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Artes

Estreante no Prata da Casa, Geraldo Roca diz que "o melhor está por vir"

Aline dos Santos | 21/05/2012 07:00
“Minha música é para o ser humano. Respeito esse estilo, mas é musica de festa, de uma celebração”, diz, ao comentar o sertanejo universitário. (Foto: João Garrigó)
“Minha música é para o ser humano. Respeito esse estilo, mas é musica de festa, de uma celebração”, diz, ao comentar o sertanejo universitário. (Foto: João Garrigó)

Há 30 anos, Mato Grosso do Sul tinha tudo para ser a bola da vez no cenário musical. Nos festivais, despontavam acordes, sonoridades e músicas efervescentes. Mas o estouro só veio três décadas depois, em ritmo de sertanejo universitário e rimas fáceis.

Testemunhas dos dois tempos, o compositor e cantor Geraldo Roca não joga pedra nas baladas onomatopeicas. Questionado sobre o que acha do estrondoso sucesso de Michel Teló e Luan Santana, a resposta vem suave, mas direta.

“Isso é outra história. Eu respeito, mas não sou fã. Nos Estados Unidos, tem o country e o folk. Um é para todo mundo; o outro para uma certa galera. Minha música é para o ser humano. Respeito esse estilo, mas é musica de festa, de uma celebração”, diz.

E de música, ele entende. Com Paulinho Simões, criou o Trem do Pantanal. Sozinho, deu vida à Mochileira. A história da cigana bonita tem duas versões. A primeira veio na voz de Almir Sater. A segunda, cantada por Roca, só ficou pronta cinco anos depois.

A música foi uma despedida. “Começava a era punk, foi adeus para o Woodstock. Era um adeus carinhoso, mais um adeus”, conta. Ele garante que a tal moça que ainda acredita “no bem, na revolução, no amor, no pé da estrada, no zen” não teve uma fonte de inspiração real. “É uma mochileira virtual, que toda mulher tem dentro delas, aquelas mais ideológica, mais situada sobre as coisas”, define.

Para o compositor, sopram pelo mundo - não pelas ruas de Campo Grande, como faz questão de frisar - ventos do que foi o paz e amor. A impressão veio ao ver no noticiário protestos na Grécia, que enfrenta uma turbulenta crise política e econômica. Indagada do porquê de participar de manifestações, uma adolescente respondeu que só estava ali porque queria um abraço.

Ao contar da adolescente grega, sorri. (Foto: João Garrigó)
Ao contar da adolescente grega, sorri. (Foto: João Garrigó)

Na próxima terça-feira, Mochileira poderá ser conferida ao vivo no show Prata da Casa, uma apresentação rememorativa de um festival de 1982. Para Roca, não deixa de ser uma estreia.

“Não participei do primeiro, estava no Rio de Janeiro”. Da cidade natal, guarda a paixão pelo Fluminense, que na noite de ontem, enquanto ensaiava para show, estava em campo pela Libertadores da América.

No espetáculo do dia 22, vão subir ao palco do teatro Glauce Rocha, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), cantores como Almir Sater, Grupo Acaba, Paulo Simões, Carlos Colman, Lenilde Ramos, Geraldo, Celito, Alzira e Tetê Espíndola.

Em 1982, a proposta era dar uma identidade cultural a Mato Grosso do Sul. Mas, paira a dúvida, afinal, já temos essa tal falada identidade? Com a palavra, Geraldo Roca.

“É um processo, não é uma coisa parada. Não é como no Rio Grande do Sul, que coloca a bombacha e fala isso é a nossa identidade cultural. Não é assim que funciona. A cultura está viva, tende a produzir fatos novos. O melhor ainda está por vir”.

Um tanto enigmático sobre qual seria esse futuro, ele afirma que o que vai vingar é a vocação do sul-mato-grossense. “Espero que seja uma sociedade aberta, liberal, moderna”, sonha.

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