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Artes

Com o verde na bandeira e Murtinho no enredo, Bandido busca o tetra

Paula Vitorino | 12/11/2011 17:50

Touro Bandido disputa com o Touro Encantado durante o Festival de Porto Murtinho

Com parte das fantasias, adolescentes ensaiam as coreografias. (Fotos: João Garrigó)
Com parte das fantasias, adolescentes ensaiam as coreografias. (Fotos: João Garrigó)
Apresentação passa por últimos retoques para grande desafio.
Apresentação passa por últimos retoques para grande desafio.

Campeão nos últimos três anos, o Touro Bandido finaliza os últimos detalhes para enfrentar a Disputa dos Touros, tradicional do Festival Internacional de Porto Murtinho. No “curral”, onde é a oficina do grupo, todas as fantasias já estão prontas, precisando apenas de retoques.

O sábado foi de muito ensaio para as 80 crianças e adolescentes que representam o Bandido. “Agora é uma correria pra ficar tudo pronto para amanhã. Os últimos ensaios são já com as fantasias para não ter erro na apresentação”, diz a coordenadora Carmem Gomes.

O grande momento esperado acontece neste domingo (13), quando os touros Bandido e Encantado entram na arena para a Disputa de Touros. O vencedor ganha o título de paternidade legítima do Touro Candil, do folclore paraguaio.

O enredo deste ano é "Guardiões do Pantanal", fazendo homenagem aos 100 anos de Porto Murtinho, que serão completados em 2012. Todas as músicas da apresentação são de composição dos próprios adolescentes.

Fantasias - Cada figurino da apresentação traz um pouco da cultura da fronteira, que mistura elementos de Mato Grosso do Sul e Paraguai. Carmem explica que o objetivo é mostrar as cores regionais, junto com o colorido do Pantanal, nas fantasias.

Por isso, a maioria dos materiais utilizados é colhido nas redondezas de Porto Murtinho, No grupo dos indígenas, a madeira Carandá, comum na região, é a principal matéria-prima.

“Iria ficar mais glamoroso se enchêssemos de paetês e lantejoulas, mas o importante aqui é o folclore e por isso procuramos utilizar o máximo dos nossos materiais da região”, diz.

O figurinista Francis Fabian esclarece que, principalmente neste ano, o cuidado maior foi em separar o que é carnaval do que é folclore. Ele é carnavalesco em Campo Grande e há 7 anos, desde a primeira edição, cuida das fantasias do Festival, sendo que desde o ano passado passou a se dedicar exclusivamente ao Bandido e o Encantado ganhou outro figurinista.

“É claro que uma coisa ou outra de fora é usada, mas focamos em mostrar o que é folclore nas fantasias. Muita palha de Carandá, penas e sementes daqui”, diz.

A confecção das 80 fantasias e toda a preparação para a apresentação tem gastos de cerca de R$ 35 mil, segundo a coordenadoria do grupo. O dinheiro é arrecado por meio de eventos, patrocínios e o recurso da Prefeitura Municipal.

Todas as fantasias são confeccionadas pela própria comunidade, que participa de oficinas de artesanato durante o ano. O trabalho do grupo começou em julho deste ano.

Ensaio neste sábado mostrou uma prévia da apresentação de amanhã.
Ensaio neste sábado mostrou uma prévia da apresentação de amanhã.
Participantes recebem maquiagem e figurino de acordo com cada grupo da apresentação.
Participantes recebem maquiagem e figurino de acordo com cada grupo da apresentação.

Tradição - O respeito a tradição e ao folclore da região também é visto nos adolescentes, que fazem questão de preservar a identidade da festa e do Bandido.

“É muito legal vestir as fantasias, fazer as danças. A gente mostra a nossa cultura”, conta Giovana Arguelho, de 13 anos.

O carinho ao Touro de coração permanece até entre os adolescentes que já não moram em Murtinho. O estudante José Eduardo Ruiz, de 18 anos, mora em Campo Grande há 1 ano, mas fez questão de continuar participando da festa.

“Desde 2007 participo e gosto muito. Avisei que mesmo longe viria para os ensaios e a apresentação”, frisa.

Ele afirma que tem orgulho da cultura e já levou a festa para os colegas de escola da Capital. “Levei fotos, vídeos e todo que viu gostou, queria vir. Zuaram um pouco minha fantasia de zebra, porque era dos africanos, mas é algo cultural e eu tenho orgulho”, diz.

O jovem ainda completa dizendo que a festa é uma tradição na região, mas ainda falta que seja conhecida por muitos que moram no Estado. “Já viajamos para fora do Estado e a festa está crescendo a cada ano. O que falta é as pessoas conhecerem, porque quem vem gosta”, garante.

Comunidade - Para participar do projeto é preciso ter entre 12 e 17 anos, estar estudando e fazer a inscrição. O Bandido é de responsabilidade da Secretaria de Assistência Social (SAS), enquanto o Encantado da Secretaria de Educação.

A secretaria da SAS e primeira-dama, Maria Lucia Ribeiro, explica que o projeto além de preservar o folclore da região também proporciona futuro de qualidade para os adolescentes.

“É um incentivo para eles, porque só pode permanecer no grupo se estiver indo bem na escola. O projeto envolve eles durante todo o ano”, diz.

Os estudantes recebem acompanhamento psicológico e de assistentes sociais também. Carmem diz que cada um recebe um atendimento especifico, de acordo com sua realidade.

“A gente conhece cada um deles, sabe quando é preciso ser mais rígido ou não, e quando precisam de um acompanhamento psicológico. No período antes das apresentações eles passam mais tempo com a gente do que com os pais”, frisa.

Com o projeto, muitos adolescentes melhoraram na escola e estão longe do crime. “Temos adolescentes que já foram presos aqui e hoje são super empenhados no grupo. Isso é muito importante, mostrar para eles que é possível ser melhor”, diz.

Touro Bandido na na cor verde e a espanhola.
Touro Bandido na na cor verde e a espanhola.

Tradição - A Disputa dos Touros surgiu há 7 anos, inspirada no folclore paraguaio do Touro Candil.

“Era muito comum a dança e as brincadeira do Candil aqui, mas entre os adultos. Resolvemos aperfeiçoar para a nossa cultura e criamos os filhos do Candil, que são brasileiros”, diz.

Nas primeiras edições do Festival Internacional os touros mudaram de nome até chegar ao Encantado e Bandido. Nesta 7ª edição, a disputa entre os dois promete ser mais acirrada porque cada um agora conta seu próprio figurinista e coreógrafo.

Os dois grupos concorrem ao título de vencedor com pontuação em vários quesitos. Sexta foi a vez do Bandido apresentar uma prévia e hoje o Encantado se apresenta. Os dois também desfilaram em carreata pela cidade, colocando as bandeiras com as cores de cada um nas casas. Bandido é de cor verde e Encantado de cor amarela.

A festa continua até segunda-feira (14), com apresentações culturais, feira de artesanato e o anúncio do Touro vencedor. A cantora Gil e Tony Massa também se apresentam na segunda.

A programação completa no site: www.portomurtinho.ms.gov.br.

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