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Comportamento

A amizade que começou na faculdade e hoje comemora 30 anos

Paula Maciulevicius | 13/07/2013 08:02
A foto parece ter saído de propaganda de revista. Mas é a mais pura realidade. Oito amigas que comemoram 30 anos de histórias, sorrisos e laços invisíveis que câmera nenhuma é capaz de registrar. (Fotos: João Garrigó)
A foto parece ter saído de propaganda de revista. Mas é a mais pura realidade. Oito amigas que comemoram 30 anos de histórias, sorrisos e laços invisíveis que câmera nenhuma é capaz de registrar. (Fotos: João Garrigó)

Do portão a fora se escutava o som das gargalhadas e as frases "tira outra", "agora você vem", durante as poses feitas para a câmera fotográfica. Quem ouvia de longe tinha a impressão de estar próximo de um grupo de amigas adolescentes. Na idade, talvez não mais, mas o espírito de cumplicidade continua o mesmo. Ângela, Carla, Rocheli, Tânia, Mariel, Maria Valéria, Lígia e Suzana. Todas engenheiras que começaram no banco da faculdade, uma amizade que completa hoje três décadas.

"Ah, não. Tem que dizer que a gente se conhece desde o berçário", brincam entre elas. O medo ali era revelar a idade num jornal. Elas são da turma de Engenharia Civil da UFMS de 1982 a 1984. Um curso que tradicionalmente agregava mais homens, foram nas aulas entre uma turma e outra que elas se juntaram. Depois disso, vieram os casamentos, nascimento de filhos e mudanças para o exterior. Fases da vida que as deixaram um pouco afastadas geograficamente, mas não distanciou o laço formado.

E no último encontro, onde estava parte delas, a decisão foi unânime, de comemorar os 30 anos de amizade. Pelo Facebook marcaram a data para que todas estivessem presentes. É que Lígia mora em Bela Vista e Suzana, em São Paulo. "A gente se conheceu solteira, viu casar, ter filhos. Ainda só não vimos chegar os netos", brinca Ângela Libório da Fonseca, que hoje estuda com a filha da amiga Carla. "Ela veio brincar que agora só tinha amigas novas, de pirraça eu coloquei uma foto dela com a Renata no colo e depois uma do lado da outra, na faculdade", conta a amiga Carla Dalbianco.

Nas lembranças de como tudo começou, a sensação é boa para quem escuta as histórias. Por vezes ali a gente se coloca no lugar, do quanto já viveu com as amigas e como seria chegar aos 30 anos de amizade. Uma fala o que a outra fazia durante a faculdade e as risadas que surgem disso, são mais do que reviver um passado, é transmitir parte de si.

"Mesmo estando longe a amizade sempre continuou. A gente nunca teve briga e nem afastamento", reforça Ângela. A única implicância era com a Suzana, que só chegava atrasada. "Eu brigava por isso com a Suzana e ela nunca estudava e tirava nota mais alta", completa. Na defensiva, a amiga fala que chegava pedindo dicas para a prova. Sobre o horário, ela brinca "gente, 7, 8h da manhã não dá né", diz Suzana Farias Pereira.

As amigas Maria Valéria e Rocheli se tornaram madrinha e comadre.
As amigas Maria Valéria e Rocheli se tornaram madrinha e comadre.

Histórias à parte, fazia muito tempo que as oito não se encontravam. E a primeira reação tida neste encontro foi de uma dizer à outra que ela não mudou nada e que continua linda, seguida dos celulares exibindo as fotos dos filhos. O Lado B acompanhou o bate papo entre elas. A conversa era um misto de passado e presente, de quem tinha muito o que relembrar e o que contar pela primeira vez. Mais do que amigas, a harmonia no grupo é tamanha que a descrição ultrapassa os limites de amizade. Para quem vê elas ali, tem a certeza de estar em um grupo de irmãs.

