em pouco tempo.

Conectado, o menino sempre pesquisa novos origamis para fazer. (Foto: Marcos Ermínio)
Conectado, o menino sempre pesquisa novos origamis para fazer. (Foto: Marcos Ermínio)

O dragão de papel ganha forma em 20 minutos, por exemplo. Mas isso depois de muitas tentativas a partir das lições de internet. Hoje a dobradura é a preferida. Rico em detalhes, só de olhar dá para perceber o trabalho que deu para fazer. Caprichoso, ele ainda comprou uma tinta em spray grafite para finalizar o trabalho.

Matheus não é de falar muito, explica que gosta de origami porque “é bonito” e que ele insiste até chegar no resultado que espera. Exigente, tem o costume de desmanchar as peças que não ficaram como ele queria. Talvez por isso sobrem poucas recordações dos primeiros origamis feitos aos 8 anos.

Ele é um menino normal, conectado. No Facebook já fez amigos até de Nova Iorque. Viu um vídeo de origami de um artista japonês que produziu uma fênix, gostou, e mandou uma mensagem para ele. Graças ao google tradutor, a conversa, mesmo sem um entender a língua do outro, foi possível.

Matheus ficou contente com o contado, tentou fazer a fênix uma vez, mas ainda não montou a dobradura que demorou mais de uma hora para criar em partes. Como sempre, ele não vai desistir.

Dragão é a dobradura preferida dele, e o mais difícil também. (Foto: Marcos Ermínio)
Dragão é a dobradura preferida dele, e o mais difícil também. (Foto: Marcos Ermínio)
O passatempo já rendeu um som novo com o dinheiro das artes vendidas. (Foto: Marcos Ermínio)
O passatempo já rendeu um som novo com o dinheiro das artes vendidas. (Foto: Marcos Ermínio)

O menino se dedica tanto aos origamis, que a mãe teve de colocar ordem na casa. “Ele não queria fazer mais nada, só isso, e tem que ter hora para tudo. Hora para arrumar o quarto, hora para estudar. Sem esquecer que a escola vem sempre em primeiro lugar”, comenta Eva.

Quando ela brigou com o filho e disse que não iria mais comprar papel enquanto não respeitasse os horários da casa, ele voltou da escola com uma surpresa: “Mãe, a professora comprou papéis para mim”, lembra ela.

Bom aluno, Matheus é fera em Matemática e é orgulho das professoras, que são as mais presenteadas com os origamis que ele faz. Até ganhou o apelido de “Cara do Origami”.

Matheus já ocupou, inclusive, três aulas de artes para ensinar aos colegas como fazer as dobraduras, depois de muita insistência da professora, é claro.

A gente também pediu uma aula, mesmo com vergonha ele topou e agora ensina a fazer uma flor, bem simples, mas bonita.

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