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Artes

Uma banda, 2 gêneros: o que a música ganha com homens e mulheres no mesmo palco

Naiane Mesquita | 04/01/2016 06:36
Aline (centro) e Marcelo (canto direito) formam parceria entre intérprete e compositor
Aline (centro) e Marcelo (canto direito) formam parceria entre intérprete e compositor

Na hora de compor para a banda The Aristocats, Marcelo Rezende, 43 anos sempre presta atenção em um detalhe. Se a música que está por vir combina na voz da vocalista Aline Calixto, 29 anos. Do outro lado, quando ela vai entoar pela primeira vez a canção, observa se a letra combina com o grupo e seus próprios ideais femininos. A parceria que surgiu de forma natural soma mais de três anos revelando um som bem rockabilly na Capital.

“Nesse quesito o Marcelo é basicamente uma enciclopédia, aprendo muito com ele e com todos os outros integrantes da banda. Ele me apresenta muita coisa, cantoras novas, músicas, nunca tivemos nenhum embate. No Aristocats acabo cantando música que foram feitas por homens, mas colocamos a nossa roupagem”, afirma Aline.

Marcelo diz no contato com as mulheres é preciso aprender a ver os dois lados da moeda. “Como temos uma garota no vocal tem que ser meio Chico Buarque. Compor para uma mulher cantar. Eu estou trabalhando numa música cuja ideia é a garota descolada se vingando do namorado folgado. Então tenho que imaginar como a Aline lidaria com isso”, explica.

Além de compositor, Marcelo é baixista na banda e acredita que apesar do universo machista presente no Rockabilly, Aline lida bem com a situação. A única diferença acaba sendo na escolha do repertório. “Por nós seriam as músicas mais rockers, mais agitadas e ela curte colocar as baladas, que de certa forma valorizam o vocal dela”, diz.

Para Aline, tirando o repertório, a banda não tem problemas. “Eu comecei a cantar no Rota, o bar que era uma garagem, com o Whisky de Segunda. Fazia uma hora com eles e o Robson (vocalista) mais uma hora. Antes eu tocava guitarra em uma banda de trash metal. No rock, as mulheres sempre foram minoria e isso criou um ambiente extremamente machista. No início foi difícil, hoje estamos conquistando espaço”, acredita.

Jane Jane e os meninos, no Aracy Balabanian. (Foto: Reprodução Facebook)
Jane Jane e os meninos, no Aracy Balabanian. (Foto: Reprodução Facebook)

A cantora Jane Jane, 31 anos, concorda com Aline. Acumulando quatro projetos musicais em 2016, ela segue também com a carreira solo acompanhada por uma banda só de instrumentistas homens, inclusive o irmão e o marido.

“Eu acho que a união do masculino com o feminino produz obras equilibradas e completas em todas as áreas, por isso nunca limito as coisas a gêneros e acho muito ruim quem faz. Já toquei com um músico que disse que é ruim tocar com mulheres porque ficam doentes. Pensei, nossa não sabia que homens não adoeciam”, ri.

Para ela, música não é competição. “Geralmente as mulheres chegam na música tendo que provas coisas e na verdade não é bem assim. Arte é expressão e não um esporte para competir virtuosismo”, ressalta.

Alex Kundera, baterista da banda de Jane e marido dela, acredita que a parceria é muito mais saudável e proveitosa para a arte. “As mulheres são campeãs nesse respeito à música. Ela compõe mais e nós ajudamos na melodia. É algo intuitivo mesmo, em German Boy, música da Jane, faltava um refrão, então a melodia veio naturalmente e eu passei para ela, que fez uns ajustes e encaixou na música”, frisa.

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