"Eu não era daqui de Campo Grande e quando eu cheguei, elas são as amigas que fiz aqui, fazem parte da minha histórias. Elas são a minha história", explica Ângela. Considerada pelo grupo como a mais espirituosa.

A última a se casar, Mariel Guerreiro da Fonseca Martins, hoje tem uma filha de 7 anos. "Ela aproveitou mais que todo mundo a faculdade", brincam as outras sete amigas. A engenheira tenta passar à filha, a união que formou com as amigas de faculdade. "Para mim elas são mais que amigas. São minhas irmãs, não de sangue, mas de alma", define.

E em 30 anos juntas, o Lado B quis saber qual foi o momento mais difícil que uma esteve ao lado da outra. Em coro elas responderam a mudança de namorado de Suzana. História que elas não só acompanharam, como deram um 'empurra' para outro que veio a se tornar o marido de Suzana.

"Quando eu mudei de namorado. Foi um momento", a resposta de Suzana é interrompida pelos comentários. "Nós não forçamos nem um pouco a barra. Sua mãe tinha que agradecer a gente", diziam as amigas. Suzana retoma a conversa e diz que na verdade, a força foi tanta, que ela acabou casando com um colega de faculdade. Os olhos dela para ele quem abriu foram as colegas. "Foi legal, um momento importante, todo mundo aconselhando", completa.

Dos bancos da faculdade aos encontros três décadas depois. Elas dizem entre elas que não mudaram nada e que continuam lindas. A receita do rejuvenescimento deve ser amizade duradoura.
Dos bancos da faculdade aos encontros três décadas depois. Elas dizem entre elas que não mudaram nada e que continuam lindas. A receita do rejuvenescimento deve ser amizade duradoura.

E o encontro delas seguiu na tarde de uma quinta-feira. A data teve de encontrar espaço aberto na agenda de todas. É que além de horário, o compromisso exigia dedicação exclusiva e por tempo indeterminado. Era o passado dos tempos da faculdade e o presente juntos de oito amigas que dividiram risadas, dilemas e uma vida.

Diretora de um curso de línguas, Tânia Varela deixou a engenharia de lado, mas não as companheiras que encontrou na jornada de cálculos. "A agenda é lotada sempre, mas neste caso, sem dúvida, tinha que encaixar. São poucas as pessoas que têm a experiência que a gente tem. Manter amizade com duas ou três é mais fácil, mas um grupo de oito? Vale a pena", admite.

Do encontro já saiu lobby para formar casamento. Suzana está de olho no filho de Lígia para genro. "Olhei a foto e é um gato", comenta.

A futura parente, Lígia Negreiros Duncan Pinheiro, diz que receita do rejuvenescimento está ali. "A gente ser feliz e ter amigos, olha que a gente não é vaidosa, pelo menos na época da faculdade, todas usávamos bonita, mas cultivar anos de amizade é algo que evita o envelhecimento", atribui. O Lado B nem se atreve a dizer as idades delas, mas garante que nenhuma aparenta ter o que a certidão de nascimento diz.

E da amizade elas passaram a ser comadres. Maria Valéria Tomiazzo batizou a filha de Rocheli Cavalcanti de Carvalho. Independentemente do que tenha prometido à família e à igreja, a união entre as duas é de um laço fraternal. "Colocar essa amizade acima das convenções, do que é normal", diz Maria Valéria sobre o segredo de tantos anos. A amiga Rocheli completa "Confiança e cumplicidade, não precisa nem estar tão próxima, mas você sabe que vai poder contar naquela hora, que ela vai estar ali".

A última a falar é anfitriã da casa. Carla abriu as portas para as amigas e também para o Lado B. "Faço questão de recebê-las aqui. O que significa essa amizade? Significa uma vida juntas de alegria, companheirismo e de felicidade".

Elas terminaram o encontro em volta de um bolo trazido por Tânia. Com o nome de todas, acima estava a vela de 30. A cada encontro são tiradas fotos desde a época da Polaroid para registrar as histórias e sorrisos. O que fica na fotografia são os laços invisíveis que havia.

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