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Artes

Filme banido na Índia estreia hoje fora do circuito comercial em Campo Grande

Lucas Arruda | 22/09/2015 10:09
"A Filha da Índia" será exibido gratuitamente a partir das 19 horas no MIS (Foto: Reprodução)
"A Filha da Índia" será exibido gratuitamente a partir das 19 horas no MIS (Foto: Reprodução)

No dia 16 de dezembro de 2012 a estudante de medicina Jyoti Singh saiu de casa, em Nova Déli na Índia, com um amigo para assistir no cinema “As Aventuras de Pi”. Este podia ser só mais um dia normal na vida da garota, mas foi o início do enredo de um dos crimes que chocou o mundo todo naquela ocasião, pois ao voltar para casa, às 9 horas da noite, ela foi estuprada por seis homens dentro do ônibus.

Ela faleceu alguns dias depois devido às agressões que sofreu. Revoltadas, as mulheres indianas saíram pelas ruas para protestar contra este tipo de violência, o que causou um engajamento mundial.

Este foi o mote para o documentário “A Filha da Índia”, de 55 minutos, feito pela cineasta Leslee Udwin, com depoimentos de um dos homens presos pelo crime, dos advogados dos acusados e dos pais da estudante, que estreará simultaneamente em circuitos alternativos do País. Em Campo Grande a sessão, com entrada gratuita, será às 19 horas, no Cinema (d)e Horror, que acontece no MIS (Museu da Imagem e do Som).

A exibição é fruto de uma parceria entre a Vitrine Filmes, de São Paulo, com o cineclube local. Como não iria estrear no cinema comercial, a distribuidora, que já ofereceu os filmes “Quase Samba” e “A Nação que Não Esperou por Deus” para passar aqui, entrou em contato com a organizadora do Cinema (d)e Horror, Carolina Sartomen, para realizar a exibição.

“Fazer sessões gratuitas em lugares alternativos de novas produções é muito importante para a formação de público, é o acesso democrático ao cinema”, afirma.

O filme foi proibido de ser passado dentro da Índia. Leslee foi acusada pelo advogado do de Mukesh, único dos seis presos pelo crime que aparece na produção, de ter dado um roteiro para que ele lesse durante a entrevista.

O governo indiano também está processando a diretora dizendo que ela não respeitou os termos de um acordo feito com a penitenciária e que o filme desmerece a imagem dos homens indianos.

O assunto abordado pela produção também foi um dos pontos que trouxe interesse à Carolina. “Ele tem uma temática feminista, temos que ajudar as pessoas a formar opinião. Além disso, é um documentário, o público em geral está preso ao cinema feito em Hollywood, sempre longas de ficção. As pessoas não têm muito acesso a este tipo de gênero, é importante levar a elas”, ressalta.

Nenhum dos acusados mostrou remorso algum durante as 31 horas de entrevista feita com eles, o que a deixou a diretora chocada.

“Eles não acham que fizeram nada de errado. Na verdade, estão indignados com a repercussão do caso porque acham que estavam no direito deles. Para eles, uma garota que sai de casa para ver um filme com um amigo é uma prostituta”, disse ela após participar de uma sessão do filme e de um debate sobre direitos das mulheres em São Paulo.

Aqui também será feita uma discussão ao término da exibição. Para mediar o debate foram chamadas três ativistas feministas: a líder indígena Alicinda Terena, a estudante Priscila Anzoategui e a professora Nilciene Maciel.

Elas falarão sobre o empoderamento feminino e sobre a violência contra a mulher, já que ainda hoje no Brasil vemos uma enxurrada de crimes deste tipo sendo denunciados e há muitos em que as vítimas sofrem em silêncio.

O MIS fica na avenida Fernando Correa da Costa, 559, Centro.

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