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Artes

Cineasta se diz polêmico e quer mostrar cena undergroud da cidade em filme

Elverson Cardozo | 12/03/2015 09:34
Cenas foram rodadas à noite em becos da cidade. (Foto: Divulgação)
Cenas foram rodadas à noite em becos da cidade. (Foto: Divulgação)

Campo Grande e seus becos serão cenário do novo filme do cineasta Mhiguel Horta, de 57 anos. Tendo como pano de fundo o romance entre dois homossexuais, o longa, que recebeu o nome de “Crime Barato”, vai retratar o universo underground da cidade e questões como prostituição, violência, uso de drogas e religião. Também discute valores morais e hipocrisia, por exemplo.

“Sou polêmico. Não gosto de assuntos brandos”, provoca Mhighel. Ele adiantou detalhes da produção ao Lado B. Com duração aproximada de 70 minutos, o filme, diz, “é focado na questão LGBT […] e baseado em coisas que aconteceram e que são reais".

A obra, prossegue, conta a história de dois rapazes que tem um relacionamento. "Eles tem o temperamento forte e um é mais ciumento”, revela.

Provocador - A partir dos protagonistas, Elias e Maicon, que serão interpretados pelos atores Diogo Adriani e João Pedro Xavier, o cineasta discute assuntos mais densos, representados nas figuras de personagens conservadores, como os “crentes”, que prometem dar o que falar, e, além disso, os marginalizados. “Tem noiados, traficantes, homossexuais, travestis fazendo ponto”, diz.

A ideia, comenta, é levantar alguns questionamentos a partir do que considera ser o “lado podre” da sociedade, onde, nas palavras dele, “tudo é mercado e mercadoria”. “Tem caras casados que saem com travestis. Se elas vendem o corpo é porque tem alguém que compre. Se a burguesia se alimenta da droga, como vão tirar o traficante? Uma coisa é ligada a outra”, exemplifica.

O nome do longa sugere um crime e isso, de fato, vai acontecer na história, mas o cineasta não revela detalhes para não acabar com a surpresa. 

Produção a todo o vapor - As gravações começaram há dois meses. Algumas cenas foram rodadas na antiga rodoviária e em um hotel próximo. Um beco perto da Morada dos Baís também serviu de locação.

Como a história retrata o universo LGBT, Mhiguel gravou, ainda, na boate Non Stop, em um dia de muito movimento. A draq queen da casa, Lauanda, interpretada pelo artista-transformista Diego Toledo de Almeida, participou.

A vencedora do reality show “Academia de Drags”, Gysella Popovick, também gravou. Completam o elenco, os artistas locais Thiago Moura, Natália Andrade, Beth Terras e Espedito Di Montebranco. A trilha sonora é da banda Jennifer Magnética. O músico Tiago Linhar faz participação.

“Crime Barato” ainda está em produção, com previsão de lançamento para meados de maio. "Nossa intenção é participar de festivais de filme LGBT, como o Mix Brasil. É algo inédito, inovador. Não tem nada com esse caráter produzido aqui", valoriza o cineasta.

É a primeira vez que ele grava um filme com essa temática na cidade, mas Mhighel já acumula outras experiências no ramo. Seu último trabalho foi o longa "Sobá, Trilhos e Silêncio", que fala sobre a imigração japonesa, costumes sul-mato-grossense e a chegada da ferrovia.

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