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Artes

Sem medo da cor, a vibração de Isaac de Oliveira agora está em livro

Paula Maciulevicius | 10/08/2012 10:29
Isaac de Oliveira olha livro que reúne 220 trabalhos do artista.
Isaac de Oliveira olha livro que reúne 220 trabalhos do artista.

As cores da arte regional vibrando atráves das páginas de um livro. Nas mãos, quem ainda não teve a sensação de se encontrar nas telas de Isaac de Oliveira vai ter a oportunidade.

Pouco mais de 220 trabalhos, apenas parte do acervo de mais de 600 obras do artista, serão lançadas em "Acrílicos", que via Editora Alvorada chegou à 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que começou nesta quinta e vai até o dia 19.

O trabalho é considerado por ele uma coletânea perto de tanto conteúdo e o primeiro passo para passar o encanto das cores da tela para as páginas.

O nome "Acrílicos" foi dado devido ao tipo de tinta usada pelo artista. A escolha das obras foi aleatória, não seguiu nenhum critério, segundo ele e também não conta cronologicamente o que ele passou da fotografia para o pincel.

Isso mesmo, Isaac usa o talento da pintura aliado à fotografia para traduzir perfeitamente as expressões. Arte em cima de arte.

O livro carrega um histórico inusitado por trás do lançamento na Bienal.

De fato "Acrílicos" não foi lançado até hoje, mas já vendeu 2,5 mil exemplares. "É um recorde para um livro", considera o artista. A explicação vem pelas mãos do amigo Jota Abussafi que levou a coletânea até o programa do Faustão e o apresentador expôs para todo País.

Há 10 anos a ideia de produzir um livro já era pensada, mas até então, o perfeccionismo do artista não deixava o projeto sair para o papel. Pressa também não havia. "Publicar um livro dependendo de fundos de cultura eu não gosto disso, não me satisfaz. Como sou publicitário, tinha que ser em certo papel, obedecer uma ordem perfeita de design, se não eu não ia querer", diz. E foi isso que a editora fez, aos olhos de Isaac, foi um grande investimento e um trabalho muito profissional.

Em cima da ideia que já tem uma década, de seis anos para cá que ele foi tratando as fotografias originais e guardando. Produzir o livro foi então fácil. "Fui reunindo o que já tinha de arquivo".

A obra por si só obedece a paixão de Isaac pelas cores. E é divida entre sessões de Pássaros, Flores, Peixes, Ipês e Abstratos. É apresentado pela jornalista Ana Karla Loureiro. As críticas de arte começam pelo cineasta Cândido Alberto da Fonseca e seguem para os Maria da Glória Sá Rosa, Maria Adélia Menegazzo e Rafael Maldonado.

"Chega uma hora que seu trabalho vai à frente da sua pessoa e para apresentá-lo você tem que mostrar o que fez". A prática de expor aos conhecidos o colorido do acrílico usado já era feita pelo Ipad. "Mas não é a mesma sensação, num livro você pega".

Aves tem o colorido que hoje é a marca do artista.
Aves tem o colorido que hoje é a marca do artista.
O ipê, figura sempre presenta na obra de Isaac.
O ipê, figura sempre presenta na obra de Isaac.

As mais de 220 obras passam a sensação para quem folheia de que ali não existe medo das cores. Pássaros que muitas vezes passam despercebidos, ganham todo realce pelas mãos de Isaac. O colorido dos Ipês, vistos pela cidade principalmente agora, também. Uma cor tão vibrante que é capaz de transportar da página para a cena real, só de folhear de relance.

"Não tenho medo de cor. Todo mundo acha mais confortável o neutro, mas precisa quebrar. Uma vida sem contraste, é uma vida sem graça", define. Ele sabe como ninguém no Estado transmitir o sentimento de coragem perante os tons fortes. Chamar a atenção não é problema, é brincadeira, é seriedade e é o que conduz a arte de Isaac.

"Quebro o paradigma, coloco uma cor que mexe e você não fica imune", ressalta. Sem agressão, ele une em uma só obra vermelho, azul, preto e laranja. As cores não brigam entre si e não se chocam aos olhos de quem as vê. O segredo, em palavras, faz até parecer fácil. "Colocar cada um no seu lugar, mostrar sem chocar". Delimitar espaços também é um dos talentos do mestre.

A paixão pelas cores é traduzida em aves e flores e pode ser sentida por quem folheia o livro sem que nunca tenha visto de perto uma obra de Isaac. Os temas tomam conta de boa parte das páginas do livro. Resposta para o que o artista procurava "um tema regional colorido eram as aves. A primeira coisa que vi e me chamou atenção, a variedade de espécies que tinha no Pantanal". Baiano, ele chegou a Mato Grosso do Sul depois de receber a formação de artista em São Paulo, em 1978.

"Um certo pássaro, de nome Príncipe, passa apenas dois meses do ano aqui. Ninguém entende... O ano inteiro ele não existe, isso me chamou atenção, o que a região permite". Depois ele mesmo acrescenta que seguem os peixes, provenientes do gosto por pescar, mas tudo se encontra em um só lugar, o Pantanal.

Representando um dos grandes nomes da arte regional, ele cita um fenômeno que tem acontecido no Estado. "A arte como destaque da decoração. Antes se comprava para combinar com o sofá. Hoje se compra o que combina com a tela. Até porque dura mais do que um sofá".

Conhecido regionalmente, ele admite que ainda não teve o seu tempo. "Meu trabalho ainda não aconteceu". Uma brecha se abre semana que vem, quando uma pequena amostra das cores vindas do pincel de um artista que não vive sem elas será apresentada na Bienal. "As cores são minha obsessão, meu divertimento e meu tormento de todos os dias". Frase de Monet e epígrafe do livro. Palavras que conseguem traduzir as cores que se encontram no livro e na alma do artista Isaac de Oliveira.

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