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Artes

Saxofonista troca o romantismo clássico pelo som da polca e do chamamé

Elverson Cardozo | 21/01/2013 07:20
Rajiv durante lançamento do seu segundo CD, em um Bar da Vila Carvalho. (Foto: João Garrigó)
Rajiv durante lançamento do seu segundo CD, em um Bar da Vila Carvalho. (Foto: João Garrigó)

Há cerca 5 anos, durante a divulgação do primeiro CD, em uma rádio de Campo Grande, ele percebeu que o que empolgou a galera, mesmo os que não estavam acostumados a ouvir música instrumental, foram os ritmos regionais, da polca paraguaia ao chamamé.

Depois da execução pelas ondas da FM, “choveu ligações” no estúdio. A maioria queria saber onde poderia comprar o CD, baixar as músicas. Mas o som que agradou tanta gente não vinha do violão, da harpa ou de qualquer instrumento de corda. Saiu de um sax alto.

Está aí o diferencial de Rajiv da Costa Pedreira, de 37 anos, saxofonista que apostou na tradição da terra onde nasceu para conquistar o público. A idéia, ao que tudo indica, começa a dar certo.

Por aqui, no Estado que curiosamente adotou Mercedita como uma espécie de canção-símbolo, ouvir a música argentina executada no violão, nos bailes da cidade, é mais do que comum. Virou tradição.

Mas no sax, que costuma abrilhantar casamentos e fazer a trilha sonora de muitos casais apaixonados, não é assim tão fácil. Até “Pé de Cedro”, do lendário Zacarias Mourão, ilustre compositor de Coxim, entrou no repertório.

Não que seja regra todo saxofonista tocar apenas músicas clássicas, lentas e românticas, por exemplo. A própria história mostra o contrário. O instrumento está presente desde os grupos que só tocam músicas litúrgicas às bandas de rock, passando pelas orquestras.

Instrumentista deixou o romantismo de lado e partiu para os ritmos regionais. (Foto: João Garrigó)
Instrumentista deixou o romantismo de lado e partiu para os ritmos regionais. (Foto: João Garrigó)

A inovação, no entanto, depende da criatividade, ousadia, vocação e domínio de cada um. Rajiv resolveu inovar, pensando, claro, no público, no Estado onde vive e no alcance que o novo trabalho teria.

A proposta, argumentou, não é conquistar os jovens que preferem as novidades, das “músicas moderninhas”. “Meu público não são os jovens que gostam de arrocha. Meu público são os pais dessas pessoas”, disse.

E é verdade. Quem para, ouve e sai com um CD em mãos não costuma ter 15 anos. Há exceções, óbvio, mas, geralmente, as canções costumam cativar quem já passou da adolescência.

“Lembra do pai, da mãe, dos 15 anos. Percebo que esse repertório mexe com as pessoas. Quando vou ao Mercadão e toco uma polca paraguaia junta umas 15 pessoas para comprar”, contou.

CD - Produzido com recurso do FIC (Fundo de Investimento Cultural), do governo de Mato Grosso do Sul, o segundo CD – Rajiv Sax “Frontera” (sem o i mesmo, para ficar mais “fronteiriço”, segundo explicação do próprio músico) demorou 3 meses para ficar pronto. São 11 faixas regionais.

O lançamento ocorreu neste sábado (19), no Bar da Madah, na Vila Carvalho, mas a primeira apresentação do novo trabalho foi ao ar livre, na frente do Mercadão Municipal, há aproximadamente 15 dias.

Dos 70 CDs que o saxofonista levou, cada um a R$ 10,00, todos foram vendidos. A inovação e a surpresa têm garantido o sucesso. “Quando eu fui aprovado no FIC eu pensei em gravar algo diferente porque é tão difícil conseguir apoio do governo”, relembrou.

“To mundo imagina que o saxofone só é capaz de tocar jazz, bossa nova e chorinho”, completou.

Rajiv começou a tocar aos 13 anos. Saxofonista nasceu em família de músicos, a maioria de banda militar. (Foto: João Garrigó)
Rajiv começou a tocar aos 13 anos. Saxofonista nasceu em família de músicos, a maioria de banda militar. (Foto: João Garrigó)

Perfil - Natural de Rio Verde, cidade que fica a 207 quilômetros de Capital, Rajiv da Costa Pedreira mora hoje em Campo Grande. É funcionário público lotado na Banda Municipal de Campo Grande Maestro Ulisses Conceição. O saxofonista, que nasceu em uma família de instrumentistas, a maioria de banda militar, começou a se interessar por música por volta dos 13 anos.

Durante 17 anos, Rajiv tocou na noite com grupos conhecidos, com as bandas Lilás, Realce, Nova Era, Só para Contrariar, Company, D’stak e com a cantora Lya Maio. Já se apresentou em aberturas de shows de artistas nacionais como Alexandre Pires, Beth Carvalho e Adriana Ribeiro e até com “É o Tchan”.

Atualmente, além da divulgação do novo trabalho, o instrumentista continua a se apresentar em casamentos, festas, reuniões e coquetéis.

O primeiro CD, intitulado Rajiv do Sax, o som campo-grandense, foi produzido com recursos da Prefeitura, por meio do Fmic (Fundo Municipal de Incentivo à Cultura) e incluía músicas antigas, canções internacionais, bolero e até mambo.

Conheça uma amostra do trabalho de Rajiv. O CD pode ser encomendado pelo telefone (67) 9124-1255.

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