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Artes

Com público fiel, mostras de cinema arte ganham cada vez mais força na Capital

Mariana Lopes | 12/06/2012 18:54

Cinéfilos lamentam apenas por as mostras serem esporádicas e por Campo Grande não ter um espaço que divulgue mais filmes que fujam às produções hollywoodianas

(Foto: Rodrigo Pazinato)
(Foto: Rodrigo Pazinato)

Na pequena sala de cinema do MIS (Museu da Imagem e do Som), o conforto e a estrutura não se comparam aos das grandes redes de cinemas dos shoppings, mas para o público fiel que desfruta dos quase inacessíveis filmes das mostras exibidas pelo projeto CineMis isto é apenas um detalhe.

Chamados de “cinema arte”, os filmes de origem e roteiro italianos, japoneses, franceses, argentinos, fogem às superproduções hollywoodianas e tem lotado as sessões das mostras oferecidas pelo MIS.

Neste mês, quem teve destaque foram os diretores do cinema japonês. “Escolhi filmes com panorama mais contemporâneo. Tive o cuidado de colocar as produções que não são fáceis de encontrar”, contou o curador da mostra, Jean Albenaz.

Mesmo sem qualquer descendência, Jean diz que é apaixonado pela cultura oriental e, como cinéfilo de carteirinha, ele dá dicas. “O cinema japonês, até os mais comerciais, tem quadros mais desenhados, estética mais elaborada”.

Talvez seja por isso que os amantes da sétima arte, que tendem a filmes mais “cult”, acabam ganhando a fama de alternativos. “Às vezes, chamo minha prima para vir à mostra comigo e ela já fala: “Ah, esses filmes tem que pensar muito” e desiste”, conta Luciene Tanno, que fazia parte do público de cerca de 70 pessoas na estreia do CineMis de junho.

(Foto: Rodrigo Pazinato)
(Foto: Rodrigo Pazinato)

A produtora de televisão só lamenta que as mostras sejam esporádicas e falta especo que exibam filmes não comerciais em Campo Grande. Para ficar por dentro dos lançamentos, ou não, do cinema europeu, iraniano, que são os que ela mais gosta, a internet acaba sendo uma alternativa. “Mas não tem o mesmo glamoour do cinema, eu gosto mesmo é dessa telona”, enfatiza.

CineMis - O projeto começou em janeiro deste ano e tem atraído publico de média de 70 pessoas. Nos dois primeiros meses do ano, o CineMis homenageou o cinema brasileiro, exibindo apenas filmes nacionais, dos clássicos ou mais recentes.

Em março, foi a vez do cinema italiano ganhar espaço na telona do MIS. Em abril, o projeto deu vez a filmes de David Cardozo e em maio ao cinema argentino. O próximo mês, que dá início ao segundo semestre de 2012, os cinéfilos já podem se preparar para uma mostra do cinema francês.

O coordenador do MIS, Rodolfo Ikeda, explica como funciona o esquema para a escolha dos filmes. “Cada mês é um curador convidado, na mostra francesa, quem vai selecionar os filmes é o jornalista Thiago Andrade, e quem escolheu os das trÊs primeiras foi o Pietro Luigi”, conta.

Feliz com o resultado das mostras, Rodolfo destaca que o mais importante é a formação do público. “É um trabalho de base que demanda tempo, o projeto forma o olhar crítico do público”, diz.

Rodolfo Ikeda pontua destaca que as mostram despertam o olhar crítico do público (Foto: Rodrigo Pazinato)
Rodolfo Ikeda pontua destaca que as mostram despertam o olhar crítico do público (Foto: Rodrigo Pazinato)

Programação - O filme exibido hoje (12), no CineMis, é “Fish Story”, do diretor Yoshihiro Nakamura. A sinopse conta que no ano de 2012 a única coisa que separa a terra da colisão com um enorme cometa e a salvação é uma canção obscura gravada por uma banda de rock 37 anos atrás. Metalinguística e cultura pop temperadas com uma influência cáustica de Charlie Kaufman (adaptação) transformam esta premissa inusitada em um filme bem-humorado, que desafia classificações.

Amanhã (13), 13 Assassinos, com direção de Takashi Miike, conta a história de 13 homens em uma missão suicida para assassinar um senhor feudal japonês. Ao refilmar o clássico do diretor Eiji Kudo, de 1963, Takashi Miike alcançou a maturidade e realizou a sua obra-prima, sem deixar de lado o nihilismo que marca todos seus filmes.

Na quinta-feira (14), o filme que ganha a telona no Mis é Air Doll, do diretor Hirozaku Koreeda, conta sobre uma boneca inflável que ganha vida, Koreeda, um dos mais aclamados diretores da sua geração, cria uma metáfora encantadora sobre o vazio da vida moderna.

E para fechar a mostra de Cinema Japonês, na sexta-feira (15) o filme Amor e Honra, com direção de Yoji Yamada, fala sobre o sacrifício de uma esposa pela honra do seu marido, um samurai cego, se torna uma crítica sutil sobre a posição da mulher no Japão feudal no último filme da “Trilogia Samurai” de Yoji Yamada.

Serviço - A Mostra de Cinema Japonês vai até o dia 15 de junho, com sessão sempre às 19h, no Museu da Imagem e do Som, que fica no Memorial da Cultura, na avenida Fernando Correa da Costa, 559, 3º andar, Centro.

A Palestra sobre Cinema Japonês com Jean Albernaz acontece dia 20 de junho, às 14h, na Sala Idara Duncan do MIS. Mais informações pelo telefone 3316-9178.

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