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Comportamento

Ainda com lembranças da época do mIRC, grupo mantém amizade dos anos 90 até hoje

Paula Maciulevicius | 07/06/2015 07:23
Entre os anos de 1995 e 1997, as meninas que contam a história do “Coroas MS”, descobriram o mIRC e as amizades que ele poderia trazer. (Foto: Fernando Antunes)
Entre os anos de 1995 e 1997, as meninas que contam a história do “Coroas MS”, descobriram o mIRC e as amizades que ele poderia trazer. (Foto: Fernando Antunes)

As risadas que se ouvem de longe vem de uma mesa de bar pra lá de animada. Amigos que se conheceram através do mIRC na década de 90 e levaram o canal para o mundo real. Na apresentação de cada um, além do nome era preciso dizer o nick usado no programa. Apelido que para alguns pegou e marcou uma época.

A entrada delas no programa de chat foi entre os anos de 1995 e 1997. Hoje, as meninas que contam a história do “Coroas MS”, ainda se encontram toda semana. O grupo começou com poucas conhecidas, duas vizinhas e outras duas que trabalhavam juntas, no dia 25 de agosto de 1997, data que até hoje é comemorada em grande estilo.

As fotografias revelam que os anos passaram, mas os sorrisos permanecem. “Tudo era motivo de festa”, resumem. Os “IRContros” aconteciam com tanta frequência que ninguém ousa numerar as festas que chegaram a ter 300 pessoas. “Halloween, festa junina, Carnaval, Natal...” e por aí vai.

Renata e Rosana olhando as fotografias das festas do grupo. (Foto: Fernando Antunes)
Renata e Rosana olhando as fotografias das festas do grupo. (Foto: Fernando Antunes)

O nome do canal, “Coroas MS” era uma regionalização do nacional onde todas já participavam. Na mesa de bar, o Parks, que foi palco de encontros para conhecer novos amigos, parte do grupo, relembra a história e até o sinal da internet discada ou a decepção de ver a conexão cair.

“Era época de conexão discada, fazia um ‘pí’”. “A gente entrava em desespero se caísse”. “E entrava na sexta, depois da meia-noite, que era só um pulso e saía no domingo. O telefone de casa só dava ocupado”. As frases são resumidas por Licka, Rosana, Regina, Ecila, Renata e Carla Renata.

A entrada delas no mIRC teve mãozinha dos amigos e dos filhos, que ensinavam como mexer. Quase todas elas já eram mães. “A gente começou o programa quando nos mandaram um disquete para instalar”, conta Ecila Carolina Zampieri Lima, de 60 anos. A funcionária pública usava o nick de “Carol”.

Ecila, Renata, Rosana e Regina e o riso de quem lembra do passado na internet. (Foto: Fernando Antunes)
Ecila, Renata, Rosana e Regina e o riso de quem lembra do passado na internet. (Foto: Fernando Antunes)

O objetivo era de encontrar amigos e “barbarizar” na internet, como coloca Regina Filipini, de 46 anos. Com o nick “Dininha MS”, ela entrou em 98. “Era todo dia. A internet era uma coisa nova, a febre do momento e todo mundo dizia que tinha que ter cuidado, que era uma coisa perigosa”, recorda. Por conta disso é que os encontros com amigos virtuais eram feitos sempre no Parks, considerado um local seguro por todas.

Com o nick “Licka MS”, Maria Elisa Soares Marques Di Nucci, de 55 anos, entrou no mIRC em 97. “Era pra conhecer gente. Eu já tinha instalado, porque meus filhos usavam”, explica. O apelido conhecido entre os amigos e familiares, ‘Liliza’, já estava registrado, foi então que surgiu o Licka.

“Foi para fazer amizades. No meio tivemos amores, decepções, mas foi mais coisas boas do que ruins”, comenta.

Licka é parte do quarteto com Renata, Rosana e Batom, a amiga Ana Rita, que morreu em setembro do ano passado, tão nova, depois de um AVC. Sobre ela, as amigas falam com carinho o que conseguem, antes das lágrimas começaram a escorrer.

Batom, Licka, Rosana e Renata ainda na era da máquina de filme.
Batom, Licka, Rosana e Renata ainda na era da máquina de filme.
Batom, Licka, Rosana e Renata numa reprodução da mesma pose, anos depois.
Batom, Licka, Rosana e Renata numa reprodução da mesma pose, anos depois.

“Conhecemos o Luís primeiro, o marido da Batom. A gente era tão legal que o marido veio e nos apresentou a esposa”, conta Rosana Santin de Almeida. Ana Rita e as amigas feitas através do mIRC saíam toda semana. “Foi um baque. Ela faz falta até hoje, era todo dia, todo dia”, completa Rosana.

Na rede, o nick “Zana MS” foi a porta de entrada para a formação da sua família aqui no Estado. Vinda do Rio Grande do Sul, ela conta que não tinha familiares e nem amigos, até que as conversas do chat viraram amizades e viagens.

Em 97, a pedagoga Renata Mendes, de 45 anos, assumiu o nick “Rennattinha 35”. “Eu varava a noite, ia dormir só de manhãzinha. O legal do grupo era a afinidade, virou uma coisa de verdade, de você chorar no colo uma da outra”, descreve.

A participação era tamanha que tinha gente de fora que passava por Campo Grande só para conhecer pessoalmente os amigos do “Coroa MS”. “Lá era como se fosse um bar, o canal já era a nossa saída”, compara a professora Carla Renata Figueiredo, de 41 anos. “Carla R” como é até hoje conhecida, veio de Três Lagoas e foi pelo mIRC que fez amigos.

Analista de Marketing, Kelly Tosta, de 38 anos, veio de São Paulo. Em 97, ao entrar para o mIRC, passou a frequentar também os canais daqui: "Campo Grande" e o "Coroas MS". Depois de se formar, se aventurou na Capital atrás de emprego e achou mais que isso. Uma das caçulinhas do grupo brinca, ao ver as fotos, que de muitos ali era não sabe os nomes, mas se lembra dos nicks.

Como de praxe, elas continuam se encontrando até hoje no Parks, bar que era o local 'seguro' para encontro com novos amigos. (Foto: Fernando Antunes)
Como de praxe, elas continuam se encontrando até hoje no Parks, bar que era o local 'seguro' para encontro com novos amigos. (Foto: Fernando Antunes)
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