ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 22º

Artes

Show de chorinho vai trazer partituras perdidas na época da Ditadura Militar

Mariana Lopes | 03/08/2012 21:59
No ensaio para o show de amanhã, músicos afinam o som e dão palhinha do que será apresentado (Foto: Simão Nogueira)
No ensaio para o show de amanhã, músicos afinam o som e dão palhinha do que será apresentado (Foto: Simão Nogueira)

Após 41 anos, o projeto “Choro Opus Trio” resgata partituras ainda escritas a mão composições de chorinho que foram perdidas por causa da Ditadura Militar. No palco, um encontro de gerações e talentos dá tom às 14 músicas que serão apresentadas amanhã.

Tudo começou com uma amizade e admiração. O personagem principal da história é o maestro Amintas José da Costa, o respeitado compositor Sarrafo, que deu os primeiros passos na música com artistas consagrados da Velha Guarda, como Pixinguinha e Jacó do Bandolin.

Aos 93 anos, Sarrafo tem a alegria de ouvir suas composições em um CD, com a possibilidade de serem tocadas nos quatro cantos do Brasil. São músicas que já foram gravadas na década de 60, mas por causa da Ditadura Militar, o estúdio no qual estava o LP foi fechado e a única cópia que o compositor tinha se perdeu no espaço e no tempo.

Aos 93 anos, Sarrafo é cheio de histórias para contar e composições para cantar
Aos 93 anos, Sarrafo é cheio de histórias para contar e composições para cantar

Sem falsa modéstia, o idealizador do projeto, o maestro Eduardo Martinelli, conta que gravar as 12 composições foi como escrever em uma página da música popular brasileira que poderia ter ficado em branco.

Mas o acaso quis presentear os amantes da boa música brasileira e, em algum momento desavisado da vida, cruzou os caminhos de Sarrafo e Martinelli em uma escola de música, no interior de São Paulo.

Um dia, há mais ou menos 12 anos, sem qualquer pretensão, Sarrafo mostrou as partituras a Martinelli, que se encantou com cada nota escrita nos papéis. “Há três anos começamos a trabalhar no projeto até ele ganhar corpo, montamos o grupo e começamos a gravar”, conta Martinelli.

Cada passo foi acompanhado pelo autor. “O Eduardo me deu esse presente, que veio com uma roupagem nova e até melhor do que a original”, diz Sarrafo.

Sem falsa modéstia, o idealizador do projeto, Eduardo Martinelli, conta que gravar as 12 composições foi como escrever em uma página da música popular brasileira que poderia ter ficado em branco.
Sem falsa modéstia, o idealizador do projeto, Eduardo Martinelli, conta que gravar as 12 composições foi como escrever em uma página da música popular brasileira que poderia ter ficado em branco.

“Sensação de dever cumprido”, resume Martinelli sobre o que sente em relação à obra. “Esse material poderia ter morrido com ele e seria uma grande perda para a música brasileira”, diz.

Por enquanto o “Choro Opus Trio” tem apresentações agendadas por Mato Grosso do Sul e São Paulo até o final do ano, mas o desejo de Martinelli é que as composições de Sarrafo entrem no cardápio de choros tocados Brasil afora.

O show-Das 14 músicas tocadas no show, Sarrafo participa com o saxofone em três, junto com Eduardo Martinelli no violão de sete cordas, Philip Andara na flauta, Ivan Cruz no bandolim, Carlos Alfeu no violão de seis cordas, Davidson Ferreira no violino, Matheus Coelho no clarinete e a participação da Orquestra Filarmônica Jovem do Pantanal.

O show será amanhã (4), a partir das 20h, no teatro Aracy Balabanian, com entrada gratuita. O espaço acomoda 302 pessoas.

Nos siga no Google Notícias