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Artes

Sambas têm berrante e viola em homenagem a MS no Carnaval do Rio

Naiane Mesquita | 25/07/2016 08:15
Manoel de Barros será tema da Império Serrano em 2017.
Manoel de Barros será tema da Império Serrano em 2017.

Salve Manoel de Barros! O poeta ícone de Mato Grosso do Sul será homenageado no desfile do ano que vem pela Império Serrano. Depois de anunciar o tema, agora é a vez de escolher o samba-enredo da escola, assim como os últimos detalhes do Carnaval, que promete ser emocionante para quem acompanha de perto a história e o trabalho do escritor.

Com direito a berrante e um toque de viola, cada compositor buscou uma forma de inserir elementos da obra de Manoel e também homenagear Mato Grosso do Sul. Há muitas desconstruções nas letras que concorrem, com palavras que ganharam novos significados nas poesias de Manoel.

Samba assinado por Arlindo Cruz é um dos 15 selecionados para a disputa final. A letra fala do Pantanal e até dos terena. “Foi ‘gaio’ que virou ninho/ gorjeito de passarinho que bateu assas e avuô”, diz um trecho do samba.

Marcus, carnavalesco da Império Serrano (Foto: Diego Mendes/ Setor 1)
Marcus, carnavalesco da Império Serrano (Foto: Diego Mendes/ Setor 1)

Na composição ainda há colaboração de Pretinho da Serrinha, que cresceu na comunidade e trabalhou com vários músicos renomados, como Seu Jorge, Marcelo D2, Lulu Santos, Marisa Monte, Dudu Nobre e Beth Carvalho.

Um dos instrumentistas que participou da criação do samba, o violeiro Hugo Arantes, explica que era um desejo do grupo incluir sons que tem uma relação muito estreita com o Mato Grosso do Sul. “Não tem muito violeiro no Rio de Janeiro e eles queriam que o som estivesse representado. Eu moro no interior do Rio e desde criança sou músico. A viola surgiu de um tempo para cá, eu enveredei por esse caminho e estou só com isso agora”, afirma Hugo.

Segundo ele, foi uma participação curta. “Foi bem rápido, mas muito legal, serviu para unir dois sons até então distantes, do samba e da viola”, explica o instrumentistas que não é sul-mato-grossense, vive no Rio de Janeiro.

O enredo da escola inspirado em Manoel de Barros tem a frase “Meu quintal é maior do que o mundo” como inspiração. Para o carnavalesco Marcus Ferreira, que assina a produção do Carnaval em 2017, conhecer a obra do escritor é essencial para fazer um bom trabalho. “Temos quinze composições inscritas no concurso de samba enredo. A minha maior responsabilidade foi mostrar a brasilidade da obra de Manoel de barros e tudo que despertava a sua imaginação poética. Os principais elementos de sua obra foram pedidos aos compositores: os sapos, os caracóis, os pássaros pantaneiros e a lida do homem do pantanal”, aponta.

Em outro samba, de Lucas Donato, o Pantanal aparece novamente. “Abre a janela vem ver ôô/ poesia brotar no quintal, o carnaval florescer, menino Bernardo em meu ser/ reinvento o meu Pantanal, o som do apito a tocar anuncia a cor, um canto verde do índio enfeitiçou. Guardando o segredo das águas, regando o mar de Xarayés, o eldorado reina aos meus pés”, diz a letra.

Para Marcus é impossível falar sobre Manoel sem citar o Mato Grosso do Sul. “Utilizo a obra de Manoel de Barros para fazer uma grande homenagem ao estado do Mato Grosso do sul, sabendo que grandes aspectos de sua obra foram vistos através de sua janela, na sua fazenda em Corumbá”, adianta.

As obras do escritor foram compreendidas pelo carnavalesco em dois meses de trabalho. “Entender Manoel de barros e seu universo requer muita leitura. Li toda sua obra em dois meses para poder elaborar o carnaval do império serrano. É interessante que o universo manoelesco pode habitar qualquer quintal, esfera”, acredita. 

O samba que vai levar a escola à avenida em 2017 será escolhido no dia 12 de setembro. 

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