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Comportamento

Algumas sugestões para lidar com alguém em tratamento contra o câncer

Fabianne Rezek | 15/11/2014 07:56
Fabianne Rezek em "I can do it".
Fabianne Rezek em "I can do it".

Queridos amigos do meu coração, há dias tento encontrar palavras para falar de algo que tem me feito pensar muito. Como todos sabem estou tratando de um câncer. E não é novidade para quem me acompanha, que levo isso com certa leveza e alegria, e que alguns não entendem isso, como contei um um texto anterior.

Postei no Facebook outro caso que causou polêmica. Alguém, em sua loucura, sugeriu que estou usando o câncer para me promover.

Aos que me entendem ou apoiam, aplico a filosofia do amor para retribuir o carinho que recebo. Já aos que me criticam, adoto a filosofia da vaca. É, aquela do cagar e andar. Pode soar mal educado, agressivo, mas definitivamente, me importar com comentários cruéis, sem noção, que não acrescentam em nada pode desconstruir tudo e influenciar negativamente no resultado do meu tratamento. Falta bom senso em muita gente, incrível!

Esses acontecimentos começaram a incomodar, no momento que imaginei e vi que outras pessoas na mesma situação sofrem, verdadeiramente, com frases impensadas. Não abstrair, rir alto, e tocar pra frente, como eu faço, pode causar danos irreversíveis a um paciente com câncer.

Minha sugestão para lidar com alguém em tratamento é: faça elogios sinceros. Converse fiado, banalidades, de preferência às gargalhadas. Não faça muitas perguntas, pode ter certeza que o que for ouvir sobre a doença da boca dele é um texto decorado e repetido mil vezes. Beije, abrace, demonstre seu carinho, o câncer não é contagioso, mas seu carinho será contagiante. Seja gentil.

Prezar pelos aspectos psicológicos, emocionais e sociais do paciente, é parte importantíssima do tratamento, arriscaria dizer, crucial. Vejo como pessoas psicologicamente abaladas perdem facilmente para a doença. Preciso lembrar a todos que existe vida além do câncer. Ninguém vive a doença 100% do seu dia.

Eu sinto dor de barriga se bebo leite, fico p.. da vida se o pneu do carro amanhece baixo, se furam a fila no mercado, passam no sinal vermelho ou simplesmente acordo de pá virada. Chegam boletos e faturas a pagar como antes do diagnóstico. As contas vencem.

No período de tratamento já dei e tomei toco, saí para dançar, fui paquerada, paquerei, beijei na boca, tive borboletas no estômago e outras coisas não vou falar porque minha mãe pode estar lendo... Ou seja, eu vivo! Normal e plenamente. Como deve ser.

Sempre que falo da doença nos posts, dou nome: Câncer. Não me importo falar sobre o assunto, ao contrário, penso que desmistificar a doença salvará vidas. As pessoas precisam entender que a prevenção aumenta a chance de cura. Homens e mulheres. Posso ajudar muita gente com minha experiência e quero. Vale a exposição. Vale muito!

E entendi que a forma que encaro tudo isso tem sensibilizado as pessoas na forma de ver a vida. E como fui influenciada depois da leitura de um livro, acho que posso influenciar tantas outras, passando isso para frente.
Na ocasião do diagnóstico, uma amiga de longa data se manifestou. Carina Cury. Ela que lutou ao lado da mãe, me ensinou muuuita coisa. E apesar de admira-la desde sempre, senti a transformação que isso lhe causou. (Cat, vc ocupa um lugar especial na minha história e coração.)

Carina me emprestou um livro que se tornou meu guia de batalha. Com ele entendi que atitudes “Anticâncer” (é o título) salvam, curam. Essas atitudes consistem em usar os mecanismos de autodefesa, que todos temos, para bloquear a produção de células malignas. O que a pesquisa do autor Servan-Schreiber, que combateu um tumor cerebral tem de inovadora é dar aos nossos próprios mecanismos de defesa o papel central na luta contra a doença. "Eis o que aprendi: se todos temos células cancerosas dentro de nós, temos também um corpo preparado para frustrar o processo de formação de tumores. Compete a cada um de nós utilizá-lo".

Então, acredito realmente que quem está passando pela experiência de ter câncer pode ajudar no processo todo, e quem tem alguém nessa situação tem o dever de ser gentil com as palavras.

Força, foco e fé para quem está na luta, e a mesma receita para quem não está, mas com altas doses de bom senso.
O baile segue!

*O livro: Anticâncer - Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais\David Servan-Schreiber/Editora Fontanar

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