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Comportamento

"Segredo" é nome do motel, mas até toque da campainha delata o tipo do cliente

Paula Maciulevicius | 13/01/2014 09:05
De longe se vê a construção amarela na principal avenida do bairro. (Foto: Marcos Ermínio)
De longe se vê a construção amarela na principal avenida do bairro. (Foto: Marcos Ermínio)

Na avenida conhecida como corredor do Nova Lima, de nome Marques de Herval, de longe se vê uma construção amarela ouro, que contradiz com o nome que leva. Ali não tem nada de “Segredo”. O lugar é um motel construído há dois anos. Claro que essas coisas despertam nossa atenção. Seja com a mulher, marido, amante, ou o quem for, ninguém quer ser visto entrando para uma rapidinha, ou pernoite.

Tocamos a campainha e a recepcionista e camareira Cristiane Prestes, de 39 anos, nos recebe. Moradora do bairro, ela dá risada quando a gente pergunta se o local faz jus ao nome. “É, supõe que motel tem que ser segredo”, comenta. Ao contrário do que se vê ali. Segundo ela, pela via passam "apenas" três linhas de ônibus e mais o fluxo de carros. O que justifica a quantidade de tocadas para que alguém atenda.

“Quando é amante, toca desesperadamente, ainda mais se tiver de moto, pensa o povo dizer que viu fulano entrando? Aqui passam três linhas de ônibus, passa tudo quanto é carro porque tem comércio aqui em cima”, descreve.

O movimento maior é entre os dias de pagamento e depois, quando sai o vale. Mas tem clientes que independem dessas datas e vão até quatro vezes por semana ao Segredo não muito secreto. São 11 quartos standarts, com frigobar, ar condicionado e televisão.

Na Brilhante, gerente tem que sair pra ver se o movimento diminuiu, a pedido dos clientes. (Foto: Cleber Gellio)
Na Brilhante, gerente tem que sair pra ver se o movimento diminuiu, a pedido dos clientes. (Foto: Cleber Gellio)

Para 2h o valor é de R$ 30, já a pernoite vai de R$ 50 até R$ 60, variando entre finais de semana e feriados.

Cristiane vive de risadas das histórias que os clientes deixam por ali. Tem gente que a cumprimenta no Segredo, mas a ignora na padaria. As mulheres, mais desesperadas, chegam a segui-la até o banheiros dos lugares. “De repente entra e fala pra mim, pelo amor de Deus, você não me conhece, eu estou com meu marido aqui”, conta.

No geral, ela finge que não vê ninguém motel afora. “Se me cumprimenta, eu respondo, aqui pode ser teu irmão, tua irmã, tem que fingir que não conhece”.

Na avenida Brilhante, o motel que surge para quem desce na rua Guia Lopes, na região do bairro Amambaí, não é tão amarelo quanto o primeiro, mas também pega no flagra quem chegar de carro ou mototáxi.

A gerente de 32 anos fala que a localização não inibe ninguém de entrar, muito pelo contrário. “Nunca vi movimento igual aqui, acho que é a questão de limpeza e de atendimento. Isso que chama cliente, ele quer a sua discrição”, observa.

O motel está ali há mais de cinco anos, com 20 apartamentos disponibilizados. Apesar de ter câmeras voltadas para a rua, tem vezes que a gerente precisa ir lá fora para ver o movimento.

“Eles cuidam, não querem ser vistos, pedem para gente sair e olhar e ficam esperando às vezes. Isso é porque a maioria é casado e você sabe o povo, pode ter certeza que vão olhar. O povo do ônibus então...” Por ali passam oito linhas que vão até o terminal.

A certeza de que os clientes se preocupam em ser vistos sim, é confirmada quando uma Strada sai do motel e se esconde ao ver o carro do Campo Grande News.

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