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Comportamento

Ana sorri de felicidade, quando lembra que teve 2ª chance na mesa de cirurgia

Thailla Torres | 17/10/2016 06:38
O sorriso é pela nova vida que Ana teve ao passar por uma cirurgia delicada. (Foto: Fernando Antunes)
O sorriso é pela nova vida que Ana teve ao passar por uma cirurgia delicada. (Foto: Fernando Antunes)

Ana Carolina Trevisan Grando tem 32 anos e comemora há três meses um renascimento. O dia 12 de julho será sempre a data da segunda chance, depois de descobrir uma doença na cabeça, enfrentar cirurgia delicada e ficar uma semana em coma.

É mais uma daquelas histórias que reforçam a esperança nos momentos de maior adversidade e também apontam como sempre há bons efeitos em tudo que parece só ter aspectos ruins. 

A cirurgia e o risco de ter partido provocaram, claro, transformações. "Comecei a refletir muito sobre tudo o que aconteceu na minha vida, sobre a minha família e sobre como continuar seguir o meu caminho. Quando a gente passa um desafio como esse, a gente replaneja aquilo que pode estar dando errado. Meu pai também quase não me ligava, se aproximou, falou que foi um sofrimento estar ali refletindo sobre a minha volta, foi uma mudança em mim e na minha família”.

No início das dores, o problema não parecia sério. “Eu sentia apenas dores de cabeça, que as vezes eram mais fortes. Como eu já usava óculos imaginei que a dor era por conta da visão e pretendia ir ao oftalmologista”, diz sobre os momentos que antecederam a descoberta da doença que a levou à mesa cirúrgica.

Mas logo que as dores se tornaram frequentes, por incentivo do marido Rodrigo Grando, Ana decidiu ir ao neurologista. “O médico pediu algo detalhado, mas nunca imaginava que teria algo tão grave. Pela experiência de trabalho eu já imaginava que tivesse alguma coisa assim que abri o exame. Veio o resultado: malformação da artéria venosa, senti um susto e fiquei ainda mais ansiosa”, conta.

Quem olha a alegria de Ana, nem imagina os momentos difíceis. (Foto: Fernando Antunes)
Quem olha a alegria de Ana, nem imagina os momentos difíceis. (Foto: Fernando Antunes)

Sem nunca passado por uma cirurgia na vida, de um lado veio o medo, do outro, a coragem que ela nem maginava ter. “Tinha em mente uma cirurgia tranquila. Pensava que para o neurocirurgião seria simples. Então, não pensava no pior apesar de saber dos riscos”.

A experiência como assistente social em um hospital da Cidade, trouxe para Ana a força, quando o diagnóstico colocou ela do outro lado da história. "A gente sempre pensa que o paciente é impaciente, mas não é. Quando na verdade só ele sabe o que está sentindo. Assim que eu soube de tudo, eu tive a intuição que eu já estava sendo preparada para aquilo, mesmo diante do medo", conta. 

Antes da cirurgia, os médicos relataram os riscos e explicaram as opções de tratamento. "O risco de ter uma malformação é ter um AVC a qualquer momento da minha vida e eu não queria esperar para isso acontecer. A gente tinha a opção da embolização e também da radioterapia, mas as chances do resultado não eram 100%", detalha. 

Após a primeira e única embolização (técnica de injetar numa artéria material capaz de obstruí-la completamente), veio a notícia que a cirurgia seria necessária, naquele momento Ana decidiu ir em frente e abriu mão dos cabelos ainda no hospital. "De certa forma, me senti preparada. Os médicos me alertaram dos riscos, eu poderia sair da cirurgia sem os movimentos ou com alguma sequela. Raspei um pedaço da cabeça e cortei o restante do cabelo curtinho. Estava confiante e tentei não imaginar o que viria pela frente.", conta. 

Ela escolheu fazer a cirurgia em Presidente Prudente (SP), onde mora a família. No dia 12 de julho entrou para o centro cirúrgico. "Apesar da confiança, estava muita ansiosa. Os médicos conversaram comigo, tomei uma medicação para descansar e apaguei. Não vi e não me recordo de nada da operação". 

Durante o procedimento, Ana teve uma hemorragia, correu risco de vida e ficou em coma induzido por 7 dias. A previsão dos médicos era de apenas dois.

Rodrigo e Ana felizes comemorando cada dia de recuperação. (Foto: Arquivo Pessoal)
Rodrigo e Ana felizes comemorando cada dia de recuperação. (Foto: Arquivo Pessoal)

O que ele se lembra, ao acordar do coma, é de ver o marido e a família ao seu redor, sem saber onde estava e com dificuldades para movimentar os braços e os pés. "Quando eu acordei, eu não imaginava que tivesse tido uma hemorragia. Na verdade, para mim é como se eu estivesse sonhando o tempo todo, só não consigo lembrar o que era. Não senti nenhuma dor e foi como se eu ainda não tivesse feito nada", descreve.

Quando a família descreveu os momentos de angústia a espera de Ana acordar, vieram as lágrimas de emoção. "Naquele momento eu tive a noção de uma segunda chance. Cheguei a me questionar por que aquilo tinha acontecido comigo, mas tive a resposta que fui escolhida por Deus para enfrentar esse desafio. 

Uma semana depois de acordar, recebeu alta e ouviu dos médicos que a recuperação seria de até 6 meses. Ana retornou ao médico superando todas as expectativas. "É uma cirurgia delicada, precisa de uma recuperação tranquila e eu acredito que pela minha calma, voltei bem graças a Deus", conta.

Cheia de energia, no último dia 12 comemorou três meses de recuperação. "Minha recuperação foi muito rápida, voltei à minha vida normal, fazendo tudo no meu ritmo e a cada mês que passa, eu não vou me esquecer da nova vida que eu tenho", comemora. 

Com olhos cheios, lembra com amor do marido que lhe deu a certeza que tudo daria certo. "Eu falo com emoção porque ele esteve ao meu lado o tempo todo. Sem ele e a minha família, acho que nada disso seria fácil. Agora é um momento de sorrir, seguir em frente, comemorar a segunda chance", declara.

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